18 yo.

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Desci aquelas escadas desanimada, pois não havia dormido a noite toda, e pra piorar tudo hoje minhas aulas retornariam do recesso de verão. Escutei a voz da minha avó...
-Bom dia, querida.

Respondi sem ânimo nenhum com a voz arrastada...
-Bom dia, vó.

-O que foi, Anny? Está desanimada hoje...
Ela me conhecia bem.

-Não quero voltar as aulas, estava sendo ótima as férias de verão!
Lembro de todas as viagens que fiz e festas que fui com Luíza.

-Isso não é bom? Verá seus amigos novamente...

-É, verei.
Odeio metade da classe.

barulho de buzina, ótimo!
Dessa vez vou evitar a conversa constrangedora sobre me socializar.

-Olha vó, Luíza chegou! Estou indo.

-Tudo bem, querida... Tome cuidado e tenha juízo!

Minha avó realmente se preocupa comigo, desde que meus pais desapareceram eu moro com ela e meu avô, mas ele quase nunca está em casa... Seu trabalho o exige boas horas de seu dia. Quando ele chega em casa eu já estou dormindo, na maioria da vezes. Acho que meus avós realmente assumiram lugar de pai e mãe...
Minha avó acha, ou melhor, ela tem certeza que tem algo errado com esse desaparecimento dos meus pais. Parece que ela sabe de algo, mas nunca me contou... por mais que eu implore ela diz que não sabe de nada, por qual motivo sequestrariam meus pais? Eles não tinham nenhum trabalho de risco, e creio eu que não eram envolvidos com nada errado. Já meu avô... acha que eles só me largaram e foram embora por falta de responsabilidade, oque eu me recuso a acreditar! Nós éramos uma família tão unida... por que eles fariam isso? ... minha conclusão é de que mataram eles, e eu vivo desde pequena sabendo disso.

Quando meus pais sumiram eu já tinha mentalidade o suficiente para criar minhas próprias teorias, eu tinha 9 anos.

Saio do meu transe de pensamentos e vou em direção a porta me deparando com o jardim. Abro o portão e avisto o carro de Luíza do outro lado da rua, atravesso e entro.

-Porra, Anny. Demorou!
Luíza é muito estressada, nunca me canso de dizer isso.

-Bom dia pra você também, Senhora apressada.

Luíza era minha melhor amiga desde que me conheço por gente, ela passou por tudo e um pouco comigo, sempre pude contar com ela pra tudo.
Ela me conhece mais do que eu mesma, isso me assusta.
Ela é explosiva e exagerada as vezes, adora uma confusão!

-Não acredito que amanhã você vira uma adulta, isso é surreal! Eu vou ter uma amiga que vai poder ir para as boates comigo, finalmente!
Luíza fala se referindo ao meu aniversário de 18 anos, que estava se aproximando cada vez mais

-Ei, pode descartar a ideia da boate.
Falo rindo, pois Luíza sabe que eu amo esse tipo de coisa.

Fomos jogando conversa a fora o caminho todo até o caminho da escola...

-Não tenho mais energia pra vir aqui todos os dias. Último ano, amém.
Luíza fala em um tom dramático em relação ao colégio.

Realmente... ano que vem eu estaria em uma faculdade, e nem se quer sabia oque eu realmente queria. Era assustador!

Dei um espasmo quando senti alguém esbarrar com força no meu ombro, Abigail.
Aquela garota me dava nos nervos, fazia de tudo pra chamar atenção e ainda por cima se oferecia para os garotos de uma forma absurda.
Olhei para Luíza e vi sua cara, ela ia falar umas poucas e boas, mas eu puxei ela pelo braço e deixei a garota nos encarando para trás.

-Você podia ter usado aquela sua defesa dos seus pais para dar um soco nela
Luíza disse se referindo a defesa pessoal que meus pais me ensinaram.

-Vadia!
Gritou na esperança de que Abigail escutasse.

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