Dor.

Dor.

Acreditem ou não mas as palavras têm poder, a fala é tão poderosa quanto a mão de Deus, mesmo que eu não tenha esquecido jamais das facadas em meu coração eu nunca desejei o mal dele, sempre quis que ele visse até minha casa - como ele sempre veio - e pedisse desculpas pelas palavras sujas e ignorantes que ele praguejou sobre mim. Eu tinha tanta esperança disso acontecer que sempre estava no sofá da sala olhando pra porta esperando batidas ali pra que eu abrisse e visse seu rosto bonito com uma feição abalada e arrependida, iria o acolher em meu conforto e escutar com o coração aberto suas palavras mas agora, agora eu só quero seguir a minha vida sem ele mesmo que seja tão difícil, quero apagar da minha memória a forma pela qual eu me humilhei na frente dele.

Nunca mais, nunca mais eu faria umas coisas dessa. Eu não imploro mais companhia de ninguém e nada que alguém possa me dar, eu estou sozinho agora dando o melhor de mim para mim mesmo. Sentia vingança crescendo em mim, sentimento de raiva sempre que eu o olhava na escola e esse era o nosso último ano juntos, ele nunca mudou, rindo e sempre cheio de garotas ao seu redor e ao redor dos seus amigos mas nem sempre era assim, ele era ignorante às vezes com os brother. Hilário.

Agora, eram quase 5 da manhã e eu estava terminando de marotonar haikyuu enquanto estava coberto com 3 cobertores e 3 travesseiros. Não tinha conforto melhor que isso e nem momento, o volume baixo da tv e meu copo vazio e sujo de coca-cola jogado no chão, meus olhos pesavam pelo sono mas eu queria terminar de assistir aquela última temporada ainda hoje. Então logo eu despertei com alguém espancando minha porta, meu coração quase saia pela boca pelo susto e medo de ser alguém querendo invadir minha casa e.. e o pior. Olhei pela janela tão receoso e bufei deixando um soco na parede cheio de ódio.

- o que você quer aqui, seu idiota?

Assim que abri a porta com tudo o olhei fixamente, não estava acreditando que ele veio até aqui ainda mais batendo na minha porta como se estivesse na casa dele, seus olhos mal paravam abertos e sua boca inchada escorria sangue com saliva. Ele falava algumas coisas e eu não conseguia entender, deixei que ele entrasse porque no fundo eu era um imbecil de coração mole. Tranquei a porta e dei umas voltas pela sala enquanto ele capotava em meu sofá, estava tão desacreditado, porque logo minha casa?

- sai do meu sofá, você não vai sujar ele com esse seu sangue imundo. 

Puxei seu braço fazendo com que ele caísse no chão, ajuntei minhas cobertas com os travesseiros e segui pra os deixar sobre minha cama já quando voltei ele ainda estava no mesmo lugar apagado. Eu jamais faria uma coisa dessas se minha chama estivesse acessa, se ele não tivesse nojo de mim então desliguei a televisão e fui finalmente dormir. Não dormi, fiquei acordado olhando pra porta aberta e pensando em como ele estava e se ele levantasse.

09:46.

Já estava de pé no banheiro escovando os dentes, havia dormido tão mal essa noite, esse era o efeito que ele estava causando em mim. Já ele estava na sala sentadinho no sofá olhando pro nada e com certeza com muita dor.

- dia pra você.

Passei por ele e segui até a cozinha indo preparar algo pra mim comer, ele nada disso. Melhor assim.

- pode ir embora Jeon, você já está sóbrio o suficiente pra saber que você não pode caçar briga por aí. Cadê seus amigos lá ein?

- não faz assim, jimin..

a voz rouca e falha dele fez com que arrepiasse e perdesse o foco do meu planejamento, me trouxe saudades e fez com que eu lembrasse quando ele dormia aqui ainda e acordava ao meu lado.