Cap 20

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Eu já estava a quilômetros longe daquele lugar, e a raiva ainda queimava em meu peito com uma furia sem igual. Se eu tivesse uma arma em minhas mãos agora, nesse exato momento, eu só conseguiria afirmar que, quem estivesse no meu caminho deveria tomar muito, muito cuidado. Eu não era muito boa em relação a esse sentimento, em especial. Depois de um tempo para cá, minhas crises de raivas se tornaram mais constantes, porém nada que eu não pudesse controlar com boas respiradas profundas e longos minutos sozinhas. Porém isso tudo foi por água abaixo está noite, e eu não sei explicar. Talvez fosse a bebida alcoólica que serviu como combustível para meu sistema irracional, e só aumentou o ego dentro de mim, deixando assim o superego amarrado dentro do meu conciente. Assim não haveria luta, não haveria pensamentos que tentariam me convencer a ficar e tentar mudar meu comportamento. Mas eu não resisti, e a vontade estridente de respirar um ar em que aquela mulher não estivesse foi mais forte do que eu poderia suportar.

Corri pelas ruas da cidade iluminada com meu carro. Eu não sabia para onde ir, não sabia para onde me esconder e tentar acalmar toda aquela raiva dentro de mim. Estacionei o carro assim que vi o visor do meu celular brilhar constantemente.

- Mas que porra aconteceu Macarena ? Aonde você se enfiou ? Estou te procurando a um tempão. - Saray gritava do outro lado da linha.

- Não se preocupe comigo, só não estou bem para continuar essa noite. Volte a se divertir - Digo indiferente, minha voz encharcada de frieza.

- Me diga pelo menos a onde você está para que eu possa ter a certeza de que está bem... - Fala depois de um tempo. Ela sabia que eu não estava bem.

- A caminho de casa. Não se preocupe, não vou a lugar nenhum, só preciso descansar.

- Podia ter avisado antes, loira. Fiquei preocupada - Ela nota meu silêncio do outro lado - Te vejo em breve. Se cuida, e é melhor você chegar viva em casa, me manda mensagem..

- Boa noite, Saray.

Digo encerrando a ligação. O som alto de música denunciava que a mesma ainda estava dentro da mansão. Voltei a dirigir com pressa para minha casa. Quando cheguei retirei meus saltos e fui até a cozinha, peguei uma maçã e mordi. Eu estava com fome. Me sentei na bancada da cozinha e me permite fechar os olhos. Mesmo respirando calmamente, eu sabia que ainda estava ali. A raiva, ela ainda estava ali, presente em cada célula de meu corpo, em cada corrente sanguínea que circulava minha pele.

Mordi os lábios e saltei dali. Fui para a sala e liguei a caixa de som, iniciando a minha playlist. Não estava alto, mais considerávelmente bom para que o ambiente fosse preenchido pelas melodias que se espalhavam na camada sonora. Deitei no sofá macio e espaçoso, e fechei meus olhos, não demorou nenhum segundo e minha mente viajou para aqueles malditos olhos negros.

" Não se preocupe Rúbia, Não é como se eu não soubesse dessas coisas "

Como ela conseguia ser tão convencida ?
Apenas sendo, Zulema Zahir era o próprio ego inflado em pessoa. E como se  minhas reações fossem seu alimento, ela se satisfazia comigo. Canalha, safada, pervertida...
Olha quem fala, a mulher cujo o nome não vou citar mais que a alguns dias atrás, se acariciou no chuveiro pensando na pervertida. Droga ! Não posso falar
mal de alguém se eu agi completamente pior.
Afinal de contas, eu a ignorava, a rejeitava, esnobava, afastava ( ou tentava ), fazia exatamente de tudo para manter seus olhos, suas mãos, seu corpo, seu cheiro, sua áurea para longe de mim, mas mesmo fazendo isso tudo, também era a mesma pessoa que ia lá e se masturbava pensando na pessoa ao qual buscava manter distância.

A raiva preencheu apenas mais um pedaço de meu ser, ao notar que eu estava confusa, e eu odiava aquilo, a sensação de estar confusa. Sem que eu notasse minhas mãos passearam por meu corpo, e pararam em um ponto em específico. Quando me lembrei de seus olhos me despindo em todo momento, quando me recordei de seu sorriso no canto da boca de forma arrogante.
Não consegui evitar que um suspiro auto saísse de meus lábios. Mais então me lembrei de seus olhos na direção da morena de pele branca. Em como a outra se esforçava para ter sua atenção e havia conseguido no último segundo. Em como fiquei a mercê do tédio e do candelabro para me servir de vela naquele lugar.  Em plena vida adulta, eu jamais me permitiria servir de tocha humana em uma mesa, sendo que todas estavam envolvidas em assuntos e eu ali, parada solitária.

Aperto com força meu sexo, fazendo com que um gemido abafado escapasse de minha garganta. Eu precisava me aliviar de toda aquela tensão, e eu estava sem tempo de procurar por alguma foda noturna disponível a está hora. E foi Ali que cometi mais um erro... Me permitir estar sensível a qualquer proposta de ter o que eu desejava.

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