Natasha's Daughter

-cinco segundos

Existem 15 ligações perdidas.

Provavelmente o meu pai, mas não sei se vou atender, talvez tenha alguma da Trixie querendo saber onde eu estou,logo depois ela me manda mensagem.

Trixie : sua estranha onde você se meteu??
Trixie: é serio Nikole onde você tá? A professora ta perguntando de você...

—Diz que eu passei mal e meu pai me buscou, fala que foi alergia, crise alérgica. Que eu comi pimenta.

Trixx: Niko para de sair assim do nada! Mais tarde vou na sua casa.

—Ok.

Trixx:Ok.

Banner me ligou, eu não queria atender mas acabei atendendo por que sei o quanto ele se preocupa comigo. Nem conversamos tanto, perguntei pra ele se eu podia ir pra casa, expliquei que entrei em pânico e fiquei sem ar, ele disse que devia ter pedido a bombinha também.

Cheguei no meu prédio,era um prédio normal, com pessoas normais que seguiam a vida de um jeito normal, com um pouco de exceção do meu pai que parece um brócolis ambulante.

—Oi senhora Mattis, bom dia...

—Bom dia, Niko.- Ela me olhou de cima a baixo- Está tudo bem? Não havia me dito que iria no Museu da Arte hoje?

—Passei mal...

—Já está um pouco melhor?

—Até que sim... Tenho um pouco de dor de cabeça, mas um remédio resolve.

—Toma esse chocolate aqui...-Ela foi pondo a mão na sacola.

—Não Ellen, não precisa...

—Cala a boca e pega, quando chegar toma um banho e faz um chocolate bem quentinho, depois você quebra e joga os pedaços dentro viu.- Tentei recusar mas foi como não fazer nada.

—Obrigada Ellen...- respondi com um sorriso

Ellen é minha vizinha cuidou de mim quando fiquei doente, logo após vir morar com o Bruce. Era pra eu ter ido morar com o Clint, mas eu pedi para continuar na cidade, houve umas conversas e logo depois eu estava com o Banner, acabei ficando muito doente e fui diagnosticada com depressão. Bruce ia em todos os recitais, apresentações, ensaios de violino e aulas de pintura.
Se dependesse dele ele iria até hoje.

Entrei e vi o Bruce na cozinha, o cheiro parecia bom, dei um "oi" pra ele e o mesmo retribuiu o comprimento e me disse para conversarmos depois.
Fui para o meu quarto e tirei a roupa, fiquei na frente do espelho apenas com a roupa íntima. Analisei todas as minhas inseguranças e fui pro banho.
Vesti meu pijama e fui até a cozinha de novo. Já estava pronta a comida, macarrão com quatro queijos.

—Ah, ai está ela...-  disse me olhando com as sobrancelhas arqueadas.

—Mas você já tinha me visto.- disse abrindo a geladeira e pegando o suco.

—Não, não você, a minha blusa que você roubou. Não acredito que pegou logo essa Nikole- ele respondeu me fitando e depois riu- Escuta, a gente tem que conversar...—sempre assim, ele sempre faz uma piada antes de falar sobre algo sério.

—Tem haver com a pessoa que levou meu cachecol?- Questionei me virando para ele.

—Quer falar sobre isso agora ou depois de comer?- Bruce me questionou.

—Mata logo o elefante na sala.— disse sentando no sofá e esquecendo do suco na bancada.

Nos sentamos no sofá e ele começou a me enrolar, a contornar o assunto, detesto quando ele faz isso.
Pedi que parasse de dar voltas e falasse logo. Ele respirou fundo, olhou nos meus olhos e disse:

—Sua mãe quer te ver.

—Minha mãe morreu.

—Nikole ela...

—Não e não! Não sei o que diabo você ou outra pessoa fez, mas aquilo não é minha mãe...

—Niko... Sei que você sofreu muito com a perda da sua mãe, sei que isso ainda te machuca...- Ele disse pondo a mão no meu ombro. - Mas eu juro por tudo, eu te prometo, ela é a sua mãe.

Sentei no chão e, sinceramente? Desabei,  saem tantas lágrimas que eu começo até a soluçar,não que eu não queira minha mãe, mas é que eu já passei por tanta coisa que da até pra escrever um poema nas linhas do meu braço.
Eu amo minha mãe, mas não sei se consigo aceitar isso sem uma boa explicação, preciso de uma resposta concreta e que seja coerente o possível para me fazer entender e acreditar.

Não é só pela minha mãe é também pela falta que ela fez, por todas as minhas apresentações de balé que ela não foi mais, recitais de violino, peças de teatro, os campeonatos de judô; as noites que eu esperei ela voltar, os domingos que eu passei sem ir jogar moedas da sorte na falsa fonte da juventude da rua 15, das noites sem tranças novas nos cabelos, ou até mesmo dos dias de chuva onde nós apenas ficávamos assistindo filmes...

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