Gritei, esperneei, reclamei, xinguei, bati em suas costas, fiz o maior escândalo que consegui fazer, mas ele não me soltou. Não até chegarmos à nossa cabana.
— Essa não é a forma mais sensata de me tratar depois do que você fez. — Cruzei meus braços com raiva, quando ele finalmente me colocou no chão.
— Eu não fiz nada, se você não quer acreditar, tudo bem, mas não vou deixar que destrua sua vida novamente pensando que fiz algo que não fiz. — Eu não sabia o que era pior: sua resignação ou seu cansaço.
— Você não negou quando perguntei se tinha a beijado, o que mais você quer que eu pense? — Perguntei sabendo que não conseguiria fugir daquela conversa.
Ele suspirou.
— Minha boca já esteve junto com a dela, mas eu não a beijei. — Bufei.
— Sua boca já esteve junto com a dela? — Gritei — Você percebe como isso parece idiota, Marcelo? É o que um traidor diria!
— Desde o primeiro dia de aula a Gabriela me transformou em sua fascinação particular e se jogava em meus braços sempre que tinha e não tinha a oportunidade. — Seus olhos brilharam de raiva e suas palavras se atropelaram — Eu sempre a evitei, mas isso pareceu ser apenas um combustível para ela. Como um desafio que se torna mais interessante a medida que se torna mais difícil. As coisas já estavam insuportáveis, quando eu descobri pela primeira vez sobre as festas que ela fazia no acampamento. — Ele riu e sabia que era de desgosto — Ela tinha aulas para se tornar alguém diferente, mas apenas piorava! As festas nunca foram realmente proibidas no acampamento, desde que seguissem uma ordem. Mas a Gabriela obviamente não segue ordem nenhuma. E eu era o seu professor. Era minha função reprimi-la, mas quando fui fazer isso, as coisas saíram do controle e ela me beijou.
— Saíram do controle? — A raiva me consumiu quando eu gritei e tudo que eu quis foi gritar cada vez mais alto, esgoelar na esperança da minha dor desaparecer — Como saíram do controle? Você não conseguiu resistir a ela?
— Claro que não! — Ele me olhou parecendo indignado, mas eu não sabia se deveria acreditar naquela indignação — Ela estava bêbada e me atacou e eu a empurrei. Ela me beijou, mas eu não a beijei. Nunca a beijaria, Alice!
— Por quê? Por que ela era sua aluna? — Perguntei sarcástica.
— Não, porque eu desprezo pessoas como a Gabriela. — Sua resposta me fez parar e tudo que consegui foi ficar em silêncio. Apesar de tudo, não esperava escutar aquilo saindo dele. — Desculpe, não era minha intenção dizer isso, mas é a verdade.
— Por que a manteve como sua aluna? — Fiz a única pergunta que conseguia no momento — Por que não a mandou embora?
— Não posso simplesmente abandonar um aluno por achá-lo difícil de mais. E... — Ele suspirou e passou a mão por seus cabelos. Naquele momento eu não sentia mais raiva, eu estava apenas... exausta. — Para falar a verdade, eu perdi o controle sobre a Gabriela. Permito que ela faça as festas, porque sei que assim ela me deixará em paz, sem se jogar em cima de mim. Permito que continue nas aulas, mas não tento realmente controlá-la. Ela sabe o que precisa melhorar e que tem que melhorar, mas não se importa. A única coisa que realmente faço é ensinar a ela de forma inferior, na esperança que perdendo alguma competição, ela fira o seu orgulho e adquira ao menos um pouco de humildade, que se torne uma pessoa melhor. Mas isso simplesmente não acontece.
— Se ao não interromper as festas você ficava livre dela... Agora quer dizer que ela voltará a lhe procurar. — Concluí o obvio e também a única coisa que me interessava. Porque a verdade era que eu não me importava com a Gabriela se tornar ou não uma pessoa melhor. No momento eu queria que ela desaparecesse para sempre.
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O Segredo da Rainha 2 - Qual o preço do recomeço?
Teen Fiction[ATENÇÃO] O LIVRO ESTÁ EM PROCESSO DE REVISÃO, REESCRITA E REESTRUTURAÇÃO, POR ISSO, OS CAPÍTULOS FORAM RETIRADOS SIGAM O MEU PERFIL PARA FICAREM SABENDO QUANDO OS CAPÍTULOS NOVOS SERÃO POSTADOS! ;) MAIS INFORMAÇÕES: LAURYALVES@OUTLOOK.COM ou LAURYA...