Capítulo III

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          Acordo com uma das aeromoças cutucando meu ombro esquerdo, pelo jeito dormi mais do que deveria. Olho para os lados e não vejo ninguém dentro do avião.
          Pego minha mala e vou em direção à saída. Está quase amanhecendo, pensei que o vôo seria mais rápido. Saindo do avião, pego meu celular e envio uma mensagem de texto para Evelyn.
"Acabei de chegar, na verdade dormi no avião e acordei agora. Me passa seu endereço por favor."
Meu celular começa a tocar, é minha irmã.
— Michael? Já chegou?. - diz Evelyn ansiosa
— Sim, mandei mensagem para você, mas acho que não foi enviada. - digo suspirando.
— Está cansado? - diz Evelyn preocupada. - Vou pedir para o Jhon ir te buscar. Onde você está?.
Olho para algumas placas ao meu redor, e vejo uma com o nome do aeroporto. Charles de Gaulle.
          — Estou no aeroporto Charles de Gaulle. - digo olhando para a placa.
          — Beleza, vou falar para o Jhon ir aí te buscar. - diz Evelyn calmamente.
          Evelyn desliga, acho que vai demorar um pouco. Então decido comer alguma coisa. Vou em direção à cafeteira do aeroporto. Espero que meu francês não falhe neste momento.
Chegando na cafeteria, vejo a atendente e vou em direção à ela. Peço dois Croissants e um Capuccino. A atendente é baixa, cabelos loiros presos em um coque, pele clara e lindos olhos verdes.
Enquanto como os croissants, percebo que um homem alto de aproximadamente 1,90 de altura se aproxima de mim, ele tem pele clara, cabelos pretos, e está usando óculos escuros, calça jeans preta com alguns rasgos e uma camisa manga longa branca, deve ser Jhon. Meu cunhado.
          Jhon chega até mim e diz:
          Oi Michael, tudo bem? - diz Jhon sorridente. - Evelyn me pediu para vir buscar você, vamos?.
          Oi Jhon, estou bem, obrigado por perguntar - digo com a mão na frente da boca enquanto mastigo. - vamos sim, acabei de comer.
          Andando até à saída do aeroporto, sinto um vento gelado, agora entendi o porquê de Jhon ter se vestido desse jeito. Vamos em direção ao carro de Jhon, é preto, com bancos beges é um volante branco, gosto do contraste das cores.
          — Primeira vez em Paris Michael?. - diz Jhon enquanto gira a chave para ligar o carro.
          — Sim, tive outra oportunidade para vir, quando Evelyn me chamou para ir com ela, mas eu neguei o convite devido ao trabalho - digo cruzando os braços. - e você Jhon?.
          — Daqui há dois meses vai fazer 6 anos que estou aqui na França. - diz Jhon sorrindo enquanto olha para a estrada.
          — Como é o clima aqui em Paris?. - pergunto para ele enquanto esfrego minhas mãos nas minhas pernas.
          — Para ser sincero, as vezes é bom e ruim, no verão é ótimo para ficar fora de casa e fazer caminhada, mas no inverno ninguém sai de casa, porquê faz um frio insuportável. - Jhon começa a rir enquanto fala.
Ficamos em silêncio por um tempo, até que eu resolvo quebrar, dizendo:
— Faz quanto tempo que você e Evelyn estão juntos?. - pergunto enquanto tiro meu celular do bolso.
          — Há uns 3 anos, nós pretendemos noivar ano que vem. - diz Jhon com um sorriso.
          Sinto que esse assunto não irá para frente, então tiro meu celular do bolso e conecto no bluetooth do carro de Jhon.
          — Qual música você vai colocar?. - Jhon me pergunta com os olhos fixos na estrada.
          — Não sei, dá uma sugestão - digo enquanto passo os dedos pelos álbuns de músicas. - estou indeciso.
           Jhon estaciona próximo à Pont des Arts, nisso ele já pega meu celular e começa a olhar os álbuns. Olho para o lado e vejo um casal colocando um cadeado na ponte, já pesquisei sobre o significado, e desde então tenho um sonho de fazer o mesmo com o amor da minha vida.
          — Michael? - ele me cutuca. - está tudo bem?.
          — Ah, sim sim, eu só estava um pouco distraído, desculpa. - digo enquanto me ajeito no banco.
