Inesperado

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Se havia algo que Natasha tinha em conta era o seu redor. Fruto de várias missões no exército português sabia que em qualquer local tinha de procurar uma saída fosse de que modo fosse. Estes pequenos hábitos não são, de todo, fáceis de desaprender e de certa forma havia um lado bom neste hábito. Se porventura outros soldados pretendiam uma outra vida com tranquilidade e normalidade, Natasha prezava estes velhos hábitos e contava com eles para qualquer situação anómala do seu trabalho.
Necessitava de encontrar Ricardo Neves, o seu alvo mais recente. Era um homem aparentemente pacato e que levava uma vida tão mundana como qualquer outro cidadão, no entanto Natasha tinha conhecimento que este homem de 43 anos era violento e não tinha qualquer pudor em cometer fraudes. Roubava identidades e utilizava-as com o intuito de cometer crimes tão graves como homicídios. Como se isso não fosse suficiente, Ricardo participava também de várias redes onde existia prostituição de menores de idade. Não recebia ordens o que facilitava todo o processo.
A razão era bastante óbvia aos olhos da jovem de cabelos vermelhos, a falta de dinheiro. Enquadrava-se perfeitamente como tantos outros homens e mulheres no país. Fazia de tudo para ter um trabalho digno onde era recompensado com o devido respeito, algo que não acontecia. Mudou de emprego várias vezes e tentou corresponder com um elevado nível de excelência. Era relativamente comum ficar frustrado e tentar cometer loucuras.

Era o criminoso quase perfeito tendo em conta que teve vários cuidados para não ser apanhado. Cometeu o grave erro de se apaixonar e tentar levar uma vida dupla o que claro, levou a pequenos percalços. Começou a ficar descuidado talvez por estar numa onda tão irracional como é o caso do amor. Admite-se que era um homem bastante charmoso. Tinha uma altura relativamente mediana, cabelos escuros e olhos verdes. A sua face não tinha traços que o fizessem ser inesquecível mas certamente era uma face onde os olhos podiam descansar sem repúdio. Era claramente inteligente para cometer tantos crimes sem ser apanhado.
Tinha sido contactada para pôr termo à vida de Ricardo de forma rápida de modo a terminar com esta onda de crimes que não tinham solução próxima aos olhos das entidades competentes. O método era sempre semelhante e planeado ao longo de duas semanas para conseguir pensar no mais íntimo detalhe. Tinha de arranjar um local remoto, comprar aos poucos o material que optava sempre por utilizar para o corpo, atrair a vítima e claro deixar que não haja rasto algum. Muitas vezes planeava em comprar viagens só de ida para o estrangeiro e escrever uma carta de despedida. Outras vezes nem precisava de fazer nada já que não eram pessoas que iam ser alvo de saudade, como era caso dos criminosos como donos de cartéis.

Para este homem, foi escolhido um local no meio da mata. Foram comprados bilhetes para a Itália e deixada uma carta no seu quarto onde se despedia referindo que ia finalmente seguir o seu sonho e que preferia não ser encontrado por quem fosse, especialmente por Maria, a mulher por quem se tinha apaixonado. Como não tinha filhos era ainda mais fácil realizar este trabalho. Natasha comprava ácido fluorídrico que conseguia facilmente dissolver pele e ossos de qualquer corpo humano. Tinha já alguns bidões preparados para este líquido mortífero onde iria colocar o corpo.
Já na fase do rapto, Natasha decidiu ir ao bar onde Ricardo ia ao longo da semana para beber sempre um whisky com gelo e, infiltrada como empregada de mesa acabou por depositar um leve sedativo que o deixou relativamente tonto. Fingiu levar o homem para o que seria um táxi, acompanhado-o. Com esta pequena etapa concluída, tudo o resto era muito mais rápido. Natasha tinha acesso a algumas drogas que poderia facilmente matar ou deixar qualquer pessoa em agonia. Optou por fazer sofrer este homem dado o seu envolvimento com menores que a repudiava.
Quando terminou, encaixou o seu corpo mutilado a sangue frio no bidão que se encontrava cheio de ácido. Não existia mais qualquer vestígio de Ricardo Neves.