A luz jorrava das janelas.
O salão principal era enxurrado por burburinhos.
Mais uma criança teria um fim trágico.
E naquele dia, eu estava lá.
Foi em uma das poucas vezes em que recebi uma folga; um dia inteiro, para ser mais exato. E por falta de opções melhores, vaguei até um bairro nobre de uma cidade cujo nome já não me lembro. O Vento-do-Norte se enroscava nas construções corpulentas. Era verão, porém, me surpreendi com o frio que fazia naquela tarde violeta, e com o breu que se avizinhava no horizonte.
Me distraí brevemente com o clima, e quando notei, estava em frente à Mansão Soleil. Não era diferente das outras mansões em meados de 1830, sua estrutura enorme e ameaçadora, também luxuosa e galante, se estendia por boa parte da rua e, assim como outras mansões iguais a ela, se erguia desafiando as nuvens com seus variados detalhes vitorianos. A única coisa que a destacava das outras naquele dia era que apenas ela parecia carregar o sol em seu ventre.
Um baile de máscaras ocorria com todo seu esplendor lá dentro, comes e bebes passavam de pessoa para pessoa com a ajuda dos empregados, e todas as conversas juntas se transformaram em barulhos animalescos, indistinguíveis. Me infiltrei em silêncio, e como esperado; ninguém percebeu minha presença.
Senti tontura por alguns instantes por causa da bagunça de vestidos, paletós, cartolas, penteados exuberantes e máscaras, até que encontrei um lugar consideravelmente vazio, atrás de uma mesa onde serviam cidra de maçã e em frente à passagem que dava ao pátio.
Durante minutos, as coisas fluíram com a felicidade que era de se esperar. Caso a mansão estivesse boiando em meio ao vazio e não houvesse sequer uma alma além dos portões, eu diria que aquelas pessoas agiriam da mesma forma, pois, naquele momento, eles se esqueceram que havia um mundo muito maior do que aquela bolha de luxo impenetrável. E devo dizer que eu também me deixei enfeitiçar, aquela aura humana era chamativa, por mais simples que fosse, e quando me dei conta, era só mais um espectador invisível.
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III.ㅤ𝗩𝗘𝗟𝗔𝗦 𝗣𝗔𝗟𝗜𝗗𝗔𝗦
Короткий рассказㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤAS CRIANÇAS AZARADAS ㅤ ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤconto três ❨ +12 ❩ ㅤ ㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ DIANA tinha medo do escuro, ㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤ o que não seria um problema, ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤ mas por sempre precisar de ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤ uma vela para iluminar seu ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ caminho, acabou se...