Orgulho (capítulo único)

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Eu poderia escrever um textão aqui falando sobre como eu literalmente chorei (de dor, de raiva, de ódio) assistindo ao último capítulo da novela e sobre como esse foi o queerbait mais cruel que eu acompanhei em 24 anos de vida, mas não vou. Prefiro deixar vocês com essa história e dizer somente que, em vários momentos, enquanto eu escrevia, eu chorei, mas de uma emoção boa. Espero que eu faça alguns de vocês soltarem pelo menos uma lagriminha porque eu adoro fazer isso com meus leitores, rs. Feliz mês do orgulho, mas orgulhem-se de quem vocês são todos os dias e reivindiquem sempre o nosso direito de existir, seja na ficção ou na vida real ❤


   Paula desceu do primeiro bondinho que, em dias normais, levava incontáveis turistas ao morro da Urca com um sorriso no rosto. Atravessou grande parte do mirante a passos largos e confiantes. Aquele não era um dia normal. Naquele dia ensolaradíssimo, uma das atrações turísticas mais estonteantes da cidade do Rio de Janeiro estava fechada para visitação. A Terrare-Wöllinger estava utilizando o local para uma sessão de fotos para a campanha de sua próxima linha de produtos de maquiagem: Terrare-Wöllinger: Orgulho, cujo lema era todas as cores, para todos os corpos e todos os amores. Carmem havia idealizado quase tudo sozinha, sob a justificativa de que deveria haver cada vez mais marcas preocupadas em apoiar a luta da comunidade LGBT. Assim que a loira terminara de apresentar a sua sugestão, quase três meses atrás, todos na sala de reunião a haviam aplaudido e Paula fora quem puxara a salva de palmas. Estava efetivamente muito orgulhosa dela e de sua brilhante ideia. Seria a primeira campanha que lançariam desde que haviam fundido as empresas.

   A morena, por sua vez, tivera a igualmente brilhante ideia de convidar ninguém mais, ninguém menos do que Pabllo Vittar para estrelar essa campanha. A drag queen aceitara de imediato e, agora, quase no começo do mês de junho, o mês internacional do orgulho LGBT, Paula aproximava-se cautelosamente dela e dos demais modelos, pessoas das mais variadas orientações sexuais, cores e identidades de gênero, vestidas cada uma com roupas de uma cor do arco-íris, enquanto o fotógrafo terminava de fotografá-los.

- Acho que temos, pessoal - avisou ele.

   Tanto a equipe técnica que estava ao redor quanto os modelos aplaudiram. Paula também o fez, com um sorriso aberto. Pabllo olhou diretamente em seus olhos, refletindo seu grande sorriso, e deu uma corridinha até ela. Estava deslumbrante em seu vestido laranja esvoaçante e com sua longa e impecável peruca loira ondulada.

- Patroa! - cantarolou Pabllo daquele seu jeitinho característico e abraçou Paula como se fossem amigas de longa data - Espero que cê goste do resultado. Muito obrigada pela oportunidade, viu? Isso aqui vai ser de uma importância enorme.

- Que é isso, garota?! Eu é que tenho que te agradecer! Imagina, a drag queen mais famosa do Brasil e do mundo fazendo uma campanha com a nossa humilde Terrare-Wöllinger!

   Pabllo riu.

- Tá bom. Vou fingir que acredito nessa sua falsa modéstia, Paula Terrare, o que há de melhor ponto com.

   As duas trocaram mais algumas risadas e abraçaram-se novamente. Depois de dar uma olhada em algumas das fotos tiradas com aquela magnífica paisagem de fundo, Paula tirou algumas outras entre os modelos. Por fim, agradeceu a eles e à equipe pelo belo trabalho.

- E a outra patroa? - perguntou-lhe Pabllo, com um braço apoiado em seus ombros - A sua cara-metade, Carmem Wöllinger?

- Ah, ela tá arrumando as malas - contou a morena inocente e despretensiosamente. - Nós vamos passar umas feriazinhas na Europa. Mas ela te mandou um beijo.

   A drag queen arregalou um pouco os olhos.

- Vocês duas? Na Europa? Sozinhas? Eita, mulher! Será que vem aí?

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⏰ Última atualização: Jun 05, 2022 ⏰

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