o hospital

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Começando sem ordem porque o capítulo anterior eu falei sobre sua partida, e nas cartas eu não quero ordem, quero o que vem de dentro de mim. Vó, se eu pudesse te falar como meu coração estava esperançoso mesmo sabendo da sua doença grave seguindo o seu rumo natural. Eu tinha sim esperança após cada conversa com médico. Conversei a 1⁰ vez com um médico e ele não me deu nenhuma esperança, conversei duas vezes com a mesma medica que ela além de não me dar nenhuma esperança me noticiou com seu quadro que era mais grave que antes, olha foi difícil.
O sofrimento era único e só meu e eu mostrava apenas com meu coração batendo forte e sentindo a cada dia um dia a menos pra você.
A forma como me relaciono com o universo fazia com que meus pensamentos tivessem uma luz no fim do túnel e tudo pudesse mudar da noite pro dia, porque eu tenho fé e eu busco sentindo na existência. Todos os alarmes de um dia de sol lindo, um borboleta em cima de mim me fazia acreditar que você iria sim sair dali. Eu fico só imaginando os médicos falando pra você que iria dar tudo certo e ali você já sabia que tava dando tudo errado.
Na primeira visita eu não aguentei ficar 5 minutos te olhando, sai correndo e chorando muito, na segunda visita eu consegui te olhar e batemos um papo com libras que a gente nem sabia falar, né ?! Aposto que agora você riu.
E na terceira visita meu avô foi te ver ele entrou e saiu muito rápido, não conseguiu ficar,
Eu pedi o segurança se eu podia ficar lá com você o resto da visita, e consegui.
Na hora que entrei seu coração estava 120 e você respirando com muita força, eu bati no vidro várias vezes pra você conseguir me ver, e finalmente você olhou e me viu, eu abri um sorriso mexi minhas mãos e falei
- calma, respira, calma!
Seu coração foi ficando tranquilo e voltando ao normal. Ali nós conseguimos um papo mais ou menos de libras porque você já estava com um outro respirador, mas mesmo assim você levantou o braço e me mostrou que estava toda roxa.
" Mariana olha isso, pô"
-eu olhei e falei - ué.. e ali você riu.
Eu consegui escrever no vidro eu te amo
E fiz um coração com minhas mãos
Você retribuiu com meia mão porque estava cheia de fios. E chegou o segurança, pois é acabou a visita. Eu falei um tchau com coração apertado e disse novamente que te amava.
Nos despedimos ali, mesmo sem eu acreditar sem aceitar, porque eu teria novamente minha visita na segunda-feira dia 30/06/22 as 15h.
E infelizmente não pude te ver porque você morreu dia 30 as 7:40 da manhã.
Meu mundo desabou e eu só chorava porque era o meu dia da visita e eu iria te passar milhares de energias positivas e mandar um beijo e um abraço do Bernardo.
Era hora de ter controle emocional e cuidar de tudo pra você. Não foi como merecia porque essa doença não permitiu, mas foi de coração.
Vó, como você faz falta! Todos os dias eu lembro de cada detalhe da nossa despedida.
Não é um Adeus, é um até breve.
Fica bem daí que eu fico daqui.
Termino essa carta com uma frase que você falava pra me imitar ( Sem data para não virar passado) te amo!

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