Cap 1

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Abro os olhos ao mesmo tempo que levo a mão para de baixo do travesseiro. Sinto o gelado da arma e estabilizo a respiração.

Ouço outro estrondo no andar de baixo e aperto os dedos ao redor da arma. Sentindo o ritmo cardíaco acelerado. Saio da cama devagar, não me permitindo fazer qualquer barulho. Fecho os olhos tentando afastar a sensação ruim que habita em meu peito.

Saio dos meu devaneios ao ouvir o som de vidro se quebrar, seguido por um grito estridente.

- Chloé

Sussurro e sinto minhas mãos levemente trêmulas.

Minha irmã...minha irmã não, por favor-peço mentalmente

Começo a andar em direção à porta do quarto e abro xingando mentalmente ao ouvir o som irritante da porta se abrindo.

Paro de perder tempo e saio, ainda sem fazer barulho, assim como foi ensinado, e desço as escadas.

Paro de súbito ao dar de frente com um homem alto, moreno e cheio de tatuagens. Sem dar tempo para ele reagir levanto a arma e disparo diretamente no seu rosto.

- porra!

Digo assim que é ouvido o baque surdo do corpo cair na escada. Desço mais rápido e ouço outro grito. Sigo nessa mesma direção pensando somente em matar quem quer que tenha tido a coragem de entrar em minha casa.

Viro um último corredor e estanco no lugar.

Olho para frente sem conseguir acreditar no que estou vendo.

- Chloé

Falo sentindo o desespero me atingir, e fazendo todos os pares de olhos da sala virarem em minha direção.

- ora ora ora

Escuto a voz grossa masculina e direciono minha arma para o homem.

Em seguida todas as armas são apontadas para mim.

- não atirem!

O mesmo homem diz, agora sem diversão. Olho mais atentamente para ele. Cabelos castanhos mas com partes já grisalhas, olhos da mesma cor do cabelo, e marcas de expressões no rosto.

- o que você quer porra

Falo sem paciência. Sei que não tenho nenhuma chance contra esses...passo os olhos pela sala e faço uma contagem rápida. 8 homens armados, contando com esse que está a minha frente com a arma apontada para cabeça de minha irmã enquanto ela chora silenciosamente. Aperto a arma na mão me sentindo um lixo por não conseguir fazer nada.

Desvio os olhos de Chloé ao ouvir a risada do velho.

- é engraçado não é?

Olho para ele franzindo as sobrancelhas

- que porra é engraçado seu filho da puta

Vejo-o arquear as sobrancelhas e abrir um sorriso escroto.

- bem que disseram que você era arisca

Fico calada.

- deixe-me me apresentar senhorita. Sou Giuseppe Tíçan

Sorri de lado ao ver a expressão assustada que tenho certeza que está presente em meu rosto.

- que bom. Pela sua reação posso considerar que já ouviu falar de mim

Desvio os olhos rapidamente para Chloé e vejo que já estava olhando para mim. Olho para o tal Giuseppe sentindo a raiva finalmente atravessar minhas veias. Dou um passo a frente e paro na mesma hora vendo os homens colocarem o dedo no gatilho.

- o que você quer Tíçan?

Pergunto entredentes e vejo-o sorrir para mim

- não vai demorar muito para você descobrir minha cara

A primeira coisa que ouço depois disso é o barulho de uma arma sendo disparada. Em seguida o grito de minha irmã. Arregalo os olhos e olho para ela vendo-o gritar sem parar, mas não há sangue.

Sinto a queimação em meu abdômen e solto um gemido baixo. Sinto fraqueza nos braços e deixo a arma cair no chão, logo antes de eu mesma cair de joelhos.

Levo os olhos para baixo e vejo uma mancha vermelha crescer cada vez mais. Coloco minhas mãos ali e aperto sentindo uma dor insuportável. Sinto gosto de sangue em minha boca e tusso vendo o sangue espirrar por ali e cair no chão

Continuo ouvindo gritos, só que agora distantes.

Levanto a cabeça e percebo que o velho se aproximou. Levanto mais ainda e dou de cara com um rosto sorridente.

Pelo canto do olho vejo os outros homens puxarem minha irmã para fora de casa e tento me levantar. O que só faz com que um grito horrível saia da minha boca e mais sangue ainda encharcar meus dedos.

Ouço uma risada sarcástica e olho para Giuseppe de novo.

Sinto a mão pesada em meu ombro e gemo de dor.

- achei que você seria mais divertida menina

Sinto os olhos revirarem por trás das pálpebras enquanto minha visão escurece.

A mesma mão me dá um empurrão forte fazendo com que bata as costas e a cabeça no chão. Sinto algumas lágrimas quentes escorrerem pelas bochechas.

Eu não fui forte, não fui boa o bastante. Eu vou morrer e sabe-se lá o que irão fazer com Chloé. Minha irmã. Fecho os olhos sentindo como se tivesse um caminhão em cima do meu peito

Abro os olhos ao ouvir a voz de Tíçan mais uma vez

- adeus Amare

Vejo-o dando as costas e saindo atrás dos homens que arrastam minha irmã pelo piso. Fico olhando a cena sem conseguir fazer nada e choro mais ainda.

Sinto as pálpebras pesarem e fecho os olhos ao mesmo tempo que puxo uma longa lufada de ar

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