dívida eterna

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 Tudo começou numa sexta-feira, na qual não imaginava receber aquela ligação tão inusitada!

"Parabéns! Você ficou com a vaga!" - Não imaginava, de fato de que alguma empresa a chamaria. Depois de receber trinta recusas consecutivas, já imaginava que morreria sem chegar perto do trabalho. À esse ponto, já nem sabia qual empresa era, depois de enviar seus currículos para tantos lugares, para as mais diversas vagas. Por apenas dois dias, esteve no céu, comemorando aquela grande conquista (apesar de não ter muitas pessoas com quem compartilhar esse grande feito!), mas logo que chegou a primeira semana do trabalho, seu encanto desapareceu.

- Mas você colocou açúcar no arroz DE NOVO, [Nome]? - Era apenas quarta-feira, mas já era a terceira vez consecutiva em que colocou açúcar no arroz. E quanto mais a sua supervisora gritava seu nome, em tom de advertência, mais erros cometia. E não entendia o motivo de ser tão desastrada! Estava desesperada por um emprego e prometeu a si mesma que daria o seu melhor quando finalmente o tivesse, então por que? Por que o universo não contribuía? Ou será que era mesmo, tão ruim assim?

- Você errou a mesa DE NOVO! - Não imaginava que a vida em um restaurante seria tão conturbada. Eram muitas coisas para se lembrar, nunca teve um forte em lidar com pessoas e quanto mais o tempo passava, mais descobria coisas em que era um desastre! - Se o chefe ver isso, ele me mata! Já te falei que ele é muito rigoroso com os funcionários, não?! Então trate de fazer o seu serviço direito! - Se a sua supervisora já era assustadora o bastante, não queria imaginar como era o dono do restaurante!

De fato, deveria ser um homem muito poderoso. O restaurante tinha dezenas e dezenas de funcionários e era localizado em um bairro nobre de Tóquio, ouviu falar por vezes sobre a poderosa família Shiba, mas nunca se aprofundou no assunto, já que tinha tantos problemas para resolver... Realmente, a mulher não mentia: se ela de alguma forma, conseguisse cometer um erro grande o bastante para por em cheque o legado da família Shiba, definitivamente estaria perdida nas mãos daquele homem!

Mas se fosse apenas o fato de sua supervisora ser assustadora, não estaria assim, tão tensa durante o trabalho. Havia um detalhe muito mais sinistro e incômodo para ela: haviam tubarões. SIM! Tubarões envolta de todo o restaurante, de uma extravagância extremamente duvidosa. E tubarões eram uma de suas dezenas de fobias, então sempre que passava pela mesa dos clientes, estremecia e como consequência, se atrapalhava ainda mais na hora de entregar os pedidos.

Mas tudo que era ruim... Sim. Poderia piorar. E os acontecimentos que seguiram aquela sua curta estadia no restaurante da família Shiba foram traumáticas. Traumáticas o suficiente para [Nome] prometer para si mesma que jamais pisaria em um restaurante novamente.

- ESSE NÃO É O MEU PRATO!! - O cliente na mesa seis estava especialmente irritado por [Nome] ter invertido os pratos, só que ela acabou se estressando ainda mais com os gritos do cliente que nem sabia mais qual era seu verdadeiro prato. Sem muito o que fazer, pegou a bandeja de volta de forma atrapalhada e correu para a cozinha.

Até que...

- Puts... Ela está ferrada... - Apenas quando ouviu (e prestou atenção) nos comentários de seus colegas de trabalho, conseguiu imaginar quem seria aquele homem que esbarrou (e jogou todos os pratos em seu terno). Era o seu patrão. O dono do restaurante.

- ...QUE PORRA VOCÊ TÁ FAZENDO, GAROTA?! - Quando ele se levantou, ela tremeu de medo. Sim, haviam coisas mais assustadoras que a sua supervisora, os clientes ou os tubarões do aquário. Aquele homem tinha mais de dois metros de altura, era certo. Os ombros muito largos e a cara? A cara era muito assustadora. Estava com tanta raiva do ocorrido que as veias até saltavam em sua testa. Ele a mataria ali mesmo, certamente.

uma babá nada perfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora