- Grace, por que não se senta? - Hagrid disse em tom esperançoso.
- Muito obrigado, Hagrid. Tenho que ir. - ela saiu e fui atrás.
Meu sonho tinha alguma coisa haver com a família dela, eu merecia saber o que estava acontecendo. Não deixei que James viesse comigo, se existia alguma chance dela falar algo seria a sós.
- Ei! Grace! - eu gritava e corria, mas ela não me esperava - Grace, por favor, eu te imploro me conta o que foi que aconteceu lá na casa do Hagrid. - finalmente a alcancei, acho que fiz a pergunta errada, mas torci para que ela entendesse.
- Você se refere a minha família e ao brasão? - ela entendeu.
- Isso. Foi o que tentei dizer, me expressei mal.
- Você sempre se expressa mal, já pude perceber - me senti levemente ofendido, nem havíamos conversado tantas vezes assim.
- Não mude de assunto! - me irritei um pouco o que me fez corar. Sei que devo controlar melhor minhas emoções mas gosto de argumentar que ainda só tenho onze anos, o que me dá um tempo para aprender.
- Ok. Então, por que acha que devo te contar sobre tal? Por que acha que devo confiar a ti os segredos de minha família? - me perguntou.
Lembrei de meu sonho, da mansão em chamas mesmo durante uma forte tempestade. Por algum motivo a planta da casa (a parte que restava quando a vi) me passava a impressão que pessoas estudiosas e inteligentes moravam lá. O vocabulário de Grace às vezes parecia mais maduro que o meu e de meus primos, por isso para mim, essa teoria tinha sentido.
- Porque somos amigos. E... amigos devem confiar uns nos outros. - me senti idiota por essa resposta, ao menos sabia se para ela eu era um amigo.
- Somos amigos? - ela abaixou o tom de voz, então pude perceber que estávamos quase gritando. Aquela pergunta havia me atingido mais do que esperava. Como se responde algo assim? Ainda mais quando a pessoa parece realmente querer saber?
- Somos, não somos? Eu te considero uma amiga - me forcei a sorrir. - "Amigos..." ela murmurou baixo.
- Tudo bem, podemos ir para um lugar com... menos pessoas envolta?
Subimos de volta ao castelo, vi de relance meu irmão subindo para torre da Grifinória, devia ter saído da cabana do guarda caça e ido roubar - pegar sem permissão, ele dizia -algo na cozinha para comer de café da tarde, mas acabei seguindo a morena em silêncio, depois falaria com ele.
Caminhamos até a escada da torre de astronomia em silêncio.
- Hum.. porque estamos aqui? Tenho quase certeza de que é proibido subir aqui essa hora - ela tinha ficado louca??? Queria me meter em problemas? Justo eu que, por algum motivo, sinto que ainda vou me meter em muita encrenca enquanto estiver aqui, não o tipo de encrenca do James, só encrenca mesmo.
- Você quer que eu conte ou não, Cabeça Quente? Se a resposta for sim então suba comigo. - ela me deixou lá, então minha curiosidade havia decidido que seria melhor segui-la.
- Já estou aqui, agora me explica tudo por favor.
Ela se sentou no chão, em um lugar que dava para observar o céu, apontou para eu me sentar também e obedeci. Ela fixou os olhos nas nuvens que pareciam algodão e começou.
- A muito, muito tempo, meus antepassados produziam mel com as abelhas que criavam no quintal, eles produziam para a vila em que moravam inicialmente, então ficaram conhecidos como "Honeyed" mas, pelo o que meu pai me contava, o marido não gostava desse título pois parecia que produziam doces, então após muito insistir para os vizinhos foram batizados com um dos sinônimos da palavra...
- "Mellifluous" - eu a interrompi.
- Sim, Mellifluous. O homem preferiu esse pois o remetia a mel. Gerações futuras continuaram a tradição e construíram uma marca de mel caseiro com o sobrenome que havia pegado, a empresa futuramente faria dinheiro, o que tornou meus tataravós ricos, ou até mais. Nessa mesma época criaram o logo para os rótulos dos potes com mel - levantei minha mão direita mostrando a figura de "abelha", ela segurou minha mão e passou o dedão por cima da queimadura, senti minhas bochechas rosa com o gesto - e o mesmo se tornou o brasão da família também. Voltando ao presente. Minha casa pegou fogo. - ela foi curta e simples.
