3; aguentar e manter

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09.07.2022

Uma semana se passou desde o ocorrido e de lá para cá de fato muito já se mudou, Taehyung em uma noite conseguiu com que seu futuro profissional elevasse ao topo novamente, indo de um ex jornalista desempregado à um escritor de não-ficção do criminoso mais falado do momento, isso que eu chamo de um glow up. Ele só não esperava que a primeira semana sendo escritor seria tão turbulenta, e que ao conhecer o personagem principal de sua futura obra ele daria de cara com o perigo, e agora é tarde demais para voltar atrás. Taehyung mergulhou em um mar fundo demais e ele só percebeu isso quando estava se afogando, mas para entendermos melhor o porquê dessa reflexão teremos que voltar no tempo, indo então para aquela noite, naquele sábado onde nas veias do Kim corria apenas felicidades.

Flashback "Sábado passado"

Abraços e taças se contemplavam, corpos se grudavam e se moviam conforme a música. Lalisa acabou ficando próxima de Sehun juntamente com Taehyung, algumas horas a mais se passaram, números foram trocados e quando era aproximadamente 3h da manhã todos foram para suas casas e com o Kim não foi diferente. O álcool que estava em seu organismo o fez cantarolar nos corredores dos prédios recebendo alguns "Cala a boca" por onde o mesmo passava, mas nada o abalou, ele continuou cantando até adentrar em seu apartamento e cair no sono ali mesmo no sofá.

Na manhã seguinte a dor de cabeça se fazia presente, Taehyung se levantou do sofá ainda sonolento indo em direção à cozinha onde em cima do armário tinha algumas cartelas de comprimidos e entre uma delas estava uma que provavelmente melhoraria sua dor de cabeça. Tomando-a e comendo uma banana ele vai para seu quarto jogando-se na cama.

"Que noite..."

Aquele era o pensamento de Taehyung, e é totalmente plausível, afinal, tanto havia acontecido que era passível até mesmo de ser julgado irreal. É engraçado como os ciclos acontecem e desacontecem entre as linhas do tempo. Coisas que julgamos ser infinitas têm datas de validades tão próximas quanto seu próprio próximo respirar. Taehyung achou que seria jornalista para sempre, que cresceria dentro da rede de jornais que no fim estaria no topo daquela rede comandando tudo, por pura meritocracia, que inocente esse menino...

Seu celular tocou para finalizar aquele pensamento, e o Kim desfez dos mesmos em um belo "despertar", atendendo a ligação de um número desconhecido ele se deu por conta de que se tratava de Oh Sehun.

— Bom dia meu escritor! Espero que não esteja de ressaca pois ainda hoje iremos dar o primeiro passo de nossa jornada literária. – a voz mecânica de Oh demonstrava uma animação evidente, totalmente oposta à de Taehyung que assim como Sehun previa, estava de ressaca.

— Bom dia Sehun, parece mesmo que você adivinhou... – O mesmo riu – Mas não se preocupe, pode falar que eu cumprirei minha missão.

— Hoje iremos visitar o Min Yoongi na cadeia! – ao escutar aquilo, Taehyung sentiu um misto de sensações e todas se mantinham sendo incógnitas – Já consegui a autorização judicial, vamos ter direito a 40 minutos de conversa com ele!

— Isso é... Ótimo! Quando vamos?

— Hoje! Às 16h30m, tudo bem por você?

— Claro, claro... Nós nos comunicamos ao decorrer do dia...

Taehyung não sabia explicar os "porquês" de sua ansiedade, da inquietação de seus pensamentos. Não havia "nada demais" em Yoongi, era apenas mais um criminoso, entrevistas o Tae sempre esteve habituado a fazer, então por quê?

Algumas horas depois...

Quanto mais as horas se aproximavam mais o coração de Taehyung palpitava forte, o nervosismo era sua maior agonia. A falta de fundamento para tal sensação era o que lhe deixava mais irritado e talvez o que mais o motivava a querer entrevistar logo o Min. Com a chegada do horário marcado, o agora escritor se dirigiu em seu carro até a penitenciária de Seul onde ainda no estacionamento se encontrou com seu mais novo amigo e chefe. Eles não mantiveram nenhum diálogo importante, apenas se cumprimentaram e seguiram até a entrada da penitenciária. Lá eles passaram por um processo de revista desnuda... As feições de ambos ao serem revistados eram totalmente arbitrárias. Enquanto Taehyung se mantinha sério, quieto e relativamente tímido, Sehun sorria malicioso e olhava para o Kim provocativo mesmo sem dizer nada o ar que ele passava era intimidador, mas não em um tom assediador, mas sim sexy...

