mentiras

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Acordo com os primeiros raios de sol que batiam na janela em direção ao meu rosto, com a sensação boa de ter uma coberta extremamente quente e principalmente estar rodeado por seus braços em uma manhã fria de inverno.

Como todos os dias me viro observando de perto sua face serena q Insiste em continuar imóvel depois de horas de sono. Não consigo esconder o pequeno sorriso q formou em meus lábios ao reparar em cada detalhe que faz com que essa hora seja a minha parte favorita do dia.

Seu corpo ainda estava morno, talvez pela coberta ou até mesmo a junção de nossos corpos em um abraço em meio ao sono. Não escondo mais o sorriso que esboço em meu rosto, algo tão mínimo como o observar dormir me deixa tão bem que a única coisa que penso no momento é "eu o amo demais".

Como uma surpresa sou puxado para perto voltando a mesma posição de antes, só que agr rosto a rosto. Me sentia feliz, completo; sua pele era macia como algodão e a sensação de ter seus dedos passando por meu rosto ou ser rodeado por seus braços me contentam.

Observo seus olhos abrirem, um grande e imenso vazio os compõem, eram escuros como uma noite q não possuía estrelas ou uma alma antiga sem brilho. Mesmo que isso me destruísse por completo continuei sorrindo como um grande sortudo, pelo menos continuo ao seu lado.

O rosto continua sem alguma expressão como se fosse uma estátua de um renomado artista. Belo, porém imóvel e misterioso. Não conseguia o entender era como uma obra inacabada com o sentido perdido. Mas mesmo assim o sorriso não escapava do meu rosto, como uma máscara sufocante me obrigando a sentir, ou pelo menos fingir.

E pela primeira vez naquela manhã recebi um beijo. Não como os filmes românticos e grudentos, mas sim como filmes deprimentes, uma despedida melancólica.
O gosto doce e açucarado invadiu meu paladar matutino, como uma explosão energética em apenas um selar de lábios. E foi assim q o sorriso saiu do meu rosto como se tudo aquilo fosse algo fútil, uma enganação.
O gosto de seu beijo se tornou enjoativo, não por ser doce, pelo contrário, a ótima sensação foi embora deixando para trás o gosto amargo. Mesmo que agora me esforçasse para manter a terrível máscara, eu não conseguia.
E como um robô programado e perfeito, yeonjun se foi.
Na grande cama coberta por lençóis brancos restava apenas eu, como sempre sozinho.
Embora ainda estivesse coberto pela quentura do tecido grosso me sentia frio, sem a sua presença era como uma hipotermia. E agora eu realmente esperava que congelasse até morrer.

Reuni um pouco de coragem e levantei meu olhar até a porta, e lá estava ele, saindo sem ao menos trocar uma palavra.

Estava normal como sempre; sua calça jeans favorita, blusa da sua banda favorita, seus sapatos que pediam por ajuda de tanto tempo que já foram usados e por fim a aliança.
Sinto que tudo está perto de acabar, um anel caro não faz mas sentido para mim e principalmente usá-lo parece tão idiota? Como se a estética do romance importasse mais do que sensações.
E foi naquela hora que percebi que não importava quantas vezes ele me trouxesse presentes caros, oq eu queria era sua companhia.

Sentado na cama percebo e entendo tudo, eu me contento com muito pouco. Mesmo que ele esquecesse de mim tudo seria resolvido com apenas um presente idiota e carinho que fazia falta diariamente.
"Yeonjun que horas volta?" digitava já sentindo algumas lágrimas descendo do meu rosto como uma torneira.
"Tarde" uma resposta rápida, curta e agoniante.

E talvez eu seja apenas alguém insignificante, um parasita do amor ou um romântico perdido.

E sem escolha alguma me arrumo e vou direto para o trabalho.
Um caminho longo com direito a pensamentos estranhos sobre mim, nós. Segurava as lágrimas enquanto continuava minha caminhada solitária, sei q mesmo se estivesse em um crise ou morto dentro de casa, yeonjun não voltaria mais cedo.

E assim foi meu dia, tentando evitar conversas e esquecer do sorriso q sempre ficava estampado em meu rosto.

