Ilibado | Michael Jackson

Hadaia

Hadaia Ampolivel
1 de outubro de 1601, 21:57
Castelo Ampolivel

  Música lenta ao piano. Uma mesa cheia de pessoas que eu nem conheço, mas, meu rei os conhece bem. Se eu tivesse poder de escolha, não estaria aqui de forma alguma. Odeio esses jantares com mulheres fracas e maridos que se acham seus donos, como o meu.

  Este reino um dia foi dos meus pais. Assim que me casei, eles morreram. Por coincidência, eu era a próxima a herdar o trono. Foi exatamente por isso que me casei. Uma garota sozinha jamais poderia subir ao trono, mas, uma mulher casada sim. Meu erro foi na escolha do marido. Ele é quase perfeito. Lindo, porém, não se garante. Se ele tivesse o mínimo de confiança, de forma alguma precisaria me descredibilizar na frente de todos para se sentir capaz de liderar essa nação!

  O melhor que poderia ter acontecido para todas nós que estamos em casamentos obrigadas apenas por nosso povo e trono, é que a igreja, a pedido de Anely Imperatriz de Ilibado, decretou a lei onde a rainha ou imperatriz não pode mais se casar após a morte de seus maridos.

  Para quem não olha além, pensa que a Imperatriz está nos impedindo de ser felizes. Nossa sociedade ainda pensa que homem traz algum tipo de felicidade. Felicidade, para mim, é comer um bom chocolate.

  O melhor de tudo isso é que a igreja se esquece que se não tiver um rei, a rainha por direito terá que governar porque se ela não pode se casar forçadamente como a igreja nos obrigava após a morte de nossos "maridos", nós teremos o poder. Anely, você é genial.

— A nova lei que não deixa as rainhas se casarem novamente se seus reis morrem? — dá uma risada debochada — Se eu morrer, a coitada da rainha não conseguiria tomar conta do trono e não vai conseguir criar nosso filho como deve! A igreja tomará o reino dela! Minha pobre e descuidada rainha tem o cérebro do tamanho de uma semente de maçã! — a mesa inteira ri — Não conseguiria tomar conta de um reino dessa magnitude. Ela mal consegue se firmar em cima dos próprios saltos! — a mesa inteira o acompanha em uma gargalhada que se torna quase uníssono.

  Ainda séria, apenas olho para frente. No meio da mesa tem um enorme pavão de ouro maciço que é o símbolo do meu reino. Reino que eu não ligaria em dividir se não fosse pela língua desse infeliz.

  Estou usando um vestido branco, não uso coroa nem nos eventos importantes porque ele me proíbe. Ele está usando sua coroa e claro, sua vestimenta real na cor amarelo-Órion. É a cor de nosso reino.

  A sala de banquetes está enfeitada com lindas flores de lavanda. O cheiro dessa sala ficará marcado em minha mente para sempre e essa flor vai se tornar o novo símbolo do meu reino em um futuro próximo. 

  Se eu pudesse dar um conselho, eu diria a todos; não se casem por amor. É difícil demais descartar. Casei-me por amor e agora, não consigo fazer o que foi planejado entre o Imperador Hichello e meus pais que descansem em paz. Hoje isso muda. Ele não vai mais me humilhar publicamente e pouco menos dentro de nosso quarto.

  O rei não vai mais me olhar com desdem. Ele não vai mais me tirar do sério. Nunca mais serei humilhada. Nosso filho não vai mais ser chamado de fraco. Ele é só uma criança, não tem que ser treinado como um guerreiro. Não ainda.

— Pois bem! Lá estava eu nas escadarias quando ela desce até mim, se posiciona ao meu lado e então começo a sentir um cheiro podre! — ele ri exageradamente. Deus, essa noite precisa acabar logo.

  Olho para o outro lado. Fique calma Hadaia. Logo você será uma mulher livre de toda essa humilhação e em breve vai mostrar a todos que você não é o que seu infeliz rei diz. Seus traços que ele vê como defeito são lindos. Seu cabelo é majestoso e sua risada alta não é feia... Eu não sou feia.

— OH MEU DEUS! — uma das amantes dele, esposa de seu melhor amigo, grita em desespero — O REI! CHAMEM UM MÉDICO! — olho para Mark que está sentado ao meu lado direito. Sua pele amarelada está manchada pelo sangue que jorra de sua boca. Seus olhos estão arregalados olhando diretamente para mim. A taça dele onde coloquei o veneno está tombada na mesa. O rei se engasga pela última vez e então, morre. Viro minha taça de vinho lentamente. Vida longa a Anely, Imperatriz de Ilibado.

22 de outubro de 1601, 14:51

   Meu vestido é preto conforme pede o evento que é o enterro do rei de Ampolivel. A saia tem um leve volume e é parcialmente rodado. O decote é ombro a ombro deixando meus ombros e colo amostra, busto adornado por uma renda preta. Em minhas mãos, luvas pretas como a pelugem dos corvos que cobriam desde as minhas mãos até uma parte acima do antebraço, me dando a elegância que preciso agora!

  Meu filho de sete anos, o futuro rei de Ampolivel, ao meu lado, está usando o uniforme oficial dos guerreiros de Ampolivel. O uniforme é preto com detalhes em ouro. Meu filho, futuro rei de Ampolivel. Um garoto que vai se tornar um homem de verdade, bem diferente de seu pai, anda lentamente até o caixão e deixa um buquê de lavanda em cima do caixão de seu pai. Se afasta voltando para o meu lado direito e se curva para ele pela última vez.

  Aqui ao nosso redor estão os representantes de muitos reinos, mas, nenhum é de Ilibado. Os representantes, duques, príncipes e reis estão falando muito sobre uma crise no casamento de Anely e Michael. Eles acham que Michael devolverá Anely com a filha para o reino Hichello e por isso o Imperador Jackson que era tão amigo do meu marido não veio, eu espero que essa história seja apenas fabula. Se não for, será confirmado que o Imperador realmente é o monstro que tanto falam e cantam.

Terras de Ilibado
Imperador Jackson
Cachoeira do Oculto
14:52

— Ah! — solto um gemido um pouco mais alto do que devia — Não tenha pressa Imperatriz, eu quero aproveitar cada segundo disso aqui — Anely olha para mim de baixo e segura um sorriso. Passa suavemente sua língua sem tirar seus lindos e penetrantes olhos castanhos dos meus. Nunca estivemos tão bem. Fazer amor aqui atrás da queda d'água da cachoeira, perto da porta do jardim secreto que está devidamente trancada, está sendo um dos atos mais lindos e excitantes que já fizemos juntos.

  Como amo essa mulher que só me da felicidade. A minha Imperatriz, minha musa, mãe da minha filha que é meu raio de sol. Sou o homem mais sortudo do mundo por ter uma mulher tão companheira como Anely ao meu lado.

Fim da primeira temporada.