Cartas para um Tsundere - MidoTaka

Talvez... ainda tenho chances?

Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui cometido.

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  E mais uma vez Midorima encarava a carta em sua mão e se perguntava quem diabos estava colocando aquelas coisas em seu armário de sapatos, mas resolveu não prestar tanta atenção naquilo e simplesmente guardou o objeto, voltando a trocar seus calçados. Shintarou ajeitou a bolsa no ombro e mexeu nos óculos, logo saindo do prédio do colégio.
  Midorima foi para sua casa e colocou a bolsa sobre a cama, logo pegando a carta de dentro da mesma e sentando-se na cadeira para lê-la.

  "Querido milagre de cabelos verdes, quando vai perceber que sou eu quem gosta de você?
  Sabe, tem muito, muito tempo que estou te observando e você não me nota! Sabe o quão frustrante é? Você é burro ou só presta atenção no que o Oha Asa diz? Sinceramente... Quando vai olhar à sua volta e me notar? Quando vai deixar de ser tão inflexível sobre as coisas para as quais você dá importância e olhar o mundo ao redor? Eu quero poder falar com você sobre o que eu sinto. Mas você não me nota!
  Ei, Midorima Shintarou, você sabe quem eu sou? Sabe que eu gosto de você mais do que já gostei de qualquer outra pessoa antes? Sabe que ultimamente eu vou à escola apenas para te ver? Sabe que eu dou o melhor de mim para você me notar? Sabe que eu, apesar de poder não ter chance alguma com você, alimento essas esperanças bobas no coração? Ah, se você ao menos olhasse para mim com outros olhos... Eu ficaria feliz só de receber um "bom trabalho" vindo de você, independentemente do que eu tivesse feito.
  Poderia não ser tão você, só para variar um pouco? Não que eu não goste da sua personalidade, mas, poxa, sabe o quão difícil é se aproximar de um tsundere como você? Sinto que vou levar um balde de água fria se lhe falar dos meus sentimentos pessoalmente. Como eu gostaria que o Oha Asa dissesse que eu sou o amor da sua vida...

                     ~De: Me nota, por favor!"

  -As cartas estão cada dia mais intensas. -Midorima comentou para si e guardou o objeto na gaveta, junto das outras quatro que havia recebido no decorrer da outra semana.

  Shintarou não admitia -sequer para si-, mas as cartas lhe agradavam de certa forma. Ora, então até alguém como ele tinha um(a) admirador(a) secreto(a)... Mas, estranhamente, como se fosse uma afronta, todas as cartas começavam com um "Querido cestinha de óculos...", "Querido cenoura supersticioso...", "Querido idiota com dedos enfaixados...", "Querido tsundere lento...". Midorima ficava confuso com esses começos e às vezes ria com o que havia no desenvolvimento das cartas, como também se surpreendia com o quão observador(a) era seu(ua) admirador(a) secreto(a).
  O esverdeado fechou a gaveta e tratou de estudar um pouco a matéria nova que a professora passou, ocupando, assim, sua mente por boa parte da tarde.

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                      /Quebra de tempo/
                      -Manhã seguinte-

  Midorima estava na frente de seu armário e observava incomodado a carta dentro do mesmo, sobre seus calçados. O esverdeado pegou o objeto com certa raiva e jogou-o dentro da bolsa, logo trocando seus sapatos e indo na direção de sua sala.

  -Bom dia, Shin-chan!! -Takao exclamou animado ao ver o esverdeado passar pela porta, e sorriu.
  -Bom dia. -Disse ao se aproximar e sentou na classe atrás do moreno, que logo virou para encará-lo.
  -O que houve? Parece cansado. -Comentou ao notar a cara de poucos amigos do maior.
  -Isso. -Midorima falou e tirou a carta de dentro da bolsa. -Desde a semana passada tenho recebido essas cartas.
  -Uau! Você tem uma admiradora secreta, é, Shin-chan? -Takao indagou animado e analisou a carta. -Sabe quem é?
  -Não. E também não me importo. Não tempo para isso e já tenho- -Se interrompeu e mexeu nos óculos.
  -Já tem...? -Kazunari insistiu e tombou a cabeça para o lado.
  -Já tenho coisas demais com o que me preocupar. -Falou rapidamente e suspirou. "Quase", Midorima pensou.
  -Ah... Entendo. -Takao disse meio desanimado e devolveu a carta para o maior. -Bom, boa sorte com isso, Shin-chan! -Falou dando o sorriso mais animado que conseguiu e se virou para frente.

  "O quê...?", Shintarou indagou-se ao reparar na mudança súbita de humor do moreno. "Falei algo que não devia?", perguntou-se enquanto tirava os cadernos da bolsa.
  E assim se foram as aulas; com um Takao menos animado do que o normal e um Midorima mais preocupado do que o normal. Não era sempre que essa combinação estranha de atitudes era vista e os próprios colegas de time estranharam isso nos dois, mas preferiram não se meter.

  -Ei, Shin-chan, se importa se eu não ficar para te acompanhar no seu treino hoje? -Takao indagou quando todos já recolhiam suas coisas, pois o treino havia oficialmente acabado.
  -Por quê? -Midorima indagou meio seco e o moreno sentiu uma pontada no peito.
  -É... Não tem porque você se importar com isso. Sou sempre eu quem insiste em ficar e te ajudar. -Kazunari comentou sem graça e desviou o olhar.
  -Não é isso. Quero saber porque você não vai ficar hoje. -Disse, incomodado por ter causado aquele equívoco no menor.

  Claro que Midorima se importava, afinal Takao Kazunari era o garoto do qual estava gostando e (por que não?) pelo qual estava apaixonado. Ele só não sabia como dizer ou demonstrar, mas não significava que ele não se importava, era justamente o contrário. Como assim Takao não ficaria depois do treino? Havia algo mais importante do que ele para o moreno? A simples ideia de que Takao tinha interesses em que ele não estava envolvido ou coisas para fazer que ele desconhecia, o deixava irritado.

  -Eu tenho... algumas coisas para fazer. -Kazunari falou acanhado e coçou a nuca. -Não é como se eu fosse fazer falta, já que eu só fico juntando as bolas para você. -Comentou com uma risada forçada e o esverdeado cerrou o punho.
  -Não diga coisas que não sabe. Você não é só alguém que está ali, saiba disso. -Midorima falou e passou pelo menor. -Resolva suas coisas, não vou ficar para treinar hoje. -Falou seco e se direcionou ao vestiário.

  E Takao ficou parado, sem reação aparente, apenas pensando na frase do esverdeado... "Você não é só alguém que está ali". Após alguns minutos de puro eco da frase de Midorima em sua mente, Kazunari teve um fino sorriso desenhado no canto de seus lábios. "Então eu ainda tenho alguma chance!", Takao pensou esperançoso e foi para o vestiário trocar de roupa.

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Novamente agradeço pela sua atenção e peço desculpas por qualquer erro aqui cometido.