Sou como as sombras, como a morte
Como uma esquia cobra faminta á rastejar no chão.
Sou o anti-herói, o pesadelo que você não se lembra, o sonho que não se realizou
Sou como a dor.
Sou como o frio que passa pelos vãos da porta
Como o medo dos corações hesitantes.
Sou como o monstro debaixo da cama
Como o sangue na arma de guerra
Sou como o fim.
Sou como um viajante solitário no tempo
Sou a barreira na porta do céu.
Sou o capuz que cobre o rosto do ladrão
Sou como o vento nas tardes crepusculares
Sou como a chuva.
Sou o véu da noiva impura
Sou os olhos de alguém que morreu.
Sou a história que se quer esquecer
Sou o passado, o futuro, o meio da história
Sou como a redenção.
Sou como a batalha há tempos perdida
Sou o último suspiro do pecador.
Sou como a ácida lâmina de machado
Sou como o retiro de descanso
Sou como velho refúgio da mente
Sou como as nuvens.
Sou as pernas que vem e que vão
Sou como o canto de um pássaro preso
Sou a passagem de onde não ir.
Sou como o Sol descendo as montanhas
Sou um lampião de noites sem lua
Sou como a hesitação.
Sou como os mosquitos em volta da lâmpada
Sou como as grades de uma prisão
Sou o calor da lareira no inverno
Como a força de um furacão
Sou paixão.