Atual do meu ex

Atual do meu ex - 02

Atual do meu ex – 02

- Não te esperava aqui – falei tentando fingir uma tranquilidade que nunca tive – Aconteceu alguma coisa? – perguntei enquanto observava sua inquietação.
- Acho que você sabe bem o que me trouxe aqui Marta, não me faça desenhar – ele me respondeu com aquele jeito rude, de sempre.
- Zé, no momento eu vou almoçar é depois tenho um compromisso – avisei me aproximando e abrindo o portão – Caso você deseje, pode entrar é me esperar voltar – falei, fingindo ignorá-lo completamente. ele ficava tão brabo quando fazia isso – o olho é dou um sorriso – Adoro vê-lo contrariado.
- Nossa, um compromisso – falei com desdenho. Sim, eu estava puto dela fazer pouco caso da minha presença, em outros tempos, ela se jogaria em meus braços, o que mudou agora – me indago, enquanto observo o quanto aquela diaba estava bonita, estava não, ela sempre foi – Pelo menos poderíamos almoçar juntos ou o almoço, faz parte de seu compromisso – propõe.

- Não faz parte Zé, podemos sim almoçarmos – concordo – me dê um minuto, vou pegar minha bolsa – peço me retirando.

[...]

Restaurante
- Ainda estou surpreso com a sua ligação Marta – comentei, enquanto puxava a cadeira para a mesma se sentar.  - Meu amigo, me ver duas taças de vinho tinto suave – peço, sem ao menos perguntar se de fato ela queria, eu conheço a Marta.
- Zé – o olhei, estava tentando formular minhas palavras, mas sua aparição repentina, me deixou sem jeito. Logo eu Maria Marta, perdendo as palavras para esse bode velho. Não estou me reconhecendo – Não esperava sua visita – falei o que consegui, não era exatamente o que queria, mas foi o que consegui.
- Saúde a nós dois – brindei enquanto observava suas expressões – se tem uma coisa que conheço melhor que ninguém nessa vida, são as expressões de Maria Marta, sei quando ela estava sendo verdadeira, mentindo, nervosa. as vezes sinto até raiva de como a conheço tão bem. Sei como atingi-la, mas ela, não fica atrás, me conhece até pelo avesso. Me pergunto como demos tão certo ou como demos tão errado nós conhecendo tão bem. ela está quieta, está me analisando é esperando uma escorregada para vomitar tudo que está entalado por anos , preciso ser sutil é serei – Marta, sobre ontem a noite – a observo ao tocar no assunto que me trouxe aqui – por que você me ligou  , o que você queria com aquela ligação ?  - indaguei, enquanto saboreava meu vinho.
- Zé... engulo em seco, mas preciso ser sincera em minha resposta, estava cansada dessa brincadeirinha de cão e gato, resolvi mudar é quando uma mulher resolve isso, nada tira seu foco – Eu te liguei a pedido da sua franguinha – falei, já esperando seu show tradicional.
- Eu sabia – respondi com naturalidade é calma, enquanto colocava minha taça sobre a mesa – Hoje ela foi na Empresa Império, colocou a aliança dela sobre a minha mesa é foi embora – dou um sorriso é a olha – posso ser um bode velho como você mesmo fala, mas sei juntar um mais um. sabia que tinha algo com aquela ligação, mas ao mesmo tempo senti tanta verdade em sua voz. Quando você me perguntou se eu sentia sua falta, parece que um filme passou em minha cabeça Marta, veio tantas lembranças é não pense que veio somente as boas não, chegaram todas, é mesmo assim, eu respondi que sim. Aquela casa sem você, parece morta, tudo perde o sentindo – expliquei.
- Então chegou à conclusão que somente sou importante para vitalidade da casa – brinquei, enquanto passava meu dedo na borda da taça – pensei que você também sentisse a minha falta – completei.
- Você sempre foi inteligente Marta, não queria bancar a burra agora – a olho e sorrio – Você sabe o que eu quis dizer. Preciso de você ao meu lado, a império é a nossa casa também – confessei – Obrigado – agradeço quando o garçom nos serve – mais uma taça pra mim – peço, antes que ele se afaste – Eu pedi para você voltar, não obtive uma resposta é resolvi vir refazer meu pedido. Volte pra casa comigo – pedi a olhando, enquanto aguardava sua resposta.
- Esse peixe está uma delícia – comentei, enquanto pensava em minha resposta – Sabe Zé, olhando aquela menina ontem ali na minha frente, me deu uma tristeza tão grande. Acho que eu entendo melhor que ninguém o sentimento dela. ela tinha sonhos é uma simples ligação acabou com tudo. na verdade, ela já sabia a resposta, caso contrário ela não viria do Rio até Petrópolis, se estivesse segura de seus sentimentos, não é mesmo? – indaguei.
- Não sei em que momento deixei transparecer a falta que você me fazia e faz Marta – dei um pigarro, aquele assunto era tão desconfortável pra mim. Detesto ser colocado na parede – A Isis, é totalmente diferente de você, qualquer coisa estava boa. Você não, sempre almejava, mas é mais, nada nunca era bom o suficiente, sempre pensando em seus filhos e netos. Essa diferença com o tempo é com seu afastamento foi ficando cada vez mais evidente – confessei – Eu descobri que meu motor de arranque é você Marta – completei, enquanto segurava sua mão.
Dei um suspiro seguido de um sorriso. Na verdade, queria dar uma bela gargalhada, mas aquele lugar não era o mais apropriado para isso.
- Então eu sou seu motor de arranque – dou um sorriso – que forma de dizer que sou importante Zé – bebo um pouco mais do meu vinho – Você precisou da minha ausência para chegar a essa conclusão –ajeito meu cabelo, que estava caindo em meu rosto- Nada é tão simples assim Zé, existe feridas que um simples volte pra mim, não vão curar – falei enquanto observava sua expressão de decepção. Ele estava realmente acreditando que me jogaria em seus braços e esqueceria tudo. Como o Zé é patético.
- Eu pensei que esse amor que você vivia gritando aos quatro ventos, fosse real – falei com decepção. Realmente acreditava que ela me amava ao ponto de aceitar tudo, de seguir ao meu lado - Mas veja que me enganei. Quem dia, José Alfredo Medeiros, enganada – dou um sorriso amargo.
- Te amar é uma coisa Zé, mas fingir que nada aconteceu durante todo esse tempo, é bem diferente – falei, sendo interrompida pelo toque de meu celular – Só um momento, pedi enquanto atendia a ligação.
Zé a observava enquanto a mesma falava. ele tentava decifrar o assunto, mas quando Marta queria, ela sabia ser discreta, sabia usar as palavras sem deletá-la.
- Zé, está na hora do meu compromisso – falei guardando meu celular – caso queira, podemos conversar mais tarde. fique com a chave da casa, te encontro mais tarde – propus entregando a chave – Silviano, deu uma saída, mas logo chegará – avisei me levantando – Obrigada pelo almoço – agradeci.
- Que nesse compromisso, você possa pensar em mim, em nossos filhos, netos, enfim, em nossa família – falei segurando sua mão.
- Conversamos mais tarde – respondi soltando sua mão.