E se eu fechar os olhos?

Capítulo 1

Eu tinha um segredo.

E esse segredo havia me trazido para cá. Um internato em Londres. Suspirei ao ver quão deprimente parecia visto do lado de fora. Era uma enorme construção mais parecida com um castelo do que um internato para jovens entre 14 e 18 anos.

Meu pai estava sorrindo enquanto caminhava ao meu lado. Eu não disse nada durante toda a curta viagem. Não tinha nada a dizer. Estava vestindo meu maior casaco e luvas que cobriam metade dos meus braços. Nossas botas faziam barulhos irritantes na calçada molhada.

Era novembro. E estava nevando.

-Está nervosa?

-Estou com frio.

-Você se acostuma.

Assenti. Eu era acostumada com o calor de Miami, as praias e com meus amigos. E principalmente, nossa casa.

Passamos pela porta de madeira que estava entreaberta e que levava a um imenso corredor. Podia ouvir claramente o som de pessoas conversando ao final dele.

-Sr. Green. –disse uma mulher saindo de uma sala. –Que bom que chegaram antes de ficar noite.

-Katie estava ansiosa para conhecer o local antes de começar a estudar. –comentou meu pai.

A mulher tinha o cabelo preto curto e era tão baixa quanto eu. Devia estar beirando os 30 anos.

-Katie, prazer em conhecê-la. –disse estendendo a mão para mim. –Espero que goste daqui.

Apertei sua mão.

-Obrigada.

Estar aqui não era a minha primeira opção de local para estudar. E meu pai sabia disso.

-Entrem, devem estar congelando. –comentou indicando a sala que havia saído. –Querem beber algo?

-Um café. –responde meu pai por nós dois.

-Só um momento.

Ela saiu da sala. Senti a mão de meu pai em minhas costas indicando uma das poltronas que ocupavam o lugar. Sentei sentindo-me um pouco mais quente. Devia ter aquecedores pelo "castelo" todo. Pelo menos era o que eu desejava.

-Parece um internato bem legal. –ele puxou assunto. –O que acha?

-Prefiro Miami.

-Katie.

-O que?

Seus olhos castanhos claro encontraram os meus. Eu sabia o esforço que ele estava fazendo neste momento tão difícil. Suspirei.

-Tudo bem. –murmurei dando de ombros. –Prometo ficar bem.

-Obrigado.

A mulher passou pela porta carregando uma bandeja com três canecas.

-E como foi a viagem?

-Agradável. –respondeu meu pai. –Chegamos hoje de manhã em Londres. E resolvemos visitar alguns parentes.

-Ah, o senhor tem parentes por aqui?

Apertei os lábios tentando não levar para o lado pessoal sua pergunta. Afinal, a mulher estava apenas curiosa.

-Não. –respondeu meu pai.

Houve um silêncio torturante a seguir.

-Quando irei conhecer meu quarto? –perguntei rapidamente.

-No momento que quiser. –disse a mulher envergonhada. –Aliás, sou Beth a diretora do internato.

Parecia ser jovem demais para ser diretora.