Você já ouviu falar em backrooms? Sabe, aquelas salas que possuem vários níveis, sendo o mais conhecido o nível 0. Meu primeiro contato com eles foi quando Amélia disse algo como:" E se eles tiverem ido parar em outra realidade, tipo os backrooms?" enquanto tentávamos desvendar o desaparecimento repentino de algumas pessoas da nossa cidade. De primeira eu achei ridículo, mas depois que eu me aprofundei no assunto, meu queixo caiu. Era impossível, mas e se...?
Completamente estranho, eu sei. E quando eu me aprofundei nesse assunto, as coisas...saíram um pouco do esperado. Por mais que pareça loucura, eu juro que isso foi um acontecimento real. E bom, por questões de segurança, eu não irei me identificar, portanto me chame de...Sun. Espero que isso chegue nas pessoas certas, e não neles.
Enfim, vamos logo com isso. Tudo começou na casa na árvore do parque, ponto de encontro oficial meu e dos meus amigos.
ㅡLia, fiz aquela pesquisa que você pediu.ㅡFalei, olhando para os papéis em minhas mãos e depois para Amélia.
ㅡO que conseguiu?ㅡPerguntou ela, pegando os papéis e passando os olhos sobre eles. Amélia é a minha melhor amiga, ela sempre demonstra interesse nas coisas que eu falo, e de todos nós, ela é a mais responsável. Ela toca ukulele, e ama cozinhar e cantar.
ㅡToda essa coisa de backrooms é muito complexa, mas eu tentei explicar de uma forma clara. Bom, eu encontrei um relato interessante.
ㅡConta pra gente, Sun.ㅡManu pediu, se levantando do chão e olhando para os papéis nas mãos de Amélia. Manu é uma das minhas melhores amigas. Seu nome verdadeiro é Manuelly, porém prefere ser chamada de Manu. Ela é super incrível e fofa, sendo do tipo que é impossível de odiar. Seu passatempo é ler e desenhar, e ela possui as mechas ruivas mais lindas que eu já vi. É a melhor em fazer delineados, e sempre me ajuda nisso.
ㅡBeleza. O relato era de um amigo da pessoa que foi parar nos backrooms. Ele dizia que eles estavam fazendo uma filmagem quando o seu cameraman andou pra trás à pedidos de outro garoto que estava lá, e nisso ele tropeçou, caiu e simplesmente desapareceu.ㅡExpliquei. Aquele relato era meio triste, pois nenhum dos amigos da vítima teriam outras notícias dele.
ㅡEsse relato é bem sinistro...ㅡManu comentou.
ㅡManu como sempre bancando o gato assustado.ㅡDisse Rafael, dando um sorriso largo. Ele sempre fazia comentários meio sarcásticos à respeito de Manu, e nisso os dois quase sempre brigavam. Rafa é o meu melhor amigo, além de ser um aspirante à guitarrista e levemente uma má influência. Mas apesar disso, ele é super gente boa.
ㅡVamos lá, você concorda exatamente com o que eu disse.ㅡManu reclamou.
ㅡNah, eu não vi nada de tão "sinistro" nisso.
ㅡParem, vocês dois. Não temos tempo pra essas suas discussões de merda.ㅡViolet protestou, lançando um olhar frio para os dois. O seu olhar era sua marca registrada, e todos nós sabíamos disso. Ela, assim como eu, tinha o cabelo pintado, porém seu cabelo todo tinha um tom platinado, enquanto o meu possuía mechas rosa-choque. Violet é bem neutra em relação à algumas coisas, porém toda a frieza dela some quando ela fala sobre seus assuntos favoritos, sendo eles música, livros e casos criminais.
ㅡSe acalma aí, rainha do gelo.ㅡRafael brincou.
ㅡCala a boca, Rafa. Enfim, se a teoria de Amélia estiver certa, então nós podemos temer todas as formas possíveis de ir pra lá.ㅡViolet comentou, com sua feição séria que já estávamos acostumados.
ㅡAlgum de vocês sabem o local exato onde as pessoas desapareceram?ㅡPerguntei, olhando para todos.
ㅡEu!ㅡManu e Amélia falaram em uníssono.
ㅡPodemos nos separar e ir investigar melhor.ㅡViolet sugeriu.ㅡEu vou com a Amélia, e o resto vai com a Manu.