E ao chegar em casa não foi diferente, eram exatamente 18:30 e o quarto estava em completo silêncio, um vazio q me sufocava.
Deitei na cama como fiz de manhã, sentindo o calor do edredom tentando substituir o calor de seu corpo.
Era impossível me sentir completo, estava aquecido, mas meu interior continuava gelado, e eu sozinho.

Observava o tempo passar lentamente, uma experiência torturante. E foi quando senti meus olhos pesarem, dormi enquanto abraçava um travesseiro imaginando q fosse yeonjun me fazendo companhia.
 


Sinto algo encostar em meu ombro, continuei parado enquanto tentava novamente voltar a dormir esperando q o tempo passasse mais rápido.

-Kai? Acorda eu pedi pizza pra gente- ele voltou! Senti meu coração disparar e logo abri os olhos me espreguiçando ainda deitado.
Yeonjun me ajudou a levantar e logo quando encostei no chão senti uma forte tontura me atingir com tudo. Me desequilibrei como uma criança dando os primeiros passos.

- hyuka, você comeu alguma coisa hoje? - me perguntou preocupado, neguei automaticamente vendo sua expressão mudar- eu já te disse q não pode ficar um dia inteiro sem comer, quer ser internado de novo?- seu tom de voz mudou me assustando, suspirei e apoiei em seus braços tentando manter o equilíbrio.
Entre todos os dias estranhos q passei com yeonjun esse está sendo o mais intrigante, oq está acontecendo?

Ele está cheirando a perfume feminino.

Tento afastar todos os pensamentos que corroem minha mente, apenas me contento com o fato q meu namorado chegou cedo e passará um tempo comigo, nem que seja apenas uns minutos.

Estávamos sentados a mesa, a comida a minha frente não parecia agradável. Apenas em pesar em engolir aquilo senti meus estômago embrulhar.
Observava yeonjun comer enquanto mexia no celular com um sorriso estranho. Mordi um pedaço da pizza e afastei meu prato.

- j-jun- o nervosismo me abraçou fazendo seu nome sair cortado. -vou voltar a dormir, estou cansado- forcei um sorriso torto e levantei da cadeira. E pela segunda vez no dia nossos lábios se juntaram rapidamente.

O caminho curto para o quarto se tornou uma caminhada infinita, os pensamentos negativos me afundaram como um tsunami. Tudo estava acontecendo tão rápido e o cheiro feminino em suas roupas me deixaram inquieto.

Como uma ação programada entrei e tranquei a porta lentamente tentando fazer o mínimo de barulho possível.
Abri o armário de yeonjun observando três fracos de perfume caros. Abri um por um inalando o conteúdo tentando achar o cheiro q me perseguia. Não era nenhum deles.

E foi ali dentro do quarto trancado q meu mundo caiu, eu estava sendo enganado esse tempo todo.
Me assusto ao escutar fortes batidas na porta, levanto cambaleante e logo após destranca-la me deparo com yeonjun e um belo sorriso em seu rosto.
Segurei as lágrimas e forcei um sorriso, logo recebi um abraço e fui levado até a cama sendo forçado a me sentar no macio colchão.

-kai- prendi a respiração- me desculpa por te deixar sozinho, você sabe o trabalho está exigindo mt de mim- concordei sem dizer nenhuma palavra, estava muito concentrado em me manter estável.
Suas mãos seguraram meu rosto me obrigando a manter o contato visual, aquilo parecia tão errado.
-você me desculpa?- sem ao menos esperar uma resposta seus lábios se juntaram aos meus, como um beijo lento. As lágrimas finalmente caíram, minhas mão tremiam parecendo ter vida própria.

-Nao- o beijo foi separado rapidamente- oq adianta você me pedir desculpas se vai repetir esse erro?- sua expressão mudou e novamente fui pego por seu abraço.

-eu prometo q nunca mais vou fazer isso- É uma nova mentira. Mesmo sabendo q tudo se repetiria de novo eu acreditei, estava sem escolhas.

Uma onda de pensamentos invadiu minha mente, estou exausto. Yeonjun, me desculpe por não te deixar viver feliz com outro, eu juro q vou dar um jeito nisso, mesmo q eu precise sacrificar meu amor. Te ver feliz é a única coisa q importa agora.

me desculpe- yeonkaiOnde histórias criam vida. Descubra agora