Acho que eu já estava há tempo demais encarando meu filho e o namorado dele. Nico e Will estavam sentados um de frente para o outro e meu filho ouvia as explicações do filho de Hades sobre... Seja lá o que fosse aquele jogo enquanto conferia as cartas em sua mão. Era engraçado como Will não deixava passar uma única oportunidade para lançar um flerte que, se não envergonhava, irritava o outro que se perdia na explicação. Eles eram fofos juntos, era inegável, mas eu não conseguia deixar de me perguntar, o que meu filho viu naquele garoto?Nico di Angelo não era um garoto ruim, longe disso, mas algo nele dava-me arrepios. Talvez fosse o seu olhar sem brilho e penetrante, como se ele fosse capaz de olhar o fundo da sua alma e enxergar a sua morte. Quem sabe fosse o seu jeito introspectivo e sorrateiro ou sua voz estranhamente monótona ou a forma que ele matava as coisas ao seu redor quando perdia o controle das suas emoções. Para que você não pense que sou covarde saiba que eu não era o único a ter arrepios com aquele filho de Hades, até mesmo os mais durões do chalé de Ares ficavam nervosos com a presença dele. Will era o único que o olhava de uma forma diferente, os olhos dele chegavam a brilhar com a presença sombria do seu querido "Garoto Morte". Bem ridículo esse apelido, mas meu filho gostava de perturba-lo com esse tipo de coisa brega.
Will custumava ser o último a chegar no chalé e não raramente estava com um sorriso bobo e olhar distante. Eu conhecia aquela expressão, eu mesmo fui assim e sempre que ele vinha radiante daquele jeito eu não podia deixar de vê-me ali, eu, séculos atrás, depois de uma tarde agradável com Jacinto. Era cruel e deleitosa a imagem do rosto bonito e apaixonado do meu filho. Ao mesmo tempo que Will e Nico lembravam eu e Jacinto, também eram bem diferentes. Jacinto era mais vívido e alegre que o di Angelo, mas assim como aqueles dois tínhamos nossas piadas internas, brincadeiras bobas e suporte mútuo. Ah, saudades daqueles meses dourados que passamos juntos.
-Apolo, Apolo, Apolo!- Fui tirado do meu transe por Austin que passava com a mão na frente do meu rosto tentando chamar minha atenção?
-Hum, que?
-O que você acha, cara?- Paulo Montes perguntou como se fosse óbvio. Nossa, um semideus me chamar me "cara" me deixaria maluco, mas acho que já estou me acostumando.
-O que eu acho de quê?- perguntei, talvez ainda um pouco hipnotizado pelo jogo de Will e Nico.
-A música, qual a melhor com solo de saxofone? "Careless Whisper" ou "Scenes From An Italian Restaurant"?
-Uh... Acho que "Careless Whisper".- Respondi sem dar muita importância.
-Ha! Eu disse!- Kayla comemorou claramente tirando com a cara de Austin.
-O que você tá... Ah, entendi.- Paulo constatou ao encarar o mesmos ponto que eu.
-Só eu que não entendo?- Perguntei a mim mesmo em voz alta, obviamente me referindo ao relacionamento daqueles dois.
-Ah, não. Ninguém entende, tem que ser muito nerd pra entender.- Connor Stoll me respondeu, mas claramente falava de outro assunto.
- Do que você tá falando?
-Do jogo, ué! Não era isso que você tava falando? Que você não entende o jogo?
-Eu...hum... É, é isso.
-O jogo ali é Mitomagia, o Nico é viciadasso nesse negócio.- Kayla complementou o comentário de Stoll.
-Sim, é meio Pokémon, mas com uns negócios a mais que deixa tudo mais complicado. Uma vez fui tentar jogar e resolvi parar de tentar entender no segundo sistema de alteração de poderes, é complicado, sério.- Stoll continuou.
-Talvez um pouco, mas Nico até que explica direitinho. Só que... É. É meio confuso mesmo. Principalmente aquele lance de cura, energia e aquela carta especial lá.- Austin concluiu.
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Inexplicável
FanfictionApolo nunca desaprovou o relacionamento de seu filho e o filho de Hades, contudo, tampouco o entendia. Afinal, o que Will viu em Nico para ter se apaixonado por aquele garoto tão destinto?