01.

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O mal, de fato, é primordial. A continuidade do precipício. O que satisfaz já não parece o suficiente.


— Devemos ir agora?? — Um sussurro ecoa próximo ao ouvido do Porta-Voz.

— Não — ele nega com a cabeça — iremos esperar até amanhã. Avise a todos os outros, Violinista!

— Claro.

Violinista então se afasta de seu líder. Não demora para que ele alcance os outros filhos de Umbra.

— Agora? — Bailarina é a primeira a perguntar.

— Não.

O pequeno toca seus pés no chão gramado, se aproximando dos outros. Ao tocar delicadamente sua mão nos ombros de Viúva, ela retrocede com um passo rápido para trás.

— Se acalme. — Pede o garoto. Ela então o obedece, permitindo-o que a toque. — Não são notícias ruins. São boas notícias, Viúva.

Ela assente com a cabeça. Bailarina, Sangria, Perna-de-Pau e Absinto observam, atentos, a cena.

— Terá uma grande importância nessa batalha, Viúva — tira sua mão do ombro da mulher que tem o rosto coberto por um pano escuro — espero que compreenda isso da melhor forma.

O garoto do violino tira seus pés do chão, voando lentamente sob o céu, na mesma direção que viera momentos antes.

Viúva abaixa sua cabeça em movimentos lentos e simétricos. Está surpresa.

Agora, as premonições de Violinista não se resumem apenas em mortes e desgraças. Seu poder foi desenvolvido e sua visão sobre ele ampliada.

Um dia se passou, desde então. A lua brilha no escuro céu. As estrelas cintilantes o enfeitam com o charme que apenas elas possuem.

— Onde estou?!

Um berro é ouvido da floresta. Alguém corre contra o caminho dos gritos que não se cessam.

— Me soltem! Me soltem! — Quem grita é Magali. Ela está envolta de uma corda, que cobre seu estômago, a aprisionando contra uma das imensas árvores do local afastado. — Quem são vocês? Como eu vim parar aqui?

Ela não consegue enxergar os seres. Está muito escuro pra isso.

— Se acalme.

— Quem está aí? — Grita a garota. É a única coisa que pode fazer. Isso é o que ela pensa.

— Logo saberá.

A voz rouca e calma se afasta a cada segundo que passa. Ela não demora para perceber que está sozinha.

— Socorro! — Berra outra vez.

Violinista agora já está afastado o suficiente de Magali. Está reunido, em um círculo, com os outros filhos de Umbra.

— Agora? — pergunta Bailarina.

— Agora! — grita Porta-Voz.

O líder grita e é quando todos eles dão a mão. O círculo aos poucos vai ficando mais estreito. Eles começam a levitar após alguns segundos.

— A lua chora esta noite!

Porta-Voz, por fim, berra. Ele, junto dos demais, agora caminha pelo chão, atrás de Magali.

— Por que não ouço suas murmurações? Qual o motivo? — Porta-Voz deixa de andar. Agora ele corre, acima do chão, até a árvore na qual a jovem está amarrada. Os outros o seguem. — Não!

A invocação e seus sacrifícios.Onde histórias criam vida. Descubra agora