Juro que estava cansada de tudo e todos.
Bastou uma faísca para assim meu barril de pólvoras explodir.
O Brasil já não me excitava como antes, foi aí então que resolvi por deixar tudo para trás.
Só precisei estar dando um upgrade no meu inglês.
Embarquei no primeiro voô para Los Angeles com escala em Seattle.
Não se quanto tempo perdi naquele país de cores vibrantes, mas eu tinha essa sina de ir em busca do novo, de expandir meus horizontes e encontrar meu destino.
Eu havia até perdido as esperanças de um dia encontrá-lo, mas sim, haviam razões proeminentes para eu ter escolhido Los Angeles.
Primeiro: Cidade dos anjos é a cidade das oportunidades.
Segundo: É lá que está Beverly Hills, onde um dia espero poder morar.
Terceiro: É lá que ele está. Não me pergunte quem, não me pergunte o quê, nem mesmo o porquê.
Eu sempre tive um sonho, se tudo passasse a dar errado na minha vida eu me tornaria uma renomada escritora, ou uma cozinheira de mão cheia, entretanto, estou em Los Angeles - embora esteja residindo em um apartamento no quinto andar de um prédio por pouco caindo os pedaços, sem muitas opções de móveis.
E foram assim que as coisas começaram, a partir daí fui progredindo aos poucos.
Graças aos cursos grátis que a santa internet oferecia durante minha adolescência, pude conseguir trabalho em uma farmácias 24hrs. Aos finais de semana para não perder a chance de reembolsar uma boa grana, passei a ser garçonete em um bar.
Sorte a minha não ter com quem dividir apartamento, embora as despesas caíssem todas sobre mim no final do mês - no entanto, decidi que comeria sempre no caminho para o trabalho, assim não teria que cozinhar em casa, pois há quem agente o processo: usar, sujar e lavar toda louça.
A medicina sempre me encheu os olhos, mas as condições financeiras de minha família nunca ajudou muito, então acabei optando por enfermagem - é uma profissão honrada como qualquer outra.
Mas eu nunca estive pronta psicologicamente ou fisicamente para atuar em um hospital de verdade, preferi me esconder atrás de um balcão de uma farmácia - sempre foi mais fácil manipular um medicamento indiretamente.
Mas eu sabia que um dia iria chegar o instante em que eu precisaria pisar em um pronto atendimento e mostrar serviço.
Esse dia ainda não chegou.
Me sento na sacada do prédio, como todos os dias habituais, ainda espero o momento em que a marquize desse lugar vá cair sobre as cabeças das pessoas que passam lá embaixo.
Los Angeles é deslumbrante ao anoitecer e ao amanhecer.
O sol queimando o horizonte além dos edifícios sinuosos, vislumbra os olhares encantados.
Eu acertei em cheio quando escolhi esse lugar.
Às vezes ainda me sinto um tanto quanto deslocada nessa cidade, mas logo pego o embalo do trem.
Vir sozinha foi o ponta pé mais certeiro que já dei em toda minha vida.
Minha única companhia física nesse momento é Loki. O gato siamês da vizinha de porta, Adelaide. - Uma senhora dentro de seus 80 e poucos, que carrega em sua cabeça lindas e macias madeixas brancas como algodão.
Ela me lembra a minha avó, o vazio da ausência dela me apunhala no peito de tal maneira brusca que é impossível evitar o choro - Já fazem míseros cinco anos que ela partiu, embora eu sinta sua presença a meu redor sempre.
Mas eu não estou o tempo todo sozinha, fiz algumas amizades ao decorrer dos meses em que aqui cheguei.
Madeleine, a loira libertina de 23 anos e
Edgar, outro libertino de 27 anos - ambos irmãos.Os dois passam boa parte do tempo me alucinando as ideias.
Os conheci casualmente no bar, em uma das deveras noites em que apareceram por lá.
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Don't Fear The Truth
SachbücherA justiça tardou e chegou, embora em tese tenha falhado