          — Achei uma música, não sei se você conhece - Jhon me entrega o celular. - se chama Parle à ta tête. Vi muitas pessoas escutando aqui na França.
          Aperto o botão play, a música tem uma batida animada, noto uma voz familiar. Indila, essa é a voz de Indila.
          — Não conheço, mas conheço a voz da cantora. É Indila. - digo sorrindo olhando para Jhon.
Jhon liga o carro novamente e vamos para casa, encosto minha cabeça na janela e fecho os olhos, sem perceber acabo caindo no sono, estou muito cansado.
Sinto alguém me cutucando, viro para o lado com os olhos semicerrados e vejo que são Jhon e Evelyn.
— Finalmente, estávamos tentando te acordar há quarenta minutos. - Jhon disse enquanto tirava o cinto de mim.
          — Desculpa, estava morrendo de sono. - digo em um bocejo.
          Saio do carro e Evelyn me abraça muito forte, dá para sentir seu calor e afeto.
          — Eu estava com saudade de você, nunca mais fique longe de mim. - Sinto lágrimas escorrerem em meus ombros. Evelyn me aperta mais forte.
          — Não vou, serei sua sombra daqui para frente - Passo minha mão direita pelos seus cabelos castanhos, pego uma mecha e enrolo no meu dedo indicador. - não chore, agora estou aqui.
    Me afasto do abraço, vou para o porta-malas para pegar minhas coisas. Evelyn e Jhon me esperam na entrada, vou em direção a eles. A porta é bem grande, deve ter uns quatro metros de altura, é em madeira de com um puxador prateado. Bem a cara de Paris.
    Ao entrarmos vejo que a casa é repleta de cor, a faixada engana. Pisando os pés no Hall de entrada já posso ver um pé direito alto, com um lustre pendurado. Nossa, eu não esperava por nada disso.
    — Então Michael, qual é o motivo da sua vinda a Paris?. - ao perguntar Jhon se senta no braço do sofá.
    — Fui demitido em Chicago, e estou cheio de dívidas, então liguei para Evelyn para pedir uma quantia de dinheiro emprestada, mas ela me chamou para morar aqui por um tempo. Provavelmente até eu achar um emprego. - digo um pouco envergonhado, nunca tinha dito nada sobre meu emprego para ninguém, ou melhor, antigo emprego.
    — Entendi. - diz Jhon de forma seca.
    — Onde fica o meu quarto? Acho que vou tirar mais um cochilo. - digo em meio a um bocejo.
    — Vem, vou levar você até lá. - Jhon pega minhas malas e vai na frente.
    Vamos até às escadas, são em madeira escura, com um corrimão de vidro meio esverdeado. Ao chegar no segundo andar da casa vejo que há muitas pinturas, e todas com a assinatura de Evelyn.
    — Nossa. - prolongo a frase enquanto passo as pontas dos dedos em uma das pinturas. Não acredito que ela pintou o palácio de Versalhes.
    — O que disse?. - Jhon se vira para mim.
    — Ah... é... nada, só estava observando a pintura de Evelyn. - gaguejo, mas pelo susto que levei ao ver Jhon se virando rapidamente.
    Entramos em um corredor largo onde havia mais pinturas, Jhon destranca uma porta à esquerda e a abre, o quarto é bem grande, pelo menos maior que o que eu tinha em Chicago. As paredes tem duas cores, onde a cama está encostada é um Azul Petróleo, mas as outras paredes são em Azuk Tiffany bem clarinho. Essa combinação ficou esplêndida.
      — E aqui é seu novo quarto, e seu banheiro fica aqui em frente - Jhon aponta para a porta do outro lado do corredor. - seu closet fica ao lado da escrivaninha, é bem espaçoso, mas acho que não vai caber todas as suas roupas. - ele dá uma risadinha.
      — Muito obrigado, de verdade. Tenho certeza que vamos nos dar muito bem juntos. - aperto sua mão sorrindo.
      Assim que Jhon sai do meu mais novo quarto, eu tranco a porta e começo a organizar um pouco, coloco meu MacBook na escrivaninha. No closet coloco apenas as blusas nos cabides, vou tirar um cochilo. Depois que acordar eu arrumo.
      Tiro meus sapatos e os jogo para perto da porta, me deito na cama King Size e me cubro com o edredom branco, viro para o lado direito e logo eu apago.

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