Capítulo Único

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Último ano do ensino médio

Os rabiscos haviam tomado forma, algo banal acabou se formando: olhos brilhantes; um sorriso de orelha a orelha e o contorno do cabelo bagunçado. Essas poucas coisas já deixavam claro quem era a pessoa, e quando tentei fechar o caderno, uma mão cheia de anéis puxou de minha mesa.

— Ora, senhorita apaixonada, tome cuidado para que a pessoa desenhada não veja essa obra. — Suspirei aliviada, graças aos céus é minha melhor amiga, Ino.

A loira sentou à mesa em minha frente, os olhos claros me observavam com diversão e o sorriso ladino mostrava que em sua cabeça, está preparando algo perverso.

— Escreva uma carta pra ele. Aproveita que é Páscoa, e dá um chocolatinho pra ele.

— O quê? Está doida?! — Balancei a cabeça em negação, nem em sonhos eu faria tal coisa.

— Por que não? Você gosta dele; é linda, mesmo não achando; o que falta em você é coragem e para isso, eu estou aqui. — Meu estômago revira e sinto uns calafrios, Ino não vai tirar essa ideia da cabeça por nada. — Me dê uma resposta convincente. Anda, quero ouvir.

Observei os alunos chegando — vários estavam animados pelo feriado que virá, porém isso é amanhã, hoje ainda temos aulas a manhã toda.

Os pensamentos vêm e vão, Ino tem o poder de colocar coisas em minha cabeça. O diabinho ria sentado em meu ombro enquanto o anjinho balançava a cabeça, os cabelos iguais aos meus balançando em negação.

"Faça isso, escreva a carta. Ino está certa, o que pode dar errado?" — disse o diabinho espetando um dedo na ponta do tridente.

"Não, é melhor se manter na zona segura." — rebateu o anjinho.

"Até quando vai se manter nessa?" — retrucou o diabinho, os lábios vermelhos sangue repuxaram um sorriso.

"Hinata, tem forma melhor para confessar seus sentimentos!" — implorou o alado, ignorando o outro.

"Pense Hinata. Com a carta, você não vai levar um fora, pois se ele não responder, não respondeu. E se ele responder…"

Pude ver na expressão do diabo, cujo rosto era o meu, que estava tendo a mesma ideia.

Eu pensei em o que de pior poderia acontecer, afinal eu apenas descreveria o que sinto em um papel e não tremeria ou gaguejaria ao falar, isso sim seria constrangedor; acabei por seguir o conselho de fazer a carta para Naruto e dei o meu melhor para expressar o que sinto por ele, confesso que foi difícil já que Ino ficava me encarando e gesticulando coisas ridículas enquanto eu fazia o rascunho, mas eu consegui terminar e esperei o intervalo para deixar a carta no seu armário.

Eu nunca pensei que ficaria tão nervosa em deixar um pedaço de papel em um armário, mas estava. Meu coração batia escandalosamente em meu peito enquanto eu esperava na sala junto com Ino que insistia em me encher e provocar.

— É hoje que a Hinatinha vai beijar até cair a boca! — Ela falava alto e mesmo só tendo nós duas na sala, tive medo de alguém ouvir.

— Ino pelo amor de Kami, fala baixo! — Escondia minha cabeça atrás do livro de pré-cálculo. — Alguém pode ouvir e sem falar que o Naruto ler a carta não quer dizer que ele vai querer algo comigo — suspirei.

No fundo eu queria que ele me correspondesse, mas ainda mais profundo em mim sentia que seria melhor eu não ter mandado a carta.

É péssimo ser tímida e pior ainda ser ansiosa já que a essa altura, faltando poucos minutos pro término do intervalo eu já havia amassado minha saia de tanto que a apertava para secar o suor de minhas mãos.

Amargamente doce (MinaHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora