Único

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Zenitsu acordou no meio da noite totalmente desorientado.

Ele, Tanjirou e Inosuke estavam desfrutando de um de seus raros momentos de paz em uma casa de glicínias. Suas últimas missões tinham sido deveras estressantes, então era bom finalmente poder descansar com a garantia de que não seriam atacados por onis de repente.

O loiro virou-se em seu futon à procura de aconchego, mas imediatamente sentiu falta de algo, ou melhor, alguém.

Tanjirou Kamado, seu namorado que estava à dias reclamando que não conseguia dormir direito e que sempre dividia o futon consigo na hora de dormir não estava ao seu lado naquele momento.

Isso foi o suficiente para acordar o loiro que apesar de ainda estar morrendo de sono, se sentou em seu futon. O lençol que estava sobre a sua cabeça caiu e ele analisou o quarto onde estava, ao lado do "futon de casal" (eram dois futons que o casal de namorados tinha unido para dormirem juntos) Inosuke roncava, babava e dormia em uma posição que Zenitsu não acreditava que era humanamente possível estar, no canto do quarto se encontrava a caixa onde sua cunhada oni estava provavelmente dormindo.

Só então Zenitsu percebeu que não ouvia a melodia gentil do Kamado o qual era perdidamente apaixonado, aquilo significava que ele provavelmente não estava no quarto.

E aquilo foi o bastante para preocupar Zenitsu, que estranhou a ausência do namorado em uma oportunidade de dormir tranquilo; por isso colocou seu haori amarelo por cima de seu yukata de dormir devido ao frio que estava aquela noite e saiu do quarto em busca de seu futuro marido.

Sua "caçada" porém foi bem curta, rapidamente encontrou o garoto de brincos de hanafuda sentado na varanda da casa de costas para onde ele estava no momento. O loiro já estava prestes a chamá-lo de volta para a cama imediatamente; afinal como ele esperava que Zenitsu pudesse dormir se não estivesse nos braços do amor da sua vida?

Porém seus pensamentos foram imediatamente interrompidos quando ele finalmente prestou atenção no som de Tanjirou naquele momento.

A melodia gentil do Kamado estava extremamente melancólica naquele momento. Soava a tristeza e saudade, ele estava chorando, Zenitsu conseguiria perceber até mesmo se ele não contasse com aquela audição fantástica.

O Agatsuma obviamente se preocupou, se aproximou um pouco mais de seu namorado antes de chamar por ele.

—Tanjirou?— O ruivo imediatamente virou o rosto para o namorado, como Zenitsu esperava, ele estava chorando.

—O-Oi amor...— Imediatamente usou as costas das mãos para limpar as lágrimas de um de seus olhos rubi— O que... Tá fazendo acordado a essa hora...?

—Eu é que pergunto...— O loiro disse andando até o Kamado e se sentando ao seu lado estilo seiza— O que aconteceu...?— Tanjirou não respondeu de imediato, primeiramente voltou a olhar para os próprios joelhos os quais estava abraçando antes de responder.

—Eu... Tive um sonho...

—Um sonho...? Então foi um pesadelo?— Tanjirou negou com a cabeça.

—Não não... Foi um sonho muito bom... Foi tão bom que eu queria que fosse real... E é por isso que eu tô chorando...— Zenitsu arregalou os olhos surpreso por um segundo antes de voltar a falar.

—Quer... Falar sobre...?— Tanjirou soluçou um pouco novamente antes de acenar com a cabeça. Zenitsu ficou totalmente em silêncio apenas olhando para seu amante esperando que ele falasse.

—E-Eu...— Conseguiu colocar para fora depois de quase um minuto de soluços e choramingos— Sonhei que estava com a minha família... Todos eles... A Nezuko; a mamae; o Takeo; a Hanako; o Shigeru; o Rokuta... Até o papai e a vovó estavam lá, e eles nem...— Tanjirou não conseguiu terminar, mas Zenitsu entendeu imeditamente o que ele quis dizer— Eu... Fiquei morrendo de saudade quando acordei...

Zenitsu olhou para seu namorado com tristeza não conseguindo nem imaginar o quão ele devia estar sofrendo naquele momento. Se a sensação de nunca ter tido uma família já doía imagine a de perder uma?

