Mundo insano, mente sã

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Jasper estava determinado. Mais do que isso, não tinha dúvida alguma sobre o que estava prestes a fazer. Seus passos, tão rápidos que o faziam parecer um fantasma em meio às árvores úmidas de Forks, eram pesados contra as pedras deixadas entre a relva densa.

Seu irmão, impulsivo como era, havia acabado de salvar a humana na frente de quase todos os alunos da escola.

Ah, quem dera se fosse apenas esse o problema.

A garota, obstinada como parecia ser, havia visto todo o ocorrido e estava convencida sobre o que viu: algo inumano, um adolescente atravessando o estacionamento da escola em menos de um segundo apenas para tirá-la da frente de uma van de quase duas toneladas.

A discussão em sua casa, onde todos os membros da família deixaram claras suas opiniões sobre o ocorrido, não havia servido de nada para Jasper. Faria o que fosse preciso para deixar Alice segura, para que os humanos não descobrissem seu segredo, para que a garota não abrisse a boca.

Jasper, que lutou muito para conquistar a família que tinha, não deixaria tudo se perder por uma humana.

As ameaças de Edward foram pouco convincentes perante os riscos que corriam. As visões que Alice afirmou ter, apesar de estremecerem um pouco a decisão de Jasper quanto matar ou não a garota, logo se findaram quando ele descobriu que o ponto final de Bella seria sempre o mesmo: a morte.

Se todas as visões de Alice seguiam o mesmo destino, a morte da humana, Jasper não estaria fazendo nada além de adiantar a fatalidade.

Não seria cruel, essa jamais havia sido sua intenção. Seria rápido e fácil, como apertar com a ponta dos dedos uma goma de massinha. Ela não sofreria, não correria o risco de ser morta à mordidas por seu irmão, o que lhe soava infinitamente mais doloroso.

Se ele tivesse sorte, ela poderia estar até mesmo dormindo. Quem sabe ela nem mesmo sentisse o momento de sua morte.

A desculpa estava pronta. No acidente do estacionamento, a garota poderia ter batido a cabeça com um pouco mais de força do que o esperado. Algo que nem mesmo as tomografias foram capazes de captar. Dessa forma, o xerife da cidade e pai da garota não teria a quem culpar, apenas a dor do luto.

Seria algo que faria por sua família, ele repetia em sua mente.

Seria um pequeno sacrifício humano em nome de um bem maior, algo que Alice, Esme e até mesmo Edward perdoariam futuramente, quando se dessem conta de sua preocupação e de suas motivações.

Tão fácil como respirar, foi seguir o rastro da garota. O cheiro de sangue humano adocicado, levemente mais chamativo do que o normal, misturado ao cheiro de monóxido de carbono liberado pela viatura de Charlie Swan, o guiaram até uma pequena e aconchegante casa branca no final de uma rodovia.

Jasper se pendurou em uma árvore e se concentrou nos sons que era capaz de ouvir. A viatura do xerife já não estava mais na frente da casa, sinal de que o pai da garota já havia voltado ao trabalho. Na casa mais próxima, a quase trezentos metros de distância, também não havia ninguém.

Seria apenas ele e a garota, então. Rápido, fácil, indolor.

Dentro da casa, um pequeno coração batia de forma regular.

Jasper sentiu sua garganta se fechando com a presença do veneno que inundou sua língua enquanto escutava as veias de Isabella Swan se dilatando e contraindo. Quando fechava os olhos, era capaz até mesmo de visualizar a forma como o sangue percorria seu corpo, secando e umedecendo a cada nova passagem.

Com muito mais determinação do que esperava precisar, Jasper prendeu a respiração. Não apenas isso, mas também cerrou os punhos e os dentes na intenção de manter-se focado em sua rápida missão.

Razão e Delírio - Bella & Jasper [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora