A casa estava barulhenta. Durante toda a tarde, Gojou e Itadori faziam brincadeirinhas bobas entre eles, como cenar na sala o Titanic afundando ou cantando um metal pesado no karaokê. Dá para dizer que Mahito achava divertido e participou do afundamento do Titanic -como não tinham um navio, serviu derrubar o sofá para trás. Inclusive, ele era o iceberg-, enquanto Suguru e Sukuna ficaram resmungando e reclamando o tempo inteiro. Por mais que se desgostassem, eles tinham um humor um pouco parecido para certas coisas, Geto conseguia ser bem mais divertido as vezes. Mas quando a noite caiu, surpreendentemente estava um silêncio moderado.
Eram 19h, Sukuna estava cansado por passar a maior parte do tempo organizando os móveis e todas as coisas do seu quarto, tendo que lidar não só com isso, como suportar a existência de Itadori na mesma casa que ele, por mais que se sentisse estranhamente bem perto dele. Malditos sentimentos de um ex-adolescente.
Retirou suas roupas e enrolou uma toalha na cintura, saindo do quarto e indo em direção do banheiro que estava no meio do corredor. Parou frente a frente com Itadori que também estava com uma toalha na cintura, o olhando fixamente e com o rosto pouco corado.
Sukuna — Vou tomar banho agora.
Itadori — Eu também vou...
Sukuna — Você ia.
Os dois tentaram passar pela porta ao mesmo tempo, percebendo que ambos ficariam presos na porta pelos corpos estarem sendo pressionados um pelo outro contra o batente de madeira. Itadori tentava sair enquanto Sukuna permanecia tentando entrar no banheiro. Quando finalmente se desprenderam, puderam sentir um peteleco na nuca, era um pouco forte e se incomodaram com a leve dor.
Gojou — Itadori, já falei que é bem estranho ficar andando só de toalha pela casa, alguém pode te ver pela janela. — Riu. — Eu trouxe teu pijama, da próxima vez tire as suas roupas dentro do banheiro. — Entregou o pijama de cor amarela, que possuía uma estampa infantil de picolés azuis.
Sukuna — Que porra é essa?
Itadori — Eu vou tomar banho, e obrigado Gojou-san!
Gojou — De nadinha! Só não pode banho de 1 hora! — Viu o menor entrar no banheiro e sorriu com a cara de tacho que Sukuna havia feito. — Vai ter que esperar, viu? — Riu e saiu do corredor, descendo as escadas e deixando o de cabelo rosado por ali.
Permaneceu de frente para a porta e observando. Ouviu o barulho do chuveiro sendo ligado mas não ouviu o som da porta sendo trancada, se aproveitando disso, apenas abriu a porta que estava realmente destrancada, lembrando que logo quando chegou na casa, Satoru havia lhe dito que uma das portas da casa estava com o trinco quebrado e este era a do banheiro principal -já que o segundo banheiro estava em reforma, próximo à sala-.
Yuuji olhou nos olhos avermelhados do mais velho e piscou algumas vezes, não se importando nem um pouco com a presença dele no mesmo local que ele, até vê-lo tirando a toalha e colocando pendurada no suporte.
Itadori — O que pensa que está fazendo? — Ele sempre foi um cara curioso, mas evitaria ao máximo olhar para cima e não encarar demais, é a mesma coisa que foi ensinado a ele em banheiro público.
Sukuna — Você é um completo tapado, parece que faz essas coisas para me irritar. Tinha o dia inteiro para tomar banho, e foi justamente na hora que eu também ia? Bem, eu não vou te tirar daí, mas também não ficarei aqui esperando você sair. — Falou com a voz calma, a feição plena como se não fosse tomar banho com o outro. Tinha sim algumas considerações como privacidade, mas foda-se. Fechou a porta do banheiro e apenas entrou no box.
Itadori — Que estranho.. é... quer ajuda ou algo assim?
Sukuna — Não, não me toque ou te faço engolir esse sabonete. Só me diz, porque toma banho com o box aberto? — Perguntou ele, virando para o lado oposto de Yuuji e tendo as costas sutilmente se tocando.
Itadori — Se o ralo entupir e a água começar a subir? Eu posso me afogar! Então deixa aberta! — Estapeou a mão de Sukuna assim que viu segurando na pequena "maçaneta" do box de vidro.
Sukuna — Namoral', eu não vou nem comentar. — Pegou o sabonete líquido que estava sobre uma pequena prateleira ao lado esquerdo.
"Passaram-se 5 anos e ele não mudou", pensou consigo mesmo.
Eles ficaram em silêncio durante todo o banho. Estava sim meio desconfortável, mas seria pior caso estivessem frente a frente, se encarando. Ryomen ficava apreensivo com algumas coisas, lembrava-se bem do que havia acontecido a alguns anos e a maneira que Itadori encarou a situação não havia o agradado nem um pouco, poderia ser melhor, mas era realmente difícil olhar para ele diretamente, ainda mais naquele momento.
Tomou um leve susto quando ouviu a porta do banheiro sendo aberta, e poderia ser qualquer um, mas era justamente Mahito, o que ficava o dia todo falando e não calava a boca nem que o ameaçassem com uma arma em sua cabeça, e se houvesse uma ele já teria o matado.
Mahito — Eu ia só escovar os dentes, mas eu não quero ser empata foda — Deu um sorriso largo e continuava observando, sem sair da porta do banheiro.
Itadori — Empata que? Sai daqui Mahito!
Ouviram de longe a voz animada de Gojou que gritava "EU SOU EMPATA FODA!", sendo isso uma perdição para Sukuna, que desde o dia que apresentou Yuuji para o de cabelos claros -isso quando ainda crianças-, não o largou mais e pareceu gostar mais de Yuuji do que dele. O que deixou ele puto. E se lembrava bem, Gojou era super protetor, e não era mentira, fazia absurdos e arrumava briga no colégio por causa de um imbecil. Errado não estava, porque ao ver Satoru entrar no banheiro e ver os dois juntos dentro do box, pareceu não agradá-lo.
E não agradou.
Gojou — O que é... isso?
Definitivamente, não agradou.
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Your Attention (Sukuita)
RomanceRyomen Sukuna se encontrava numa situação desconcertante, na qual envolvia a falta de dinheiro para pagar o aluguel e se obrigar a morar com Gojou, um palhaço que lhe deu a oportunidade de morar ""de graça"" junto com outros 4 idiotas. As coisas já...