O loiro quase chorou só de tentar imaginar a dor que a saudade provocava em Tanjirou. Não hesitou em passar os braços ao redor do corpo encolhido e choroso do Kamado em um abraço e trazê-lo para seu peito.

—Sinto muito, Tan... Isso deve doer... Eu sinto muito não poder fazer mais que isso, mas eu tô aqui pra você tá bom...?— Zenitsu disse, passando uma das mãos sobre a cabeleira cor-do-sol do namorado em um cafuné.

Ah, aquilo era tudo o que ele precisava.

O garoto de brincos de hanafuda escondeu o rosto no peito do Agatsuma e deixou seu choro se intensificar o máximo o possível enquanto se agarrava fortemente em seu yukata e seu haori enquanto soluçava e chorava relativamente alto.

—Z-Zenitsu... Obrigad-do...— Disse com dificuldade pois sua voz competia com os soluços que insistiam em sair.

—Não há de que...— Zenitsu disse com um sorriso fraco.

—Zen...

—Hm?

—Canta a música da minha mãe pra mim...? Por favor...— Pediu sem tirar o rosto do peito do Agatsuma.

Aquela não era a primeira vez que Tanjirou chorava daquele jeito pela saudade. De vez em quando o Kamado caía em lágrimas se lembrando de sua família e diversas dessas vezes Zenitsu estava lá para consolá-lo. Em um desses momentos de fragilidade, o garoto de brincos contou ao garoto raio sobre uma canção de ninar que sua mãe costumava cantar para ele e seus irmãozinhos quando eram pequenos e Zenitsu imediatamente resolveu que iria aprendê-la e cantaria para seu namorado sempre que ele estivesse naquele estado.

—Mas é claro...— Disse apertando ainda mais o abraço ao redor do Kamado.

E então os ouvidos de Tanjirou foram agraciados pelo doce som da voz de Zenitsu cantando a canção de ninar de sua mãe e seu choro se intensificou ainda mais, não era a mesma coisa que ouvir sua mãe cantar para ele obviamente, mas lhe trazia uma sensação de conforto e familiaridade que o fazia se sentir muito mais leve.

Zenitsu cantou a música três vezes como se fosse um looping. A medida em que a música se repetia o Kamado ia se acalmando até que seu choro seu choro cessar, deixando apenas algumas lágrimas que já haviam se formado anteriormente escorrerem por seu rosto.

—Se sente melhor...?— Tanjirou concordou com a cabeça antes de levantar o olhar para Zenitsu novamente, suas lágrimas ainda desciam mas ele tinha um sorriso no rosto.

—Muito obrigado... De verdade...

—Que isso, você não precisa agradecer, é o mínimo que eu deveria fazer— O loiro então presenteou o ruivo com um belo sorriso, um pequeno lembrete do por que ele o amava tanto.

As vezes Tanjirou se perguntava como ele foi o primeiro que se encantou por Zenitsu daquele jeito.

—Vamos pra cama? Você tem andado muito cansado esses dias e precisa urgentemente descansar— Chamou, fazendo o mais novo sorrir um pouco mais.

—Só se você vier comigo.

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

—Confortável?— Perguntou Zenitsu baixinho para seu namorado. Ambos estavam deitados em seu "futon de casal" com Tanjirou se agarrando em Zenitsu como se sua vida dependesse disso enquanto escondia seu rosto na curvatura de seu pescoço, sentindo com bastante intensidade o cheiro de pêssego e frutas doces que ele amava tanto.

—Muito...— Disse apertando o menor com mais força, este apenas sorriu e finalmente retribuiu o abraço.

—Que bom!

—Zen...

—Hm?

—Obrigado por tudo... Eu prometo que quando isso tudo acabar e a Nezuko voltar a ser humana eu vou te trazer pra casa comigo... E vou me casar com você...— Zenitsu quase chorou ali. Tanjirou estava prometendo a ele tudo o que ele mais queria no mundo: Uma família.

—Eu vou cobrar isso, tá bom...?— Disse se aconchegando mais no abraço.

Os dois dormiram muito bem aquela noite.

Canção de ninar[Tanzen]Onde histórias criam vida. Descubra agora