ㅡBeleza. Então...podemos considerar a reunião encerrada?ㅡPerguntei de novo, e Violet assentiu. Logo, saímos da casa na árvore e depois de sair do parque, nos separamos. Violet e Lia foram para o oeste enquanto eu, Rafa e Manu fomos para o leste. As ruas de São Paulo geralmente ficavam agitadas naquele horário, porém depois da notícia dos desaparecimentos, não havia muita gente nas ruas.
ㅡPronto, estamos aqui.ㅡManu parou de andar, nos obrigando a fazer o mesmo. Logo, avistamos uma parte da rua isolada com uma fita amarela, porém sem nenhum vestígio do desaparecimento, como uma mancha de sangue ou algo assim.ㅡPelo o que me falaram, foi aqui que uma das pessoas desapareceu. Não sei bem o porquê de terem isolado com fita, mas isso é coisa de quem trabalha com casos de desaparecimento igual esses.
ㅡCaramba...ㅡMe abaixei.ㅡÉ tão estranho pensar que elas desapareceram sem deixar nada pra trás...espero que estejam bem.
ㅡEi, vocês aí!ㅡOuvimos uma voz atrás da gente, e logo nos viramos assustados. Era um policial que já havia chamado nossa atenção umas 3 vezes. Ele parecia ter por volta de trinta anos e tinha uma feição brava em seu rosto, além de ser calvo. Tive que segurar o riso igual eu segurei nas outras três vezes que ele chamou nossa atenção.ㅡQuantas vezes eu vou ter que dizer que vocês não podem ficar tão perto dessas áreas isoladas?
ㅡMas senhor, eu já disse que nós só queremos ajudar com nossa investigação!ㅡTentei explicar, pela quarta vez.
ㅡÉ isso mesmo! Nós não temos nenhuma intenção ruim!ㅡManu reforçou minha justificativa.
ㅡNão interessa, a polícia não precisa da ajuda de pirralhos como vocês, entenderam ou querem que eu desenhe?ㅡO policial reclamou.ㅡAgora saiam daqui antes que eu fale com os pais de vocês!
ㅡFudeu! Corram gente!ㅡRafa fez um sinal obrigando a gente a correr, e nós o fizemos. Aquele policial havia comunicado para os nossos pais na primeira vez, porém isso não nos fez parar com nossa investigação. Ele então começou a nos ameaçar, dizendo que iria contar para os nossos pais de novo, e eu nem preciso dizer que isso nos convencia a ficar longe. Mas a gente sempre voltava, e nisso o looping se repetia.ㅡSe esse policial contar pro meu pai, ele me deixa de castigo por 2 semanas ou mais! Não podemos arriscar!
Eu pude ouvir o policial resmungando algo como:"Esses adolescentes estão cada dia mais piores" enquanto eu corria. Acho que era por isso que ele era calvo, devia ter lidado com muitas pessoas da nossa idade pra baixo quando era mais jovem. Esse pensamento me fez rir.
ㅡSabe, aquele policial deve ser calvo por ter lidado com gente da nossa idade na juventude.ㅡEu comentei, arrancando risadas de Rafa e Manu.ㅡEu sempre preciso segurar o riso quando ele aparece.
ㅡIsso aí é calvofobia.ㅡManu comentou, ficando séria por alguns segundos e logo em seguida voltando a rir.
ㅡPor que tá ofegante, Rafa? Essa corridinha de nada cansou você?ㅡEu perguntei, num tom brincalhão.
ㅡDá um tempo...Eu não tenho culpa de ser sedentário, ok?ㅡRafa resmungou, me fazendo rir de novo.
Até que, eu acabei tropeçando em alguma coisa. Era até normal pra mim tropeçar de vez em quando, porém eu caí de cara no chão e de repente tudo ficou preto. E então, eu não ouvi nada, nem as risadas de meus amigos, nem o barulho dos carros, nem os gritos das crianças, nem os resmungos daquele policial, nada. E é aqui que as coisas começam a dar muito, muito errado.
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Última chance
Teen FictionO que você faria se, em algum momento aleatório da sua vida, você fosse parar nos backrooms tropeçando ou batendo em uma parede? Essa história faz você refletir sobre essa pergunta. Este livro acompanha a história de Sun, que foi parar nos backroom...