— Preparado para o abate? – Sehun disse enquanto terminava de se vestir.

— C-Como assim? – Sehun riu por alguns segundos após o comentário do Kim.

— Estou me referindo à entrevista com o Min Yoongi, seu bobo.

— Ah... – Tae por fim riu de sua própria inocência (ou seria malícia?) – Acho que estou.

Eles foram até uma sala e ao chegar na porta eles foram parados por um oficial o qual pediu o documento de autorização para deixá-los entrarem. Sehun entregou o papel e após algumas lidas e relidas o oficial autorizou a entrada de ambos.

O silêncio se estendeu por alguns minutos e enquanto isso Taehyung tinha seu corpo tomado de um nervosismo disfarçado, com o gravador em cima da mesa e com um bloco de notas ele se sentia revigorado fazendo o que ele sempre amou fazer, apesar de agora ser em um contexto diferente.

Antes que eles pudessem reclamar da demora um outro oficial chega acompanhado de Min Yoongi que não contestava nada. O traje alaranjado o dava um ar de perigo sofisticado, atraente e ao mesmo tempo perigosamente elegante. Madeixas descoloridas e levemente amareladas, lábios rubros e pele extremamente pálida, a sua presença dele causou no lugar um clima enigmático, hostil e ligeiramente amedrontador.

— Boa tarde, Min Yoongi. Eu sou Kim Taehyung e esse atrás de mim é o Oh Sehun, ele está me acompanhando nesta entrevista. Tudo bem?

— Haha... Irônico você perguntar a alguém que está preso se ela está bem. – de imediato Taehyung percebeu seu erro inconveniente.

— Verdade, mil perdões. – Taehyung ligou o gravador, abriu o bloco de notas e em um "click" preparou sua caneta para as suas futuras anotações – Irei fazer algumas perguntas, acredito que nessa altura do campeonato você já deva saber do nosso interesse em escrever um livro sobre você. – Yoongi assentiu ainda com expressões neutras – Poderia me falar um pouco sobre a sua infância? Como era seu comportamento, como era como aluno, filho, amigo.

— Eu nasci em Daegu, minha mãe morreu no meu parto e eu fui criado pelo meu pai que era um alcoólatra fodido. Mas aí eu me cansei do filho da puta e o matei. – Todos ficaram em silêncio, em choque com a "confissão" – É brincadeira. A verdade é que eu sempre tive uma vida fácil, meus pais eram donos de um restaurante muito conhecido na minha cidade. Eu sempre estudei em escola particular com ótimos professores e sempre fui muito aplicado nas matérias, minhas notas eram as melhores da turma. Mas quando eu tinha 17 meus pais foram em uma viagem de negócios e sofreram um acidente de carro, minha mãe morreu na hora e meu pai ficou em coma por meses, mas no fim eu pedi para que desligassem os aparelhos. Ele não iria resistir de qualquer forma, o deixar ali era mais uma tortura do que um ato de esperança. Então fiquei órfão aos 18, vendi as ações do restaurante, minha casa e juntei todo o dinheiro além da herança e me mudei para Seul, comprei uma mansão com o dinheiro e entrei pra faculdade de direito, mas não passei nem do segundo semestre.

— Deve ter sido uma decisão muito complicada pra você ter que abdicar de seu pai dessa forma.

— Não sei... Acho que foi, mas ao mesmo tempo não lembro de ter sofrido com isso. Eu apenas agi, sem mais e nem menos.

— Entendo. Mas como você saiu de uma vida luxuosa e honesta para então o que o trouxe até aqui?

— Eu não sabia o que fazer, eu tinha uma vida feita, fato. Mas eu queria mais do que isso. O dinheiro uma hora iria acabar, eu precisava agir.

— E o que te fez agir? O que ou quem te fez cometer esse crime? – Antes que Yoongi pudesse responder eles foram interrompidos pelo carcereiro.

— Os 45 minutos foram atingidos, eu os convido a sair.

"Aguentar e manter mais isso"

Continua...

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