Capítulo 4 - Briana

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Desci da lata-velha de Vitório e peguei a minha mochila no banco de trás. Respirei fundo e senti o ar puro entrar nos meus pulmões, limpando todo o dióxido de carbono emitido pelo carro. Ficar dentro daquela banheira por muito tempo podia ser muito perigoso para a saúde. Que outros metais pesados aquela coisa podia expelir? Aquilo era um perigo para a humanidade. Que saudade da minha Ferrari...

No entanto, meu alívio durou pouco. Olhei ao redor e me dei conta de onde estávamos. Aquilo era o subúrbio de Alvorada? Eu estava completamente perdida, já que nunca pisei naquela parte da cidade.

— Em que bairro estamos? – perguntei a Vitório que deu a volta no carro e veio para o meu lado.

— Nova Esperanza.

Ai. Meu. Deus.

— Estamos no subúrbio.

— Sim.

Isso não estava acontecendo. Como foi que Briana Romano veio acabar no subúrbio de Alvorada? Acordei em uma mansão e vim parar no bairro mais pobre da cidade, "casada" com um troglodita e procurada por gente perigosa. O que eu fiz para merecer isso?

Olhei para a rua que não via asfalto há muito tempo. Nem meio-fio tinha. Que lugar arcaico era aquele? O poste na beira da rua tinha um emaranhado de fios. Será que era o famoso "gato"?

— Vamos. – Vitório disse e apontou para a casa humilde na nossa frente.

Tinha um muro simples e um portão de grades de ferro, igual uma cela de prisão. A casa parecia ser minúscula, mas era feita de alvenaria. Nada tinha cor. Tudo estava no cimento e o muro tinha até uma pichação. Engoli em seco. Isso não estava acontecendo.

— Essa é a casa da sua família? – perguntei a Vitório, sem me mexer do lugar.

— Sim. Minha mãe, meus irmãos, minha cunhada e minha sobrinha moram aqui.

— São muitas pessoas para uma casa tão pequena. – olhei novamente para a construção na nossa frente.

Senti o olhar de Vitório em mim, mas não retribuí.

— Nem todos tem o privilégio de morar em uma mansão, princesa. – ele rebateu.

De novo ele me chamando assim! Vitório estava conseguindo me deixar irritada e parecia se divertir com isso.

— Eu sei!

— Você não sabe de nada, garota. Vamos.

Cruzei os braços na frente do peito.

— Não quero. Me leva para outro lugar.

Vitório ficou de frente para mim e me encarou irritado. Ótimo. Éramos dois irritados agora.

— Não tenho outro lugar para te levar. Se você quiser alguma segurança vai ficar aqui comigo e me obedecer, ok?

Que raiva! Obedecer Vitório e estar presa nessa situação era o cúmulo!

No entanto, Vitório era quem poderia me esclarecer mais sobre a confusão que meu pai se meteu. Se meu pai fosse procurar alguém para entrar em contato, com certeza seria Vitório. Eu precisava ficar perto daquele troglodita, se quisesse notícias do meu pai e saber mais sobre a confusão que ele se meteu.

Assenti para ele. Vitório acenou para eu ir em frente e eu fui. Ele puxou um molho de chaves do bolso e abriu o portão que parecia o de uma cela de presídio. Ajeitei o mochila que carregava em um ombro, mas ela foi retirada de mim. Olhei para trás e Vitório fechou o portão, colocando a mochila no próprio ombro.

Ele olhou para mim e disse:

— Estou apenas sendo gentil com a minha esposa.

— Nos seus sonhos. – rebati com um sorriso doce.

Casamento fake - *AMOSTRA*Onde histórias criam vida. Descubra agora