Eu trajava o uniforme bege rosado – a marca registrada da cafetaria –, a típica bandana da mesma cor amarrada por cima dos fios de cabelo loiros da minha franja – que insistia em querer cair vez ou outra – e a bandeja de metal vazia embaixo do meu braço. Estava com um lado do fone de ouvido conectado no meu iphone em meu ouvido. Tocava Come Undone, da banda inglesa Duran Duran, baixinho, parte da minha playlist de Músicas Curtidas do Spotify.
— Me veja dois muffins de banana. Por gentileza.
— É pra já. – respondi assentindo e escrevendo o pedido no meu pequeno bloco de anotações — O senhor deseja mais alguma coisa?
— Não, não. Só isso mesmo. — assenti mais uma vez, me afastando do homem – já com alguns fios de cabelos grisalhos aparente – quase beirando os seus 40 anos de idade.
Fui até o balcão, onde haviam todos os acompanhamentos que a cafeteria oferecia, e encontrei Ryota colocando pães franceses, que acabaram de sair do forno, lá. Ryota Suzui é japonês e veio para Coréia do Sul quando tinha apenas 10 anos de idade. Na época, ele não sabia sequer falar um 'oi' em coreano e teve muita dificuldade em se comunicar com as pessoas daqui.
Atualmente, ele tem 17 anos e trabalha na cafeteria comigo para arcar com as despesas do tratamento de sua mãe, que sofre de leucemia.
— Pode pegar dois muffins de banana para mim? — eu perguntei, colocando a bandeja sobre o balcão.
— Claro que sim, noona. — ele responde rapidamente, já se abaixando — Aqui está. — ele diz colocando-os na bandeja.
Eu peguei a bandeja e agradeci com a cabeça à Ryota, antes de me dirigir novamente à mesa – não muito grande – de computadores, onde o homem que fizera o pedido estava sentado.
— Aqui está, senhor. — eu disse gentilmente enquanto colocava o prato com os muffins ao seu lado.
— Obrigado. — ele responde sem fazer contato visual por estar concentrado demais no que estava trabalhando.
E assim seguiu-se a manhã; atendendo inúmeros clientes, anotando pedidos e mais pedidos, limpando mesas e dentre outras coisas, como sempre faço rotineiramente.
— Já vai, noona? — Ryota me perguntou enquanto eu lhe entregava o restante da gorjeta que ficara em cima da mesa do último cliente.
— Uhum. — respondi retirando meu fone de meus ouvidos — Você fecha tudo?
— Com certeza. — ele fez uma pausa para se abaixar e pegar um bolinho, em seguida, colocá-lo em uma embalagem da cafeteria — Para o seu pai. — eu sorri agradecida, recolhendo a sacola — Diga à ele que lhe desejei melhoras.
– Pode deixar, eu direi.
Como já havia colocado as cadeiras sob as mesas e feito todo meu trabalho, me dirigi até a saída da Coffee from Seoul. Acenei mais uma vez para Ryota antes de atravessar a rua. Peguei meus fones, mais uma vez, e segui para o supermercado para poder, então, ir para casa. Coloquei West End Kids de Emma Louise para tocar em uma altura meio termo, enquanto caminhava até o estabelecimento.
Chegando lá, não demorei muito. Afinal, só fui comprar detergentes, alguns alimentos que estavam faltando e algumas besteiras que Alice gosta de comer após as refeições. Andei por mais alguns minutos antes de finalmente chegar em meu apartamento, que ficava localizado em uma área suburbana de Seoul. Tirei a chave da minha bolsa e coloquei-a na fechadura da porta para destrancá-la.
Assim que pisei dentro de casa, Alice pulou para cima de mim com a sua animação que contagia qualquer um.
— Chae! Vem! Vamos logo! Já vai começar o sorteio anual para a Escola de Princesas! Você chegou bem na hora! — ela disse enquanto me puxava para dentro de casa.

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Making a Princess | Chaennie
Teen FictionEm um mundo onde todas as cidades, os estados e os países são governados por monarquias e não por repúblicas, a Escola de Princesas, localizada em Seoul - KOR, é mundialmente conhecida por formar princesas e damas reais. Sucessoras de todas as parte...