Sendo carregada pela morte enquanto atravessava o rio cristalino do além, que dividia como uma linha tênue a vida e a morte. A menina refletia sobre o que acabara de acontecer.
"Como isso pôde acontecer?"
"O que eu fiz de errado?"
"Tive fé de mais?"
"Tive fé de menos?"
— Cale-se, seus pensamentos me irritam. — a Morte falou em um tom aparentemente calmo. Mas a menina sabia que ela não estava.
— Me pergunto o que fiz de errado para que aquelas pessoas me julgassem com tanto ressentimento em seus corações. — a menina dizia aparentemente calma. Mas a Morte sabia que ela não estava.
— Você é humana, deveria saber como os humanos são; impiedosos, falsos, medíocres e desprezíveis.
— Você está enganada. Nem todos são ruins, alguns têm bons corações e boas indoles.
— E onde estavam quando você estava sendo destruída pelo fogo que ardia por todo seu corpo, menina tola?
— Não guardo ressentimento por não terem me defendido. Eles têm medo em seus corações, deixam de fazer o que querem fazer, deixam de ser quem realmente querem ser, por medo do que os humanos sem alma e empatia farão contra eles.
A morte parou por um momento, seu corpo enrijeceu em dúvidas, mas não por muito tempo. Ela mudou a rota do barco e foi em direção ao desconhecido pela menina.
As dúvidas pairavam sobre a cabeça da menina como pensamentos baixos para que a morte não a ouvisse se questionando sobre aonde elas iriam.
O barco parou em uma pequena ilha com o céu cor de rosa, o chão tomado por alecrim dourado e a brisa gentil recebendo-a de braços abertos. A morte desceu do barco e estendeu a mão para que a menina descesse também.
Elas caminhavam silenciosamente pelo campo ouvindo o algumas almas de passarinhos cantarolarem com suas vozes doces ao longe da ilha.
— Olhe menina, olhe em volta, você ja viu um lugar tão calmo e tranquilo quanto esse? — indagou a morte, curiosa.
— É realmente muito lindo, nunca vi um céu tão lindo como esse.
— Você sabe o que aconteceria à este lugar se humanos pisassem aqui? — indagou a morte, curiosa.
— Não sei.
— Domínio. Os humanos adoram colocar suas mãos sujas nas coisas, lugares e vidas para as dominarem, tornar aquele algo deles; querem posse de tudo que podem. Não vivem sem mandar e serem mandados, não sabem o real significado de coexistir, pois tudo para eles se dá à hierarquia, mandarem e serem mandados.
— Mas existem exceções, àqueles que se ajudam, se apoiam e juntos se tornam uma força maior, sejam amantes, um grupo de amigos ou um grupo de desconhecidos se juntando por algo maior. Os amantes sabem que sem o outro não são os mesmos, assim como o grupo de amigos sem um dos amigos sabem que nunca seriam os mesmos, e o grupo que se juntou por algo maior, não seria o mesmo sem parte de sua força.
— Menina boba, enquanto defender esses medíocres e não se preocupar consigo mesma, vai continuar sofrendo nas mãos dos corrompidos. — disse à menina entrando novamente ao barco e ajudando a menina a subir.
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A menina que se apaixonou pela morte
Romanceela sentia uma imensa vontade de amarrar, chorar, vomitar, se cortar, se jogar, sumir e deixar de existir. +16 》HISTÓRIA DE ROMANCE LESBICO 《