O começo.

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- DIANA-

O despertador tocava sem parar ao cômodo ao lado do banheiro, onde eu estava acabando de vestir meu sobretudo. O barulho estridente martelava dentro da minha cabeça me atacando uma enxaqueca logo de manhã, fazendo com que eu desistisse de abotoar a peça cor de creme que vestia, e fosse em direção ao meu quarto para desligar o aparelho.

Assim que apertei o botão do despertador, o som cessou, mas não fez com que a minha dor cessasse também. Como, geralmente, eu acordava junto com o despertador às 6 da manhã eu estava com tempo sobrando aquele dia, e pude me sentir agradecida por não ter que sair correndo mais uma vez de casa deixando o risco de esquecer alguma coisa para trás me fazendo voltar para buscá-la.

Como todas as manhãs, tendo a diferença de que já estou pronta, abro as janelas do meu quarto deixando a claridade preencher o lugar. Deixo uma cama bagunçada para trás e sigo em direção a cozinha e bebo um gole de café já deixado na xícara e saio de casa a trancando.

O dia estava nublado, frio e pelo o que conferi no celular, provavelmente, teríamos uma pancada de chuva após o almoço. O que não me deixou muito feliz. Eu não sou uma pessoa que prefere o frio ao calor. Em dias de verões, posso sair de casa sem me preocupar em voltar ensopada mais tarde e não perco meu tempo vestindo algumas peças de frio, que me deixam parecendo um pinguim.

O departamento de polícia aonde trabalhava não ficava muito distante da minha casa, por isso preferia fazer o caminho caminhando do que tirar o carro da garagem. Em média, eu gasto 5 minutos caminhando até a delegacia e assim, posso aproveitar para ver coisas que costumeiramente, não vejo indo de carro.

O caminho até o trabalho é muito tranquilo se não considerar os vários desvios que precisei fazer pela calçada se não quisesse ser arrastada por alguém. As pessoas passavam como jatos ao meu lado, muitas das vezes esbarrando suas bolsas ou mochilas em mim. Então foi aí que me lembrei, havia esquecido minha bolsa sobre a mesa da cozinha, mas não podia voltar agora, pois o meu adiantamento de manhã iria se tornar um atraso. Teria que voltar para casa na hora do almoço para pegar a minha bolsa. Então, atravessei a rua assim que o sinal fechou e já estava em frente ao departamento de polícia que cobria a parte norte da cidade.

Assim que passei pela grande porta de vidro, já consegui observar o grande movimento que o saguão apresentava. Todos os dias eram assim, dificilmente podíamos respirar ali dentro. O clima dentro daquele prédio era sempre tão pesado que, quando inicie aqui como uma estagiária eu me sentia mal sempre, tendo que sair pelo menos umas três vezes para respirar um ar diferente.

- Bom dia, Jessie. - digo para a policial que fica no saguão recepcionando os civis, passando informações e coordenando ocorrências diárias. Ela parecia cansada logo de manhã, mas sorriu para mim.

­­- Bom dia, Diana. Como vai? Chegou mais cedo hoje. - ela dá um sorrisinho debochado, deixando claro que meus atrasos nunca passam despercebidos por ela. Mas é claro que não, -Jessie é os olhos e os ouvidos aqui no departamento. Ela sempre sabe de tudo.

- Vejo que não consigo esconder meus atrasos de você, Jessie. - dou risada - Mas então, parece que o plantão de ontem à noite foi animado. - me encosto sobre o amplo balcão onde Jessie se encontrava atrás. Eu sabia que era só perguntar isso para que seria o suficiente para ela me contar alguma novidade.

- O chefe está muito irritado hoje, estou até evitando de o ver. Não quero ser vítima do seu estresse. - ela diz se aproximando de mim. - Parece que os italianos preferidos dele estão dando problema mais uma vez. - sussurra para mim. Mas logo recompõem sua posição ao ver que uma mulher esperava por atendimento. O que ela disse fica ecoando na minha mente. Eu já tinha ouvido falar desses italianos por serem muito ricos e serem donos da metade da área norte da cidade. Era um assunto em alta quando cheguei para estagiar aqui, mas não fazia parte do meu setor na época. Eu era encarregada de documentar arquivos de casos policiais, mas era quase impossível não escutar pelas paredes falarem sobre esses italianos.

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