Porra? Porra

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Josh encarou o espelho e contou até três mentalmente. Ele jogou os ombros para trás, estufou o peito e colocou os braços ao lado do corpo. Beauchamp ergueu a cabeça e tentou contrair os glúteos. Ele estava do outro lado do quarto. Ele começou a andar até o espelho. Josh sempre viu o ato de andar como algo fácil e comum, mas naquele momento ele se sentia desconfortável. Ele tentou seguir os tutoriais de como andar como “macho alfa” que o Noah havia mandado pelo WhatsApp. Nas descrições diziam que Josh deveria se sentir confiante e masculino, mas no momento ele sentia um idiota.

– Porque você está marchando? – Zane entrou no quarto com o cenho franzido.

– Eu estou tentando reaprender a andar. – Josh falou se sentindo frustrado.

– Você e o Noah ainda estão com esse plano idiota? – O mais velho bufou.

– Não julgue, Zane Beauchamp. Nós estamos indo bem. – Deu de ombros.

– Eu não vou me meter, mas você é o meu irmãozinho. Eu não quero que faça algo que possa te machucar. – Depositou a mão sobre o ombro do irmão.

– O que pode dar errado, Zane? – Josh riu forçadamente.

– Você pode estar fazendo um grande esforço e... no fim a garota pode não querer nada com você. – Falou as palavras cuidadosamente.

– Ela falou que ficaria comigo se eu fosse menos feminino. – Josh estava se agarrando naquilo.

– Ok, eu não vou tentar te convencer de desistir disso, ok? Independente do resultado eu vou estar sempre aqui.– Zane lhe lançou um sorriso afetuoso e foi retribuído. Haviam ruguinhas nos seus olhos também.

– Eu sei, Zane. – Josh depositou a mão em cima da que estava sobre o seu ombro.

– Eu tenho treino de basquete agora. Depois a gente se fala? – Josh assentiu. – Ah, ãn... O Alex vai dormir aqui hoje? – Zane coçou o pescoço.

– Sim. Porque? – Josh cerrou os olhos. Zane nunca havia feito aquele tipo de pergunta antes.

– Nada. – Deu de ombros e fechou a porta antes que pudesse ser questionado.

Josh permaneceu com o cenho franzido por alguns segundos. Então Josh lembrou que Alex estava revendendo a maconha do Bailey, seu traficante. Zane não parecia ser do tipo que fumava. Enfim, Josh deu de ombros, ele não se meteria naquilo.

Ele voltou a treinar o seu “novo andar”. Talvez se praticasse um pouco mais ele conseguisse parar de rebolar e aí nunca mais escutaria gracinhas do quanto o seu rebolado destacava sua bunda.

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– Vamos, Josh. Você consegue! – Noah incentivou, empolgado.

– Isso é tão idiota. – Josh torceu o nariz.

– Vamos, só dessa vez.

– Ok. – Ergueu os braços como se rendesse. – Yeh, porra, caralho, inferno, yeh, merda! – Josh finalizou mostrando os dois dedos como Noah o havia instruído.

– Eu fiz o irmãozinho mais novo do meu melhor amigo falar palavrão. – Noah colocou a mão na boca fingindo estar emocionado. – Eu estou orgulhoso de mim mesmo.

– Você é um idiota. – Josh revirou os olhos.

– Você pode xingar, mas não pode me xingar. – Balançou a cabeça. – Eu sou o meu velho aqui. Eu posso te punir por isso.

– Se você tentar me bater Zane e o resto do time de basquete te quebrariam em três. – Josh o lembrou.

– Existe outras formas de punir sem precisar bater. – Noah retrucou. Logo em seguida percebeu o que tinha falado. Ele quis dar um soco em si mesmo. Aquela era a terceira vez que falava algo para o Josh sem filtrar.

– Como assim? – Noah se sentiu a pior pessoa do mundo ao ver a expressão confusa no rosto do menor. Era óbvio que Josh não tinha a mente pervertida e suja igual ao do maior. Pelo menos não sobre BDSM.

– Se não comprar água para mim agora eu vou gritar que você dorme abraçado com o seu ursinho e todos da sorveteria vão ouvir. Isso é uma punição. – Noah estava se tornando mestre em desviar a atenção das próprias palavras.

– Como você...?

– Zane. – Noah não entendia o porque estava mentindo. Ele havia entrado no quarto do menor para pedir algo emprestado que ele nem lembrava mais. Noah estava agindo estranho nos últimos dias.

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Josh falou palavrões movimentando os lábios, mas sem emitir nenhum som. Ele precisaria praticar aquilo depois. Mesmo contrariado Beauchamp se levantou e foi até o balcão da sorveteria.

Noah o observou e agora que não estava andando ao seu lado ele pode notar. Josh estava andando de uma forma diferente. Ele havia seguido os tutoriais que Noah havia enviado por brincadeira. Noah deveria rir, Josh parecia que estava marchando. Sua cabeça não se movia e os braços pareciam que estavam colado no corpo. Noah não riu.

Alguns membros do time de basquete sempre levavam cotoveladas e socos de Noah e Zane quando encaravam Josh andar. Eles sempre faziam comentários idiotas do quanto o balanço da bunda do Josh era sexy e hipnotizante. Eles tentavam usar a desculpa de que Josh parecia com uma garota para defender suas masculinidades.

Noah nunca se importou com o andar de Josh... Até agora. Parecia que ele sentia falta de algo e não sabia o quê. Josh estava usando aquele conjunto de moletom esportivo e estava com aquele andar robótico. Josh estava a cada dia menos parecido com o que sempre foi. Aquilo estava incomodando o mais velho.

– Terra chamando Noah! – O maior sentiu estalos em frente ao seu rosto.

– Bom garoto. – Noah deu tapinhas no topo da cabeça do Josh quando saiu do seu transe. Ele segurou a garrafa que o menor havia trago.

– Você não vai me pagar? – Josh sentou na cadeira de pernas cruzadas e Noah sentiu um estranho alívio em relação a isso. Nem tudo tinha mudado.

– Eu estou te ajudando de graça. Acho que essa água não vale o tempo em que estou gastando com você. – Retrucou.

– Bom ponto. – Josh assentiu dando de ombros.

Eles voltaram a treinar os palavrões e dedos do meio.

– Josh? – Uma voz os interrompeu. Noah viu Josh empalidecer de repente.

Noah encarou a garota que estava em pé de frente para eles. Noah a reconheceu. Josh havia mostrado a foto da tal Any. Sim, Noah a chamava de Ana por pura provocação. Ela era realmente bonita, mas não valia o esforço do Josh. Na verdade ninguém valia.

– Josh? – Ela repetiu quando não houve resposta. Josh havia travado. Ele parecia chocado por tê-la encontrado de repente, sem nenhum preparamento para isso.

– Yep, porra, yep, caralho. – Noah não sabia o que Josh estava fazendo, mas segurou suas mãos antes que o menor mostrasse o dedo do meio.

– O quê? – A garota fez uma careta. Ela estava totalmente confusa.

– É uma saudação que a gente inventou. Piada interna. – Noah tentou contornar a situação.

– Yep. – Josh assentiu ainda se sentindo incapaz de formular uma frase.

– Ãn, ok, eu só pensei em dizer oi. Eu já vou indo. – Ela acenou enquanto andava para trás um pouco assustada.

Josh e Noah se entreolharam. Noah ficou com medo que o menor fosse chorar por ter agido como um idiota. Mas depois de alguns segundos se encarando eles começaram a rir. Eles ficaram presos em uma crise de risos por minutos. Noah nunca pensou que poderia se divertir ao lado de Josh. Eles nunca pararam para conversar ou fazer algo juntos. Noah estava gostando de passar esse tempo com o mais novo.




Desculpa qualquer erro.

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