Pela Graça de Deus - D. A. Delafield

14. Ir Aonde Deus Mandar

"Em seguida, ouvi o Senhor dizer: - Quem é que Eu vou enviar? Quem será o nosso mensageiro? Então respondi: - Aqui estou eu. Envia-me a mim!" Isaías 6:8.

Quando eu era menino, aprendi a ir aonde me mandavam para dar recados, fazer compras etc., e gostava muito desse trabalho. Minha mãe, uma viúva (meu pai morrera num acidente de elevador quando eu tinha apenas cinco anos de idade) e toda nossa família de cinco pessoas provavelmente não teriam feito suas refeições com regularidade se eu não tivesse ido tantas vezes fazer compras.

"Artur", me dizia mamãe muitas vezes, "pegue esta lista e vá até à mercearia fazer compras. Vá depressa porque não posso preparar a refeição antes de você voltar."

E lá ia eu, apertando o dinheiro nas mãos e com a brisa a soprar pelo meu rosto. Mais de uma vez, quando estava jogando com meus companheiros num terreno baldio perto de casa, ela me chamava, dizendo:

- Artur, sinto muito, mas preciso que você traga algumas coisas para mim do armazém.

- Mas, mamãe - retrucava eu - está justamente na minha vez de jogar! Dá para esperar um pouquinho?

- Paciência, meu filho, mas preciso disto imediatamente! Vá logo, por favor.

Daí, muito pesaroso, largava o bastão, pegava a lista e o dinheiro, e ia fazer o que ela me mandava.

Por vezes, é preciso fazer até sacrifício para atender algumas ordens. No caso de Jesus, Ele veio a este mundo para Se desincumbir da mais pesada tarefa já confiada a alguém, e o caminho que teve de andar foi a enorme distância que separa o Céu da Terra. Um dia, quando veio a "plenitude do tempo", isto é, quando chegou o tempo determinado, Ele Se voltou para o Pai e disse: "Bem, chegou a hora de ir para o mundo, assumir a natureza humana, e de ficar longe do Céu durante um bom número de anos. Contudo, espero voltar desta missão depois de a ter completado inteiramente e quando, vitorioso, trouxer de volta comigo o pecador restabelecido na comunhão do Céu." Ver Gálatas 4:4.

Em seguida, com o coração muito triste, deixou o Pai, mas estava animado com a perspectiva de redimir um mundo cheio de pecadores perdidos. Enquanto os anjos choravam, nosso Salvador despediu-Se afetuosamente, e partiu para a luta, com a abençoada esperança de voltar com a vitória nas mãos.

Deus escolheu a virgem Maria para dar a carne humana ao Seu Filho e para cuidar dEle enquanto fosse pequeno e durante Sua juventude ágil e forte, até chegar à idade adulta e ser um homem de espírito nobre. Quando completou trinta anos, foi batizado por João Batista e, cheio do Espírito Santo, começou Seu ministério público que durou três anos e meio. Homens maus e invejosos da Sua bondade e vida piedosa, crucificaram-nO, e Ele Se deixou oferecer como o sacrifício divino necessário para a remissão dos nossos pecados. Enterraram-nO, mas a sepultura não O pôde segurar. Ressuscitando, proclamou Sua vitória sobre a morte, com a vibrante frase: "Eu sou a ressurreição e a vida." Quarenta dias mais tarde, vitorioso, ascendeu corporalmente para o Céu, completando a missão que Lhe custara a própria vida e, lá, recebeu as boas-vindas do Pai e dos santos anjos que O adoravam. O êxito fora total e, agora, estava de volta para junto do Pai, para ser nosso Salvador e fazer propiciação por nós no santuário celestial.

Foi dessa maneira que Jesus adquiriu o direito de ser o representante dos homens nas cortes celestiais, direito conquistado pela vitória obtida na luta contra o pecado. Num futuro próximo, Ele vai voltar vestido com Suas roupas de Rei, desta vez para arrancar das sepulturas os santos mortos e, juntamente com os vivos transformados, transladá-los para o Céu!

Como você pode ver, se Jesus não tivesse vindo ao mundo para cumprir Sua dolorosa missão de misericórdia, nós não teríamos um Salvador e nem teríamos quem pudesse perdoar nossos pecados. Nosso futuro seria tenebroso e não teríamos esperança alguma além da sepultura. Nossa salvação tornou-se possível porque Jesus Se dispôs a ir aonde Deus mandou!