(Re)Encontro - Pjm + Jjk

01 - Não há chances de dá merda, há?

Quer dizer, eu só vou fazer um trabalho de escola com Jeon Jungkook sobre cadeia alimentar, para recapitular uma matéria que a maior parte da turma teve a cabeça de vento de esquecer, o que há de mal nisso?

Eu respondo: nenhuma. Mas as lembranças ainda estão frescas em minha mente, o ponta pé que eu levei doeu até de mais já que Haneul foi o primeiro garoto que eu gostei de verdade, foi o primeiro garoto que eu beijei em toda a minha vida, e até então foi o único já que não me sinto atraído tão facilmente por ninguém.

Eu lembro do Jungkook, a gente conversava bem pouquinho e de vez em nunca quando éramos crianças mas eu ia em sua casa mais para brincar com Haneul, seu irmão gêmeo e idêntico ainda por cima.

Vamos começar direito? Vamos! Me perdoe pelas paranóias sem pé e nem cabeça, até porque a treta toda começou entre eu e Haneul, nós éramos melhores amigos até os dezessete anos, que foi quando demos o nosso primeiro e único beijo, foi algo simples, natural e gostoso, um momento só nosso em meio de toda a confusão que a minha cabeça sofria por eu não conseguir me aceitar como bissexual, foi nesses poucos segundos que eu senti que não estava fazendo nada de errado, eu só estava apaixonado de verdade e tinha a reciprocidade, ou melhor, a ilusão. Logo depois, ele ficou entranho comigo quando eu abri o jogo ao dizer "eu vejo você, Haneul", frase que fez sentindo já que tínhamos acabado de assistir "Avatar", filme do qual nós emocionamos e muito,  o afastamento veio com tudo, sem nenhuma explicação a não ser "não podemos ficar nos falando, não é só os nossos sentimentos em meio a tudo isso".

Sinceramente, eu não consigo entender essa frase até hoje. Que outros sentimentos poderiam ter além dos nossos? Por que ele tinha que me largar desse jeito e ainda no dia seguinte? Passamos por tantas coisas, conversávamos sobre tudo, tínhamos segurança com o outro mas tudo foi mandado para os ares... Se eu soubesse, não teria me deixado levar, eu gostava tanto da nossa amizade que o beijo não valeu o preço de perde-la.

Como vocês perceberam, Jungkook não tem nada haver com essa história, ele sempre foi apenas um telespectador que vez ou outra participava de nossas aventuras, mais físicas do que emocionais. Não compartilhavamos a mesma conexão, mas eu lembro que gostava muito dele por conta do seu intelecto gigantesco para uma criança na época, isso reflete até hoje já que, mesmo ele sendo um ano mais novo que eu, estuda comigo enquanto Haneul está dois anos a menos que a gente por ter repetido de ano.

Ele pode não ter nada haver com essa história, mas ele tem a aparência perfeita de quem faz parte dela. Hoje em dia não se parecem tanto já que Jungkook optou por roupas mais escuras, cabelo um pouco mais comprido do que na época que eu e Haneul éramos amigos e a solidão, mas a essência existe e, com ela, o trauma que faz eu não conseguir me comportar como eu mesmo.

Não que eu esteja culpando Haneul pela minha timidez excessiva para certas coisas, eu sempre fui tímido, mesmo que hoje em dia eu não consiga me segurar se alguém me tratar com desdém ou mal, eu diria que a minha timidez é seletiva. Para me aproximar eu sou um desastre, para me afastar? "Bom nisso" é sobrenome.

E a coisa só piora, como me aproximar do irmão gêmeo do meu ex melhor amigo? Eu não consigo, principalmente quando olho para ele e percebo o seu olhar completamente decepcionado, nunca o vejo com amigos, como eu já disse, ele é bem isolado e vive com fones de ouvido, mas acho que ele preferiria qualquer um, menos eu.

Eu já estou uns dois anos sem falar com Haneul, e estudo com Jungkook nesse meio tempo mas, já que não tínhamos conexão nenhuma, o contato foi quebrado automaticamente e sem qualquer tipo de falta. Mas o vendo assim, com os mesmos olhos lindos que o seu irmão, bochecha, nariz, formato do rosto e boca... Percebo que estou com saudades do que tinha com Haneul, a amizade que tenho com Taehyung é maravilhosa, ele é muito bom comigo mesmo que um pouco... Bom, sem vergonha eu diria, mas Haneul tinha um toquinho especial, ele era engraçado, humilde, divertido e, senhor, muito fofo! No nosso último dia como amigos, meu deus, a gente se divertiu em um nível que me surpreendeu positivamente, não é atoa que a vontade de beijar não foi contida. Até porque ele queria, mesmo que depois tenha sido um perfeito babaca, ele queria.