Baile de Máscaras

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Todo ano era sempre a mesma coisa.

No aniversário da Empresa em que ela trabalhava, sempre tinha uma grande festa temática. Esse ano não seria diferente, o diferencial era o tema: Baile de Máscaras.

Ela não era muito fã desses eventos. Esse seria o quarto ano em que participava. Entrou na empresa logo que saiu da faculdade aos 21 anos. Dera o seu melhor e no último ano conquistara uma diretoria, mesmo sendo muito nova. Conquistara o respeito de muitos e a inveja de outros tantos, mas não se importava. Sabia da qualidade do seu trabalho e do talento e do amor com que o desempenhava.

Todas as filiais estariam presentes, seriam muitas pessoas reunidas no mesmo espaço. Rostos conhecidos e desconhecidos. Como ela era parte da diretoria da empresa, teria que ir e fazer seu papel. Depois, com sorte, sairia como dizem "à francesa". Afinal, apenas o CEO tinha o dever de circular e adular por boa parte da noite.

Sentia-se muito bem num vestido longo preto. Seus cabelos estavam soltos em cascatas e uma máscara dourada que moldava sua face. Um estilo muito diferente do seu dia-a-dia, onde sempre procurava usar modelitos sóbrios, discretos e mantinha seus cabelos presos em coques.

Passava o olho pelo salão quando o viu novamente. 

Moreno, alto, porte atlético e olhos de um azul vibrante. Não era alguém que ela achava conhecer, afinal nunca perdera tempo reparando em ninguém, muito menos com tamanho magnetismo. Mas seu jeito intenso de olhar, a forma de andar, o tom da voz, tudo lhe era familiar.

Ele, como a grande maioria dos homens dali, estava com um smoking muito bem cortado. Mas se destacava dos outros pelo porte, pelo magnetismo e por estar com máscara branca. 

Encarava ela  de longe, a comia com os olhos e a prendia com seu magnetismo. E assim transcorreu boa parte da festa. 

Devia ser um dos grandes, pois ele estava cercado por homens e mulheres que pareciam colocá-lo num pedestal. Ela ao contrário, buscava o sossego e a solidão reclusa no jardim. Ela o observava de longe e seus olhos sempre se encontravam. 

Cansada do jogo, por fim... ela decidiu partir.

Caminhava pelo imenso corredor do salão, com destino a entrada em busca do local onde guardara seu carro. 

Inesperadamente, ele bloqueou seu caminho e a puxou para si. 

O corpo sólido dele fazia com que ela desejasse tocá-lo instantaneamente, sem impedimentos, mesmo sendo pega de surpresa. Até aquele momento ninguém a fizera sentir assim e ela não acreditava que o toque de qualquer homem pudesse provocar tal sensação. 

Ela hesitou por um breve momento, longo o suficiente para ele se aproximar e fazê-la acompanha-lo a um canto próximo, com um gesto dominador. 

Num impulso, ela ergueu o rosto e o beijou, mas ele permaneceu imóvel, somente a olhando. Ela tentou aprofundar o beijo, mas ele continuava sem reação. 

Sem saber como seguir beijando-o sem ser correspondida, numa última tentativa, ela se deixou levar pelo instinto. Fechando os olhos, suavizou o contato nos lábios e colocou as mãos sobre os ombros dele, notando que ele estava tenso, mas reagia ao contato. 

Quando buscou outra vez aprofundar o beijo, ele entreabriu os lábios ligeiramente, murmurando um som grave e profundo. Excitação e medo tomaram conta dela. 

O que aconteceria se fossem flagrados? Como ela explicaria? E por que diabos estava tão excitada com um total desconhecido? Porém suas indagações logo perderam a força. Não iria  pensar no que poderia acontecer, queria que acontecesse. 

Ele ainda não se entregara totalmente à carícia, mas também não a rejeitava e aquilo a incomodava. Ele não a beijava, mas aceitava ser beijado. Confiante, ela entrelaçou os braços atrás de seu pescoço e ao tocá-lo na nuca com os dedos nus, sentiu que o momento exato em ele se rendeu. Finalmente abriu a boca, permitindo que sua língua o invadisse. As línguas se encontraram numa carícia morna e úmida. Abraçando-a, ele a empurrou de leve e a encostou contra uma porta, enquanto a beijava com ardor e possessividade. Dominada por aquele homem enorme, ela sentia o desejo crescer a cada segundo.

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