Quebrado

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O clima estava frio, do céu pequenas gotículas caiam anunciando a chuva que viria.

Um homem loiro caminhava pelo corredor mal iluminado em direção a cozinha. Ao chegar em frente a uma porta que estava entreaberta, parou e olhou dentro do cômodo.

Observou o ser de cabelos negros sentado na poltrona que encarava a janela com um olhar perdido, uma de suas mãos estava sobre sua barriga em um aperto leve.

Doflamingo suspirou e seguiu seu caminho. Preparou algumas torradas e biscoitos com suco natural e arrumou em uma bandeja, dessa vez voltando ao quarto de antes.

- Croco? - O citado olhou para o Donquixote ainda com um olhar perdido.

- Eu trouxe seu lanche, você tem que se alimentar bem. - Falou calmamente, sabia o estado em que o outro estava e tinha que ter paciência com ele.

Crocodile estava com seus oito meses de gestação, era para ser algo feliz e especial, mas para o mesmo era um pesadelo.

Com seus dezenove anos descobriu que estava grávido, seu mundo desmoronou, ele viu seus sonhos serem destruídos e sua vida virando do avesso.

E quando contou ao pai do bebê, ele recebeu palavras cruéis que partiram seu coração em milhões de pedacinhos. Seu amado tinha o abandonado e o deixado para cuidar daquela criança sozinho.

Ele chorou durante várias noites desesperado, até o dia em que nenhuma lágrima saia de seus olhos e ele apenas se sentiu vazio e sem vida. 

Doflamingo, seu melhor amigo, sempre ficou ao seu lado. O Donquixote viu todo o sofrimento que Crocodile passou e sempre cuidava do mesmo, e ainda cuida.

O loiro entregou uma das torradas e Crocodile comeu lentamente. Ele odiava isso, só queria se livrar de todo esse sofrimento e voltar a ter sua vida normal de novo.

- Semana que vem tem consulta, vamos durante a tarde, ok? - Doflamingo avisa recebendo apenas um aceno.

Enquanto comia, Crocodile sentiu alguns chutes em sua barriga, olhou irritado e soltou um resmungo.

- Ele parece bem animado hoje - Doflamingo deu um pequeno sorriso.

- Tomara que essa coisa saia logo, não aguento mais isso...  - Sussurrou e voltou seu olhar para a janela onde já se podia ver a chuva batendo contra o vidro.

Crocodile sentia dores em suas costas e seus pés e seios estavam inchados, ele sentia tanta falta de poder andar livremente sem se preocupar se conseguia se levantar sozinho ou não.

- Não fale assim, Croco - Acariciou a barriga avantajada e sorriu ao sentir um pequeno chute contra sua mão.

O Donquixote podia não demonstrar, mas ele já sentia um carinho enorme pela criança que ainda não tinha nem nascido.

Entregou o copo de suco de laranja para o outro e esperou até que ele terminasse.

- Descanse um pouco, depois venho fazer uma massagem em você - Doflamingo foi em direção a porta e saiu do quarto.

- Tsk... - Crocodile encarou sua própria barriga e fincou suas unha em um aperto - Por que não saí logo daí? - Lágrimas grossas desciam manchando a pele pálida - Você só estragou a minha vida...

Rejeição, Amor e CuidadoOnde histórias criam vida. Descubra agora