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Mesmo que me destrua por completo

Não posso mais suportar viver neste mundo sem você.

Jimin secou as lágrimas que escorriam por seu rosto. Taehyung quis pedir para que ele se afastasse, mas seu toque era confortante demais para que ele conseguisse se fingir de forte em frente a ele.

— Ele nunca vai parar, Jimin. — fungou, suas costas ardiam onde seu pai havia desferido vários golpes contra aquela criança indefesa. — Só fica pior.

— Taehyung, deixa minha governanta cuidar dessas feridas.

Ele negou com a cabeça. Havia fugido escondido para a casa do amigo com a intenção de que ninguém mais descobrisse sobre aquilo.

— Você não sabe o que pode acontecer se alguém não limpar esses machucados.

— Eu não quero... Ela... E se meu pai fizer alguma coisa com ela, porque ela me ajudou?

— E se ele fizer alguma coisa comigo? — devolveu a pergunta e os olhos de Taehyung se arregalaram por completo. Ele se levantou rapidamente do chão.

— Você tem razão! Eu não devia ter vindo aqui! — se preparou para fugir de maneira esgueirada novamente, Jimin se apressou em levantar e segurar seus braços.

— Ele não vai fazer nada! — disse, encarando seus olhos, tentando confortá-lo. — Foi isso que eu quis dizer. Ele não sabe que você tá aqui.

Taehyung fungou novamente e tentou respirar fundo, apenas para que mais lágrimas viessem aos seus olhos.

— Eu tô com muito medo, Jimin. — disse com a voz trêmula, sentindo seu corpo desmoronar. Jimin mordeu os lábios, o encarando com um semblante triste. — E se ele fizer comigo a mesma coisa que ele fez com ela?

Os olhos de Jimin se tornaram marejados e ele passou as costas das mãos pelos olhos.

— Ele não vai. Você é o herdeiro, lembra?

Taehyung soluçou alto.

— Por que ela não podia ser? Ela devia estar aqui.

Jimin passou o polegar por sua bochecha novamente, lhe dizendo com a voz embargada:

— Eu sei. Não é justo.

As notas do piano soavam erradas. Fora de sintonia, fora da afinação, fora de ordem. Mas sua irmã as tocava exatamente como a partitura dizia, exatamente como sempre havia tocado. Talvez ele fosse o único ali fora do lugar. Olhou para a janela, pensativo. Não pertencia àquela família, não merecia o amor de sua mãe e irmã, e talvez por isso nunca tivesse recebido o de seu pai. Ele pediu licença às duas mulheres e se retirou da sala, pegando seu casaco na porta e saindo da casa. Seu corpo e alma não podiam aguentar mais nem um segundo lá dentro.

Taehyung se sentia culpado todos os dias por estar ali, de pé, respirando. Sua irmã mais velha não teve a mesma sorte, ela havia dado a vida para que ele estivesse ali, enfrentando a ira de seu pai em lugar. Ela havia se arriscado por um pecador como ele, sem nunca saber por quem havia morrido. Sujo, Taehyung se sentia sujo. Sentia sua falta todos os dias e nunca poderia agradecê-la, nunca poderia lhe pedir desculpas por não ter valido a pena. E agora, Jimin sabia seu segredo.

Se ele contasse a alguém, tudo aquilo iria pelo ralo. Todos os passos cuidadosos que ele tinha dado até ali graças a sua irmã teriam sido em vão.

Se a rocha que o sustentou durante sua infância o traísse agora, o que seria dele?