Capítulo 1

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Louisa Clark

Era uma manhã como outra qualquer. Meu despertador tocou, e a única coisa que eu queria era fingir que ainda estava desempregada. Esses quatro meses trabalhando na residência dos Traynor estavam acabando comigo, nunca havia conhecido alguém tão mau-humorado como Will. Eu entendia que sua condição não era das melhores, ficar preso aquela cadeira de rodas mudou drasticamente sua vida, mas isso não justificava o fato de me tratar tão mal. Às vezes acho que ele descontava suas frustrações nas pessoas próximas, e eu, era uma delas. Passar a maior parte do dia trancado naquela anexo comigo, certamente, era uma tortura. Algumas vezes sintia que Will me olhava como se quisesse me matar. Confesso que o único motivo de ainda permanecer naquela casa, era pelo salário, que inclusive, era muito bom. Ele era o pilar financeiro da minha casa. Papai não ganhava muito e mamãe ficava em casa cuidando do vovô, Kathina, minha irmã, também não tinha um bom salário, e ainda precisava cuidar de Thomas, meu sobrinho. Não consigo imaginar o que papai diria se eu me demitisse, ele ficaria furioso. Eu não podia deixar isso acontecer.

Me aprontei, vesti meu casaco branco de listras pretas, coloquei meu cachecol vermelho e minhas meias-calças amarelas que combinavam lindamente com minha saia de borboletas amarelas, fiz meu penteado preferido, dois pequenos coques atrás das orelhas, tomei café e me dirigi para mais um dia de trabalho.

Logo no momento em que entrei, senti um clima estranho no ar. A Sra. Traynor estava lá, de pé em frente a janela, com um olhar preocupado.

– Bom dia, Sra. Traynor! Aconteceu algo? – Perguntei, com medo da resposta.

– Bom dia, Srta. Clark. – Ela respondeu com uma voz tensa. – Os amigos de Will virão visitá-lo. – Seria melhor se você...

– Vou preparar um café ou chá e sumir de vista. Tenho muitas coisas para fazer.

– Sim, isso seria bom. Obrigada!

Naquele momento, entendi que aquela visita não seria muito agradável, aliás, desde que comecei a trabalhar como cuidadora do Will, ele nunca havia recebido visitas.

Preparei o café e fui pegar toras de madeira para colocar na lareira. Era um dia frio, então entrei rápido para levá-las para dentro. Pela porta entreaberta consegui ver que as visitas já haviam chegando. Era uma mulher loira, alta e extremamente bonita. Lembrei que havia uma foto dela em um porta retrato no quarto de Will. Era Alicia, sua ex-noiva. Ela estava acompanhada de um homem.

– Você parece bem. – disse a mulher para Will. – Você deixou o cabelo crescer.

– Realmente você não está nada mal. Cadeira nova, hein? – disse o homem, dando um tapinha nas costas de Will.

Will permanecia em silêncio, apenas os observando.

Conseguia sentir o clima tenso que se espalhava pela sala. Os dois estavam visivelmente nervosos. Tentavam disfarçar conversando sobre assuntos aleatórios, sobre os quais Will não tinha nenhum interesse.

Pela conversa pude perceber que o homem se tratava do melhor amigo e colega de trabalho de Will, Rupert.

– Então... – disse Will, já impaciente. – A que devo o prazer dessa visita?

Um silêncio pesado se espalhou.

– É... nós temos uma novidade. – disse Alicia, aparentemente nervosa. – Achei... quer dizer, nós achamos... que... você deveria saber... Rupert e eu vamos nos casar.

Fiquei paralisada, não acreditei no que estava acontecendo.

Alicia continuou falando:

– Sei que você deve estar surpreso. Foi uma surpresa pra gente também. Nós... isso... bem, só aconteceu muito depois que...

Quando você chegou...Where stories live. Discover now