STAR [Xiaoether]

ATO 1

Como um ninja, ou espião (como a garota gosta), ela saiu sorrateiramente da fila extensa de crianças formada nos portões de fora da escola e com cautela, se aproximou daquela silhueta mediana um pouco conhecida. Star não dá brechas e ataca sua presa como aprendeu nos animes:

"Te peguei!" Diz, agarrando-se na perna do rapaz, pegando-o desprevenido.

A felizarda vítima se desequilibra e cai na calçada, assustado e queixando-se de dor. Ele xinga um pouquinho também, mas as palavras desconhecidas pela garota passam despercebidas. Em questão de segundos, ambos olhares se encontram e de repente, uma onda de silêncio se instala no ambiente.

Xiao, este que está no chão, apoiando sua mão direita no piso e a outra na canela da perna, encara assustado a figura que viu somente uma vez na vida. Ele sabe quem é ela. Mesmo que só tenham se encontrado só uma vez, e agora duas, contando com essa, jamais se esqueceria dos olhos verdes e cabelos loiros. Foi Star, filha do Aether, quem o atacou enquanto caminhava pelas ruas de Liyue tranquilamente.

Já Star, como uma criança curiosa e extrovertida, sentada no chão diante Xiao, balança os seus pés como se nada tivesse acontecido e sorri.

"De onde você veio?" Xiao indaga, quebrando o silêncio entre os dois.

Diversas perguntas inundavam seu pensamento e somente uma delas ganhava poder por ser, possivelmente, aquela que traria uma resposta para todas as outras: Porque ela fez isso? Eles sequer tinham uma conexão e tampouco sabiam seus nomes direito.

Star sorriu de orelha a orelha, apontando para a escola que ficava do outro lado da rua.

"Da escola."

Xiao franziu o cenho.

"Você não deveria ter entrado junto com seus amiguinhos para estudar?"

"Sim. Mas você é o amiguinho do papai." Star respondeu, levantando-se do chão. Parou de frente a Xiao e estendeu seu braço pequeno, oferecendo apoio para o rapaz.

Ele não entendeu nada. Principalmente o fato de que uma criança de cinco anos tenha tanta facilidade de escapar de inspetores que tem a função de cuidar para que isso não aconteça.

Mas, o que verdadeiramente lhe chamou a atenção foi a resposta da garota. Como assim amiguinho do papai? Xiao e Aether não tinham mais nada. Não passavam de estranhos.

"Acho melhor você ir. Alguém pode pensar que estou fazendo algo de muito ruim."  Falou ao se levantar, sem precisar da ajuda de Star. Virou-se e deu às costas, voltando a caminhar tranquilamente, como se nada tivesse o incomodando.

Outra vez, foi parado. Sentiu alguém agarrar sua mão e não pode deixar de olhar para trás.

"Não. O papai fala muito bem de você. Quero descobrir mais sobre você, Xiao. Por favor! Nenhum amigo do papai é legal, eles nem conversam comigo direito." Desabafou.

Xiao ficou novamente surpreso. Com as sobrancelhas erguidas, a face claramente entregando uma expressão de choque, olhou para os dois lados antes de se agachar na altura da garota e afagar os cabelos loiros. Abriu um sorriso meigo no rosto.

"É impressionante que seu pai ainda fale de mim, mas, por favor, entenda, eu não tenho mais nada a ver com vocês."

"Eu só quero saber as coisas. Quero descobrir quem papai foi." Cochichou, baixinho.

Um pequeno pontinho de agonia surgiu no coração de Xiao. Ele suspirou, fechando os olhos. Pensou por um momento. Lá estava a filha de alguém que o machucou muito, porém, que também o amou. Era estranho e difícil. Claro que, devido aos anos que se passaram, conseguiu superar, só que mesmo assim, não era algo muito normal.

"Nunca minta para uma criança", recordou-se das palavras de Venti uma vez. Então uma brilhante ideia surgiu à mente.

Mentiria para Star. Apesar da dica do melhor amigo, resolveu que aquilo era o melhor a se fazer. Provavelmente teria que nunca mais passar pela rua da escolinha dela, evitando qualquer tipo de contato.

Abriu os olhos, aumentando o sorriso.

"Beleza. Vamos fazer assim, tá? Você volta para a escola agora e amanhã eu passo aí, tomamos um sorvete e te conto umas fofocas do seu pai."

Star bateu os pés de alegria e escondeu a boca com as mãos, tampando o sorriso.

"Promessa de dedinho? Se você quebrar, seu dedinho vai cair!"

Xiao riu e estendeu o dedo menor para a criança.

"Promessa de dedinho."