Capítulo 2

54 5 0
                                    

Com muito esforço fiz com que Alissa se sentasse na cama e Sara apareceu com o copo de água, a fiz tomar alguns goles de água e aos poucos ela foi se acalmando e voltando a si, Sara foi até a janela e rapidamente virou com um semblante confuso, estranhei a reação dela diante da cena, até mesmo Alissa voltou os olhos curiosos para ela,  Sara deu dois passos lentos na nossa direção sem mudar um ruga de seu rosto, cruzou os braços fazendo com que seus peitos quase saltassem pelo decote e perguntou:

-Onde ela está? Eu não estou vendo nada.

A repreendi com o olhar e disse:

-Será que dá pra você respeitar o fato de que Alissa ainda está assustada?

-Mas não há nada na água Cibele. - disse Sara teimosa - Cris está voltando.

Sara concluiu tomando o rumo da porta para encontrá-lo, Alissa permanecia em silêncio e observava tudo ao seu redor, levantei me e ainda de olho nela fui até a janela, o vidro embaçou devido a minha respiração ofegante e ao fixar meus olhos na água senti meu corpo estremecer, não havia nem mesmo resquícios daquela mulher, antes de virar me vi a silhueta de Cris sumindo na lateral da casa, voltei me para Alissa boquiaberta murmurando um "só pode ser brincadeira" praticamente incompreensível,  o sol já iluminava todo o quarto deixando os móveis com aspecto amarelados. Sentei me ao lado de Alissa, Cris adentrou no quarto com o olhar distante e disse:

- Ela sumiu, é impossível. Mas assim que eu cheguei na beira do lago para averiguar, ela não estava mais lá e o incrível é que não tem como ela ter boiado correnteza acima, ainda mais em tão pouco tempo. 

Nesse instante lembrei do riacho que passamos na vinda, o qual desaguava no lago e rapidamente criei uma teoria na minha cabeça, ao mesmo tempo fatos que refutavam essa teoria começaram a surgir, mas em meu peito a esperança de uma explicação logica surgiu e então eu falei:

-Ela deve ter vindo com a correnteza Cris.

-O riacho é cheio de pedras, - ele começou a apresentar os mesmos fatos que surgiram em minha mente para refutar minha teoria - não teria como o corpo boiar até aqui já que as pedras o impediriam. A não ser que houvesse uma cheia, porém o volume de chuvas na região não foi alto. - Ele finalizou racionalmente.

Cris era muito responsável e inteligente, totalmente o contrário dos meninos de sua idade, ele sempre tomava para si o compromisso de manter todos em segurança, um instinto paternal que claramente ele não herdou de seu pai. Era um cara firme, que não demonstrava fraqueza ou medo, sempre admirei isso nele e vez ou outra deixo me influenciar por seus pensamentos racionais como na noite anterior quando eu sabia perfeitamente que aquelas batidas no vidro da porta não eram apenas um animalzinho, a sincronicidade fez a dúvida surgiu porém me deixei influenciar por Cris mais uma vez.

-E se alguém tivesse trazido o corpo até aqui? - Alissa quebrou seu silencio, voltando o olhar para Cris, parecia estar mais calma - Criminosos tentando encobrir seus rastros?

Alissa claramente estava desconfortável, mantinha as mãos sobre suas coxas na vã tentativa de esquentar-se, vestia apenas seu pijama rosa de algodão o qual tinha a estampa de uma vaquinha na frente da camisa, seu cabelo preso no alto de sua cabeça em um coque mal feito que deixava um ou outro cachinho escapar. Ela fixou o olhar em Cris aguardando a resposta.

-Seria pouco provável eles fazerem isso em uma propriedade privada. - Refutou rapidamente Cris. - Mas o fato é que, não importa como aquele corpo chegou até aqui, acontece que ele sumiu em questão de segundos.

-E se as roupas dela enroscaram em algo que a fez afundar? - Sugeri.

-Teria que ser algo pesado para fazê-la afundar. - Alissa disse.

A Casa do LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora