Nossos corpos se chamam

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Haviam se passado muitos anos, desde que Naruto tinha visto Sasuke. Mesmo dizendo que se veriam de novo, isso nunca aconteceu, já que Naruto começou a morar com seus avós para ter novas oportunidades na vida.

Seu futuro já se traçou por completo, teve boas notas, arranjou um curso excelente que começaria logo, entraria em uma boa faculdade e teria um ótimo emprego. É difícil imaginar um homem assim com a sociedade de hoje, onde há apenas pessoas que não querem fazer nada e só dependem dos pais até a morte.

Naruto havia conseguido achar um curso em sua cidade natal, mal poderia esperar já que fazia alguns anos que não via seus pais e a ansiedade o dominava por inteiro.

Ainda se lembrava do garoto que o ajudou há anos atrás, lembrava dessa memória tão importante como se fosse ontem, um garoto alto o defendendo e o ajudando. Sonhava que o reencontraria de novo, estavam destinados pela lenda. Porém Naruto não acreditava mais naquilo, não era uma criança.

Naquele momento onde se encontrava olhando as paisagens pelo vidro do carro de seus avós, que se ofereceram para o levar, pensava o quanto estava cansado e mal tinha tempo pra si mesmo.

Dividia-se entre cuidar de sua casa e trabalhar a noite inteira como garçom. Precisava de dinheiro para pagar suas dívidas e o seu curso, a vida adulta era um martelo em sua cabeça.

Entendeu o porquê de seus pais sempre chegarem cansados de um trabalho tão simples, o mundo só é fácil quando se é pequeno. Nunca foi tão real o que todos o alertaram sobre se divertir enquanto há tempo, pois um dia tudo acaba.

Naruto mal percebeu quando chegou em seu antigo lar, memórias entraram em sua mente e a cada segundo se perguntava por que nunca tirou um tempinho para visitar seus pais.

Além disso, só estava lá porque se demitiu para começar seu curso em agosto e só tinha ido até lá próximo a São João para que pudesse participar mais uma vez da festa muito tradicional no Brasil inteiro.

O mesmo saiu do carro e levou um susto quando foi abraçado com força, assim que voltou a entender o que estava acontecendo percebeu que quem o abraçava era sua mãe. Realmente os anos fizeram bem a ela.

— Meu bebê, que saudades de você! Olha como você cresceu, está maior do que eu. — Exclamou Kushina, envolvendo o seu filho em um abraço apertado.

Nunca sentiu tanta saudades como sentia ao abraçar sua mãe, era um amor sincero que ninguém podia negar. Uma mãe daria a vida por seus filhos, mas são poucos os filhos que dariam a vida por sua mãe.

— Vamos entrar, fiz bolo suficiente para todos nós. — A matriarca entrou na casa enquanto seu filho e seus sogros a seguiam.

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Os dias passaram voando até uma das festas mais populares do ano, o Uzumaki já estava completamente fantasiado. Sua mãe se encontrava agitada no telefone, enquanto escolhia seu sapato e Minato tentava de todo modo acalmá-la.

Era bonito de ver, eles tinham 20 anos de casados e nunca mudaram desde o começo. Naruto queria ter um relacionamento assim, queria alguém que o amasse como seus pais se amam, queria que a pessoa o decifrasse com apenas o modo que olha para as coisas.

Não demorou muito até chegar à festa, a música já estava alta, porém tinham poucas pessoas. Realmente só estava começando, seria uma noite agitada e turbulenta.

Passou seus olhos pelas pessoas dali, ninguém lhe interessava. Nem sabia porque olhava as pessoas, não tinha sido feito pra pegar qualquer um. Foi criado para ser digno, desde cedo já teve uma queda por homens, e quando descobriu, correu para contar para a mãe.

— Mamãe, eu acho que gosto de garotos. São todos lindos, você não acha? — Um pequeno Uzumaki perguntou a sua mãe enquanto olhava ela se engasgar.

— Calma lá, mocinho. Você é muito novo pra ter certeza disso, espera você crescer um pouquinho que eu juro pra você que vou te apoiar. Certo? — Kushina respondeu, dando um beijo na testa de Naruto.

Tinha um sorriso bobo no rosto quando se lembrava disso, hoje ele tem certeza que sua mãe é a maior apoiadora em sua causa. Realmente, seus pais são incríveis, muitos pais esculacham seus filhos os xingando e reclamando de coisas que eles fizeram os enchendo de traumas.

É a realidade mais triste, uma criança sempre tem problemas psicológicos com pais como esses. Essas poucas palavras que para eles são como facas que enfiam em seu peito pesando sua respiração. Era agoniante, ninguém queria e nem deveria passar por isso, absolutamente ninguém merece isso.

— Mãe, eu vou andar por aí, volto logo. — O loiro deu um beijo na bochecha da mais velha e saiu andando entre as pessoas que nesse momento, já tinham dobrado de quantidade.

Olhava para um belo casal que estava rindo fazendo carinho em alguns animais da exposição, imaginou como seria ele ali. Era estranho, parecia que seu corpo clamava por alguém mas nunca achava a pessoa certa.

Encontrava-se sentado enquanto bebia alguma bebida qualquer, não estava com vontade de sair dali, até escutar uma voz um tanto familiar. Tentou a localizar mas não encontrou nada, então apenas achou que era coisa da sua cabeça, ou que estava louco.

Levantou-se e começou a andar por aí, se sentia incompleto enquanto via as crianças brincarem lembrando de quando era pequeno, sentia muitos cheiros de várias comidas diferentes sendo preparadas para servir seus clientes os deixando satisfeitos.

Apenas saiu dali indo até o estacionamento, vendo carros estacionados ali, e escutou algumas pessoas conversando, com um forró animado de fundo,  digno de festa junina.

Escutou um grito chamando seu nome, e aquela voz... Ele conhecia aquela voz. Naruto se virou para trás e seu coração acelerou e naquele momento parecia que ele havia achado sua parte perdida.

— Sasuke…— Disse em sussurro, enquanto seus corpos se chocavam e um abraço aconchegante se formava. Era o que seu corpo queria, por mais que não se vissem há anos, os seus corpos pareciam clamar um pelo outro.

— Eu vim todos os anos aqui te procurando, você não sabe o quanto senti sua falta… — Sasuke sussurrou no ouvido do loiro, fazendo seu corpo arrepiar.

Ficaram abraçados ali por um tempo, estava aconchegante e tão calmo. Parecia que eles faziam isso todos os dias, mas aquilo não era algo normal, existiam muitas emoções naquele simples abraço.

Talvez a lenda fosse verdade, eles se tornaram prometidos e ficariam juntos até o último suspiro.

— Eu quero te conhecer melhor, eu quero fazer você ser meu até o resto da minha vida. Quero passar cada São João com você, talvez minha mente não diga isso, mas meu corpo clama por você Sasuke! — Naruto falou, não sabia porque havia dito aquilo, mas achava necessário. Era necessário.

— Eu nunca acreditei tanto em algo como acreditei que te veria de novo. — Sasuke disse, dando um beijo calmo nos lábios de Naruto. Eles ficariam juntos e ninguém os separaria de novo, somente a morte.

Era estranho, já que fazia tempo que não se viam, mas eles queriam aquilo. Todos queriam.

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