Punição - Hannigram

Capítulo único

Notas da autora: Essa história tem alguns temas: Um personagem lgbt com mais de 40 anos, contendo personagens de uma série e que mostre um relacionamento entre dois homens. Todos fazem parte do desafio do #Orgulho2022

Contém spoilers da última temporada!!! Se passa após o episódio final da série e eu não recomendo a leitura para menores de 18 anos, pois demonstra um relacionamento bem perturbado (É hannigram, afinal de contas). Boa leitura e não deixe de favoritar!!

Ps: A música da história é Eyes on Fire.

~

I'll seek you out
Flay you alive
One more word and you won't survive
And I'm not scared
Of your stolen power
I see right through you any hour

I won't soothe your pain
I won't ease your strain

You'll be waiting in vain
I got nothing for you to gain

— Você é um mal perdedor, Lecter — Will anunciou ofegante, ele rolou para o lado, puxando os lençóis sobre seu corpo nu e suado. Hannibal fingiu entrar no jogo do Graham, onde, por mais que estivessem transando mais do que conversando, o moreno insistia em atacá-lo com palavras rudes e manias grosseiras.

— As possibilidades estavam contra você, foi apenas sorte — O mais velho disse devagar, sem estar verdadeiramente convencido com as afirmações que passavam pelos lábios de Will. Ele nunca havia perdido aquele jogo de predador e presa. Ele havia conquistado exatamente o lugar em que queria estar.

— E ainda sim eu te ganhei em seu próprio jogo —O Graham murmurou, olhando para a lareira em chamas. Fazer sexo selvagem no chão frio não parecia apropriado para um inverno como aquele, mas os dois homens pouco se importavam. A única coisa na mente de Will era continuar a provocar Hannibal, insistir em fazê-lo perder o controle de novo e de novo — Você me salvou, mesmo eu tendo nos condenado. Você me puxou da água, Hannibal, e me manteve ao seu lado. Está apaixonado por mim, mais do que eu estou por você. E você já não suporta me ver distante.

— Acredita mesmo nisso? — Hannibal Lecter perguntou com um sorriso presunçoso se formando em seu rosto. Desde que o homem havia aprendido qual era o jogo que Will estava jogando tão incansavelmente, ele se deleitava em instigar aquela fantasia criada pelo Graham. E nada funcionava tão bem quanto a verdade — Eu acredito que você só usa de palavras ásperas porque espera que eu te puna de alguma forma.

— Sexo não é uma punição — O Graham disparou, alongando o próprio corpo, sentindo o suor e a exaustão pelas horas que desperdiçaram com aquilo.

— Pode ser, quando você está lutando constantemente contra algo dentro de você — O mais velho sussurrou com os olhos vagando pelo corpo de Will, fazendo-o salivar pelo desejo de consumi-lo de mais de uma forma. A maneira como o moreno envolvia o corpo de Hannibal com as pernas quando estava dentro dele, ou o jeito como o Graham gemia inebriado a cada toque descuidado e até mesmo agressivo, em nada combinavam com as negativas de Will sobre não sentir nada por ele. O mais novo queria a sensação de ser somente sexo o que tinha com Hannibal, quando era óbvio que haviam sentimentos queimando dentro dele forte o suficiente para que ele não se importasse em seguir um assassino em série aonde quer que ele fosse — Eu diria, que não fui o único a perder nesse jogo.

— Eu não vou discutir isso — O Graham rebateu seco, se levantando do chão, caminhando para onde pudesse sentir a água escorrendo seu corpo e acalmando seus anseios de pertencer mais uma vez a Hannibal naquela noite.

Ao ligar o chuveiro, nos pensamentos mais puídos de Will, o Lecter o perseguia mais uma vez, prensava seu corpo contra os azulejos e o fodia enquanto o obrigava a repetir cada palavra que acabara de dizer.

O turbilhão de desejos em sua mente o fez rir da conclusão em que chegou.

Sexo não era a punição. Sua punição era amar Hannibal por trás de cada mentira que derramava por seus lábios.

I'm taking it slow
Feeding my flame
Shuffling the cards of your game
And just in time
In the right place
Suddenly I will play my ace

— Quanto tempo já faz? — Hannibal perguntou na manhã seguinte, percebendo a fúria de Will como um indício de que, daquela vez, era o mais novo quem estava prestes a perder o controle. A pergunta poderia ser sobre qualquer coisa: sobre a noite em que caíram do penhasco; sobre a última vez que viram outra pessoa além um do outro; até mesmo sobre a primeira noite de sexo, quando Will estava febril e desesperado para ter alguém dentro dele— Molly ainda está na sua cabeça ou é alguma outra coisa? — O Lecter provocou, arrancando uma risada debochada do moreno.

— Ciúmes não lhe cai bem, Hannibal — O Graham respondeu, olhando por cima do ombro para seu crime, júri e carrasco.

— Então é a fuga, nossa obsessão mútua ou nossos pecados que ocupam sua mente? — "É você. Você. Você. Você." o Graham completou mentalmente, se contentando em deixar que seu companheiro provasse do silêncio, enquanto ele próprio expirava com raiva.

Sabendo que não era hora de colocar outras cartas na mesa, Hannibal sorriu para si próprio e contemplou a bagunça que era Will.

Eyes on fire
Your spine is ablaze
Felling any foe with my gaze
And just in time
In the right place
Steadily emerging with grace

Durante toda a tarde, Hannibal assistiu ao Graham perder a sanidade pouco a pouco, se deliciando com a raiva que preencheu o peito do mais novo ao ir até ele pela primeira vez. O Lecter decidiu que gostava do jogo em que estavam, agora que já sabia perfeitamente como manipular as regras. Se era o mais velho quem deveria perder o controle, então ele puxaria Will até o limite, até que ele ansiasse tanto por Hannibal que não passasse de um brinquedo em suas mãos.

Por mais que percebesse cada intensão do Lecter, a sua fome por se unir a alguém naquela noite fez com que mais uma vez o Graham descobrisse outra forma de punição que o agradava: engolir cada palavra atravessada que disse ao mais velho enquanto ficava de joelhos para Hannibal, implorando por mais de sua atenção, por qualquer migalha que fizesse Will voltar ao seu paraíso infernal ao lado do homem que o enfeitiçara daquela forma.

E não importava o quanto jurasse, trêmulo, odiar o homem a sua frente; suspiros extasiados ainda acompanhavam cada toque.