Prólogo

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Matar, tirar a vida de; assassinar. Pela última vez cometer tal ato, sem nem ao menos pensar. No quarto do hotel não haveria nada que indicasse que um dia sequer estive ali, os lençóis no mesmo lugar, nem um amarrotado no travesseiro, tudo intacto. Me preparava, uma faca de bota escondida entre o calcanhar e o calçado, duas de arremesso entrelaçadas na cintura da calça preta , um anel que serviria para defesa, ele possui uma rosa no topo que esconde uma ponta para distrair o oponente. Ninguém nunca havia suspeitado do anel. No sutiã lâminas escondidas entre a costura e o tecido. Poderia me passar por qualquer um, uma ninguém na multidão, os cabelos pretos, uma roupa comum, nada que me marcasse.

Saí às pressas, teria de entrar no meio do tour turístico, não seria difícil. O contratante tinha três alvos, todos pareciam de alta classe pelas roupas e postura, era algo emocional. Um parente da família desapareceu após fazer o mesmo passeio que iria me infiltrar, ele queria vingança e checar se o trabalho havia realmente sido feito. Nunca quis se encontrar pessoalmente para resolvermos os detalhes, muitos são assim, tem medo de que se algo der errado vão acabar presos, a elite não pode se envolver em escândalos.

Cheguei ao ponto principal, centro de Volterra, a entrada era abaixo do relógio principal, todos pareciam despreocupados, folhetos em mãos, algumas câmeras e muitos celulares tirando fotos. Não imaginavam o que poderia acontecer com eles. Turistas, tão ingénuos, deveriam se esforçar mais para que ninguém percebesse que são estrangeiros. Abaixei minha cabeça e comecei a jogar no celular, era novo, trocava de eletrônico toda hora, não poderia correr o risco de rastreamento. Logo a guia chegou, era indiferente, se tinha alguma noção de todo o sistema, não havia remorso em seu rosto. Durante a organização repassei meu plano, entrar com os turistas, localizar alvos, dispersar do grupo, eliminar alvos. Simples, rápido e prático.

A entrada poderia parecer como algo simples, que não chamasse atenção, mas assim que as portas duplas se fechavam o lugar era uma prisão sem nenhuma entrada da luz exterior. Em todos os cantos havia algum tipo de quadro, a estética do lugar lembrava aqueles filmes históricos. Continuava com a cabeça meio para baixo, notei que a mulher nos guiava para uma grande porta dupla, sua madeira era escura e ela subia rente ao teto. Dois guardas, um em cada lado, foi então que reparei no colar, um V incrustado em ouro, somente então entendi o pensamento de meu contratante, eu era o alvo.

Teria de pensar rápido. As portas de abriram, do outro lado havia uma sala do trono, três tronos com os alvos, em cada canto um guarda. Volturi. Não era incomum se ouvir falar de um assassino que fosse contratado para tentar matá-los, havia se tornado uma prática comum entre muitos contratantes que queriam vingança contra nós, o número não era baixo. Me preparei, mantive os pés firmes ao chão. O do meio se levantou, as mãos juntas frente ao corpo, os olhos não chegavam a piscar, anunciou o fim do tour e início de um banquete. O inferno se fundou na Terra, gritos de pavor surgiam de todos os lados. Me mantive parada, até uma mão gélida agarrar meu pescoço, não deixei um músculo se mover. Era um dos alvos, loiro e olhos vermelhos.

A questão de se proteger de um vampiro não é sua força ou velocidade, é seu raciocínio, quando se aplica da força de maneira correta o vidro todo se quebra, só tem que encontrar o ponto certo, ou no meu caso, o momento certo.

O ar começou a se tornar escasso e ele se aproximava cada vez mais, mão firmes e mente fria, ele esperava que estive em choque, quando senti o hálito perto do rosto enfiei a faca em seu ombro. Ele pareceu rosnar, como um animal sem razão. Ele soltou meu pescoço, pés firmes. Não seria distração o suficiente, precisaria aguentar mais se quisesse me vingar de meu contratante. Não poderia morrer antes disso.

- Você vai se arrepender!- grunhiu retirando a lâmina do ombro.

Em segundos fui empurrada para parede, pude escutar o baque e ver o sangue no canto do olho, tudo ficava embaçado e o meu redor começava a girar, era muito pior do que ficar bêbada.

Escutei um grito de longe e então...escuridão. 

Faith in The FutureOnde histórias criam vida. Descubra agora