cap. 2

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Sendo carregada pela morte enquanto atravessava o rio cristalino do além, que dividia como uma linha tênue a vida e a morte. A menina refletia sobre o que acabara de acontecer.

"Como isso pôde acontecer?"

"O que eu fiz de errado?"

"Tive fé de mais?"

"Tive fé de menos?"

— Cale-se, seus pensamentos me irritam. — a Morte falou em um tom aparentemente calmo. Mas a menina sabia que ela não estava.

— Me pergunto o que fiz de errado para que aquelas pessoas me julgassem com tanto ressentimento em seus corações.  — a menina dizia aparentemente calma. Mas a Morte sabia que ela não estava.

— Você é humana, deveria saber como os humanos são; impiedosos, falsos, medíocres e desprezíveis.

— Você está enganada. Nem todos são ruins, alguns têm bons corações e boas indoles.

— E onde estavam quando você estava sendo destruída pelo fogo que ardia por todo seu corpo, menina tola?

— Não guardo ressentimento por não terem me defendido. Eles têm medo em seus corações, deixam de fazer o que querem fazer, deixam de ser quem realmente querem ser, por medo do que os humanos sem alma e empatia farão contra eles.

A morte parou por um momento, seu corpo enrijeceu em dúvidas, mas não por muito tempo. Ela mudou a rota do barco e foi em direção ao desconhecido pela menina.

As dúvidas pairavam sobre a cabeça da menina como pensamentos baixos para que a morte não a ouvisse se questionando sobre aonde elas iriam.

O barco parou em uma pequena ilha com o céu cor de rosa, o chão tomado por alecrim dourado e a brisa gentil recebendo-a de braços abertos. A morte desceu do barco e estendeu a mão para que a menina descesse também. 

Elas caminhavam silenciosamente pelo campo ouvindo o algumas almas de passarinhos cantarolarem com suas vozes doces ao longe da ilha.

— Olhe menina, olhe em volta, você ja viu um lugar tão calmo e tranquilo quanto esse? — indagou a morte, curiosa.

— É realmente muito lindo, nunca vi um céu tão lindo como esse.

— Você sabe o que aconteceria à este lugar se humanos pisassem aqui? — indagou a morte, curiosa.

— Não sei.

— Domínio. Os humanos adoram colocar suas mãos sujas nas coisas, lugares e vidas para as dominarem, tornar aquele algo deles; querem posse de tudo que podem. Não vivem sem mandar e serem mandados, não sabem o real significado de coexistir, pois tudo para eles se dá à hierarquia, mandarem e serem mandados.

— Mas existem exceções, àqueles que se ajudam, se apoiam e juntos se tornam uma força maior, sejam amantes, um grupo de amigos ou um grupo de desconhecidos se juntando por algo maior. Os amantes sabem que sem o outro não são os mesmos, assim como o grupo de amigos sem um dos amigos sabem que nunca seriam os mesmos, e o grupo que se juntou por algo maior, não seria o mesmo sem parte de sua força.

— Menina boba, enquanto defender esses medíocres e não se preocupar consigo mesma, vai continuar sofrendo nas mãos dos corrompidos. — disse à menina entrando novamente ao barco e ajudando a menina a subir.

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⏰ Última atualização: Jan 15, 2023 ⏰

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A menina que se apaixonou pela morte Onde histórias criam vida. Descubra agora