Assim que chego na casa dos meus pais, vejo minha mãe na porta, pelo olhar dela percebo que ela está nos esperando a um bom tempo. Desde que fui morar com Paulo, ela e meu pai vivem assim, carentes de atenção. Meu Deus, são só alguns quarteirões.
Valentina: Oi mãe! - Eu digo abraçando ela
Mônica: Oi meu bebezão. - Ela retribui o abraço com um aperto forte
Paulo: Oi sogrinho - Ele diz dando beijinhos estalados nas bochechas do meu pai
Danilo: Comeu carne de palhaço? Tá engraçadinho né - Ele fita Paulo com os olhos e todos nós rimos.
Desde que comecei a namorar Paulo, meu pai meio que mudou um pouco. A amizade entre eles não é mais a mesma, acho que ele não suporta saber que seu amigo anda beijando a filhinha dele... e um pouco mais.
Mônica: Entrem - Diz abrindo os braços em direção a porta. - Por que demoraram tanto?
Valentina: A santinha chegou e ficamos conversando
Danilo: Santinha? Quem é essa?
Valentina: Pai, é a babá de Paulo. Lembra? A gente contou isso pra você, o sr até brincou com ele dizendo que parecia um bebê que ainda precisava de babá
Ele pausa por alguns segundos, como se estivesse calmamente processando tudo que eu disse bem devagar. A alguns meses meu pai anda muito estranho. Anda esquecendo tudo. Já falei com minha mãe mas ela disse que não é nada, que é só cansaço de trabalho.
Paulo: Tá ficando velho, em? Esquecendo as coisas. Coisa de gente velha. - Ele diz dando tapinhas no braço do meu pai
Danilo: Ah, deixa de falar besteira. Vamo em uma partida de futebol no PS5 e eu te mostro o velho.
Mônica: De novo? Paulo, eu detestei esse presente que você deu ao meu marido. Passa horas nesse treco.
Eu olho para eles dois rindo. Parecem dois adolescentes jogando videogame e decidindo quem é o melhor.
Sem me dar conta, sou tirada de meus devaneios.
Mônica: Então filha, quando vão casar? - Ela pergunta com um olhar curioso
Meus pais e eu fizemos um acordo, depois que eu fosse de maior e terminasse o ensino médio eu poderia ir morar com o Paulo. Desde que nos casássemos em breve. Eu só não pensei que o "em breve" pro Paulo demoraria 4 anos.
Valentina: Logo mãe. Paulo tá passando por um momento dificil com a familia dele...
Mônica: Familia essa que a gente nunca conheceu - Ele diz dando de ombros
Valentina: Mãe, a questão aqui não é essa
Mônica: Então me diz qual é, por favor.
Eu a olho fixamente. Sempre que venho aqui ela sempre tem algo a dizer sobre meu relacionamento com Paulo. As vezes eu só queria que ela me apoiasse 100% nas decições que eu tomo. Tentando fugir do assunto "Meu relacionamento" Eu começo a lembrar a grande noticia que ela tinha pra nos contar
Valentina: Então, o que você tinha pra nos dizer? Pelo telefone a sra disse que era uma grande noticia.
Mônica: E é, mas vamos primeiro comer e depois eu conto, ela pode esperar
Eu acho que até já sei qual é essa grande noticia. A alguns meses atrás escutei meus pais conversando pelo telefone com outra pessoa, ouvi que eles pensavam em se aposentar e deixar o hospital sobre os cuidados de um conhecido em que eles confiavam cegamente. Eu pra ser sincera não faço a mínima idéia de quem seja. Meus pais nunca foram de sair para festas, restaurantes ou socializar. Eu pensei que talvez fosse um amigo que eles conheceram enquanto trabalhavam.
Valentina: Tá, e o que é o rango?
Mônica: Seu prato favorito. Bife com purê de batata.
Valentina: Meu deus! Mãe, você é magnifica. Pra ficar melhor só mesmo se a sobremessa fosse...
Eu nem termino e ela já abre o forno me mostrando a torta de maçã. Não existe sobremessa melhor.
Valentina: Mãe... fomos feitas uma para outra. - Eu digo a beijando na bochecha e ela retribui da mesma forma.
Mônica: Será que você pode ir chamar aqueles dois? Parecem ocupados demais para ouvirem a um chamado a distância
Valentina: Claro, só espero não ser ignorada como da última vez.
Enquanto me encaminho para sala, local onde está rolando uma grande batalha entre genro e sogro, vejo que em cima da mesinha que fica na entrada da casa tem uma pilha de documentos, que parecem ser exames, pela forma do envelope que está muito cheio. Apesar de ser extremamente curiosa, resolvo não olhar, até por que, se forem realmente exames podem ser de rotina. Mamãe e papai por serem médicos sempre se cuidaram muito, e de mim também, antes era todo mês vários exames diferentes para excluir possibilidades de doenças desconhecidas. Graças a Deus nós nunca tivemos nada.
Valentina: Senhores, vocês poderiam por favor se digirir para a sala de jantar?
Como eu já imaginava, eu fui completamente ignorada.
Valentina: Ei! - Bato palmas - Estou falando com vocês
Os dois se assustam e respondem juntos me olhando rapidamente - O que?
Valentina: Comida, vamos - Digo puxando Paulo do sofá
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Livro II - Uma aluna maluca e um professor safado
RomanceA vida de Paulo e Valentina estava indo bem, mas fantasmas, traumas e amores do passado resolveram voltar para acabar com toda a calmaria das suas vidas. Intrigas, traições, brigas e falsidades irão tornar a vida deles um completo inferno. O amor de...