Terzo

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"Deus, eu estou tão triste, sei que terminamos
Mas eu ainda te amo pra caralho, meu amor."

O sol já havia desaparecido completamente e o céu foi preenchido pela noite escura, mas iluminado por uma brilhante e grande lua cheia. Nada que eu já tenha vivenciado antes, si quer chegava aos pés do vazio que eu sentia, desde que Kinn foi embora da minha vida. Ele era aquele tipo de pessoa, o tipo que é única, o tipo que é brilhante e contagia todos ao seu redor. Ele era único e não só eu achava isso, mas meus amigos e família também.

E era exatamente por isso que eu me sentia um merda, uma parte do meu cérebro fazia eu me sentir como um pequeno parasita por perder a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Nunca pensei que a sensação de não ser suficiente para uma pessoa poderia doer tanto na vida, como agora. Eu sabia que não iria demorar muito para Chay e Pete pedirem para eu seguir em frente, ou pelo menos tentar.

Eu me perguntava como eu poderia seguir em frente se toda vez que eu imaginava minha vida sem ele, eu lembrava que seu suéter preferido ainda estava em algum lugar do meu  guarda-roupa, sua escova em meu banheiro, várias de suas polaroids presas em um mural em meu quarto, sem contar que ele egoístamente ocupava um grande espaço em meu  coração e principalmente em meus pensamentos.

Três fuck meses já haviam se passado, mas eu não consegui nem apagar as fotos dele da galeria do meu celular. O wallpaper ainda era o mesmo, uma foto que tiramos juntos em nosso primeiro encontro um passeio de barco no rio Chao Phraya. Eu sabia no fundo que aquilo era patético, que eventualmente mais cedo ou mais tarde teria que desapegar e deixar ele ir, mas eu ainda não estava pronto para isso. Eu só precisava de mais tempo, afinal ele pode ter sido único para mim, mas eu não era único na vida dele.

Por mais que eu tentasse, todas aquelas memórias que eu construí ao lado dele, voltavam para me assombrar constantemente. Naquele momento as que invadiram a minha mente sem permissão novamente foram as que ele me ensinava a dirigir.

"Você consegue Porsche!" Um nervoso Kinn, mas animado, me encorajou enquanto eu murmurava incansavelmente que "Eu sou um perigo para a sociedade" antes de inserir a chave e dar partida no carro. Aquelas aulas de direção foram tão fáceis com ele me guiando pacientemente durante todo o processo, o único obstáculo que eu tinha que superar era estacionar entre os cones, tendo em vista que no resto eu até que levava um pouco de jeito. Lembro que quase bati o precioso carro dele contra uma árvore certa vez, o pânico nós olhos de Kinn se suavizou quando viu que eu estava a beira de um ataque de ansiedade.

"Eu sou um perigo no volante, Kinn. Eu não deveria dirigir." Eu choraminguei desanimado pela falta de progresso, e ele apenas abriu os braços para eu me aninhar em seu peito até eu me acalmar.

"Está tudo bem Porsche, apenas continue praticando, tenho certeza que dá próxima vez vai ser melhor." Eu podia sentir o estrondo profundo que seu peito produzia quando ele falava, enquanto as suas mãos acariciava as minhas costas.

"Eu quero fazer melhor, eu quero conseguir isso sem bater em uma árvore." Ele riu.

"E você vai amor, não só porque vou te ensinar melhor, mas também porque você não quer me ver chorar por causa do meu amado carro."

Verificando cuidadosamente o espelho retrovisor, eu lentamente recuei o carro no pequeno espaço até que estivesse confortavelmente estacionado.

"Eu fiz isso, eu consegui." Eu mal conseguia conter a minha felicidade. A emoção tomou conta de mim com a sensação de finalmente acertar depois de longas semanas de esforço. Kinn estava tão animado quanto eu, ele me abraçou tão forte. Uma mistura de orgulho e calor brincando em seus olhos antes dele se inclinar para a frente depositar um beijo em meus lábios e dizer:
"Eu sempre acreditei que você conseguiria."

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