-Meus pais morreram no incêndio... - eu não sabia como responder - meus irmãos também, sabe você me contou no trem sobre os seus, eu tenho três também, tinha. - ela se corrigiu - Zoe, ela era seis anos mais velha que eu, e Gad, era meu único irmão menino, é como sua irmãzinha Lily. - ela se empolgou falando sobre eles.
- Hum.. quantos anos ele tinha? - perguntei mesmo relutante.
- Quatorze. - assenti - Ully era a caçula, ela era minha boneca, sabe? Só tinha dois aninhos... - acho que seus olhos se encheram de lágrimas, mas estavam fixados no sol que estava prestes a se pôr. - tinha muito o que viver ainda. Não me pergunte porque estou viva, eu não sei. Sai correndo quando acordei com calor, achei que eles estariam lá fora. De qualquer forma eu fiquei parada até o amanhecer, vendo tudo queimar esperando que saíssem. Uma mulher chegou ao nascer do sol, era a diretora McGonagall, acho que ela pensou que fosse uma boa hora para me contar que eu era uma bruxa.
- Quan--quando aconteceu?
- Dois dias antes de virmos para Hogwarts. Não tenho mais família, Albus. Por isso não gosto de falar sobre isso.
Agora tudo fazia um pouco mais de sentido. Sempre achei que Grace fosse apenas uma nascida trouxa "comum" por isso nunca entrava nas conversas que tínhamos sobre nossas famílias, fazia muito mais sentido agora o motivo da roupa que usou no dia em que viemos para a escola, e o porquê de ir para lá e cá com essa pantufa de coelhinho. Julgando por toda essa história, provavelmente essa era a pantufa que ela estava usando na noite que correu para fora do incêndio.
Queria perguntar como ela comprou os materiais e onde ela havia ficado durante essas duas noites, mas ela já estava quase chorando - acho que se segurando para não fazer isso na minha frente - então decidi deixar quieto.
- Eu sinto muito... - sabia que era uma resposta tola mas, o que EU podia falar? - você tem... a Rose agora, se serve de consolo.. vocês são amigas não? - IDIOTA! IDIOTA, IDIOTA, IDIOTA!
Ela limpou as lágrimas que começaram a escapar, me olhou e riu. Foi um riso fraco, mas me senti minimamente melhor depois de ter dito aquilo para ela.
- Você se expressa muito mal, sabia? E sim, somos amigas - ela riu mais ainda com minha cara de indignação.
- Minutos atrás você nem sabia se éramos amigos ou não, agora já se sente livre para falar sobre minhas dificuldades? - Coloquei as mãos na cintura depois de ajudá-la a se levantar.
- Citar uma verdade não tem haver com laços, Cabeça Quente - ela se pôs a descer em minha frente.
°°
- Todo esse apelido por que fiquei levemente estressado agora pouco? - ajuntei toda a coragem que tinha e perguntei enquanto chegamos ao fim da escada.
-- Não. Todos esses apelidos porque é fácil perceber que você é uma pessoa estressada. E também porque, por baixo das suas sardas nas bochechas, você fica rosa quando isso acontece. Até amanhã - minha sorte é que não somos da mesma casa, para não termos que ir justos até a comunal, porquê, talvez, por baixo das minhas sardas nas bochechas, eu esteja mais rosa do que nunca.
Então finalmente caiu a ficha, algo de Grace seria levado comigo, não sei por quanto tempo, mas a queimadura... era o símbolo de sua família, esse que não morreria tão cedo (tá.. foi mal, peguei pesado).
*°°*
Oii como vcs estão?? Desculpa a demora pra postar, ferias + viagem + casa de familia = pouco tempo livre ksksksksk
Espero que tenham aproveitado a leitura:) Ate o proximo cap!!!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Albus Potter e as Antiguidades Mellifluous (EM REVISÃO)
FanfictionAlbus Severus Potter ingressa no seu primeiro ano na escola de magia e bruxaria de Hogwarts, lá enfrentara desafios por não ser como seu pai. Graças a sua nova amiga, o garoto descobre uma parte do mundo mágico pouco conhecida, praticamente esquecid...