Capítulo I • À força do ódio

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— Qual a necessidade de eu participar da apresentação? — perguntou Soobin. — Eu não posso só ajudar na organização?

— A coordenação disse que todos os alunos do terceiro ano têm que participar — respondeu o professor. — Exceto se você não quiser ganhar a nota.

Soobin suspirou. Sabia que seria inútil discutir com seu professor, entretanto, não via necessidade ou sentido no papel que desempenharia na quadrilha. Afinal, não existe lógica alguma em existir um padre se os noivos forem casais homoafetivos.

Aliás, essa era outra coisa que não fazia sentido. A coordenação, em uma escola homofóbica como aquela, ter aceitado uma quadrilha onde a maioria dos casais não correspondia ao que, provavelmente, os pais estariam esperando.

Entretanto, o grande problema que motivara a criação de tal papel, um tanto quanto idiota, fora o fato de terem alunos em número ímpar na sala do terceiro ano. Então, ao ser cruelmente trocado por seu melhor amigo, Soobin acabou sem par, portanto, precisava de um papel que pudesse desempenhar sozinho.

Irritado, o garoto puxou os cabelos para trás e encarou novamente o professor. Decidiu que precisaria apelar mais se quisesse, de fato, ser dispensado da atividade.

— Professor, veja só: eu sou um ótimo aluno, tiro as melhores notas na sua aula e entrego todas as atividade — pontuou. — Não tem como o senhor interceder por mim na coordenação e aí... sei lá... me deixar ficar só nas barracas ajudando?

— Soobin, como você mesmo disse, você é um ótimo aluno, então vai se sair bem na quadrilha, ou pode não participar e mesmo assim sua média não será tão prejudicada, mas com certeza a falta dessa nota vai te derrubar algumas posições no ranking da turma.

— Não é como se mudasse alguma coisa, não é mesmo, Soobin? — perguntou o Yeonjun, se intrometendo na conversa — Ouvi dizer que suas notas estão em queda livre...

Soobin bufou impaciente. Não suportava aquele garoto. Achava-o intrometido, arrogante, chato, metido e todos os adjetivos negativos que conseguia listar em sua mente. Entretanto, se tivesse que escolher apenas um para descrevê-lo, certamente seria "irritante".

— Não se preocupe, Yeonjun — respondeu cruzando os braços. — Não vou te dar o gostinho de ficar em primeiro nesse trimestre, e minhas notas não estão em queda livre — rebateu —, mas não se pode dizer o mesmo das suas, já que tem tanto tempo para bisbilhotar as notas alheias...

Ambos se encararam por alguns segundos. Yeonjun desviou o olhar assim que ouviu o sinal que indicava o recreio e afastou-se rumo à porta. Soobin revirou os olhos. Virando o corpo rumo a saída e deu de cara com seu melhor amigo.

— Soobin, por favor me desculpa — disse o garoto arrastando o mais alto para fora da sala. — Juro que eu ia dançar com você, mas aí o Taehyun chegou e...

— E foi assim que perdi meu melhor amigo para um garoto popular que nem tamanho de gente tem — suspirou. — Lamentável!

— Me desculpa, Soobin — implorou com o olhar arrependido. — Se você quiser vou lá e desmarco com ele, aí danço com você.

— E perder a chance de te zoar pelo resto da vida da por essa sua cara de bobo apaixonado toda vez que você fica perto dele? Nunca!

— Você é ridículo — disse batendo com o indicador no peito do mais velho. — Eu aqui, preocupado com você, mas tudo que você pensa é em como me zoar depois.

Soobin riu sob o olhar indignado do amigo. Achava fofo o jeito que o mais novo olhava para Taehyun, assim como o olhar que ele recebia do garoto. Contudo, ambos eram tímidos demais para interagirem por conta própria.

Sangê de Fogo • YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora