A vida na cidade grande já não estava me fazendo tão bem assim, estava precisando de me mudar para um canto que fosse mais sossegado, que não tivesse tanta dor de cabeça logo de manhã que precisasse de sair com o carro e ir para meu emprego. Era apenas um farmacêutico que consegui vencer na vida montando uma rede de farmácias que se sustentava tranquilamente sem necessitar da sede ficar ajudando com recursos financeiros.
Entrei para meu escritório e ao sentar em minha cadeira equilibradamente macia, comecei minhas procuras por imóveis completamente afastados do centro, uma busca que demorou algumas longas horas noite a dentro, dei uma pausa e me levantei indo até a cozinha para preparar um jantar.
Nesses momentos alguns meses atrás, mais assertivamente seis meses, eu não precisaria estar aqui realizando tal feito, minha esposa se colava a disposição para fazer a janta, mesmo que as atividade fossem divididas, hoje não tenho mais comigo, meus dois filhos estão em outro país vivendo suas vidas sem muitas dificuldade. Terminado de preparar o jantar, coloquei em um prato um pouco e fui novamente para a frente do computador, retomar as buscas.
Por fim localizei uma pequena cabana não muito luxuosa, mas aconchegante o bastante para se acomodar e viver tranquilamente, a uma distância muito boa do centro, poderia muito bem vir a cidade para comprar alimentos, mas seria longe o bastante para que ninguém animasse a ir me visitar, até mesmo pela sua localização um tanto quanto complicada de se mapear. Ligação feita, contrato realizado e ela era minha.
Já fazem mais de seis anos que estou morando neste lugar, e a paz que sinto aqui não se iguala a nada que eu pudesse um dia ter imaginado em minha existência, já passei dos 50 anos de idade, não tenho mais o que ficar pensando quero apenas descansar e guiar de longe a empresa quando for de fato necessário, caso o contrário eu não preciso esforçar um centímetro de músculo para estar indo até o computador ou mesmo atender o telefone para atender algum pedido que é me feito pelos meus funcionários.
Como era de costume eu gostava bastante de caminhar ao cair da tarde, o frescor daquele horário que soprava em meio as árvores trazia um clima agradavelmente satisfatório para uma atividade física.
Aproveitei que a própria natureza já havia deixado por ali alguns caminhos de terra sem vegetação sinuosamente naturais, passando por lugares que eu havia memorizado levemente, não era assim também alguém com uma memória em perfeito estado, mas conseguiria me nortear de forma não exaustiva para qual direção eu deveria seguir se caso quisesse voltar para a cabana, independentemente de onde eu viesse estar. A caminhada estava muito tranquila, partes com subidas mais pegadas e outras não tanto assim para dar um alívio para as pernas, com mais áreas planas o que favorecia uma longa e despretensiosa caminhada que além de estar me fazendo muito bem, também me proporcionava uma vista incrível do lugar.
Quando já retornava, um tanto quanto, cansado, eu pude me deparar com um som que não havia percebido antes em meio as árvores. Era como um uivado misturado com um gemido, não era tão claro para um quanto para outro, mas sim um meio termo, que independente do que fosse me fez arrepiar a espinha, que a muito tempo não sentia ela dar sinais que estava por ali, mesmo eu sabendo que ela existia. Continuei a caminhada regressa, tentando relevar a cena que acabara de vivenciar.
Adentrei meu atual lar e fui tratar de tomar um banho quente, pois começava, a partir daquela noite, data presente, o inverno, e por morar em uma localidade muito natural a temperatura ali abaixava significativamente, havia aprendido com os anos anteriores que não podia brincar com a mãe natureza.
Ao final do banho deixo o banheiro tranquilamente, a única coisa que havia de estranho era que um círculo quase que perfeito, meio oval não havia embaçado na estreita janela que ficava oposta a entrada do banheiro logo acima do chuveiro. Não me importei e fui para o quarto.

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Uma Alma Acorrentada
Mistério / SuspensePara quem procura novos ares eu te indico que não vá para muito longe da civilização, pode precisar de ajuda e não terá ninguém por perto para te salvar!