Capítulo 3

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-Anaelise –

Algumas horas antes do pior...

Casamentos são um lembrete constante de que minha vida amorosa está indo para o ralo, porque enquanto as pessoas estão planejando o felizes para sempre, eu estou sentada na janelinha vendo tudo por de trás das cortinas, desejando...almejando aquilo. Mas sabe o pior? Você tenta fugir dos casamentos, todavia quando se trabalha em uma revista voltado ao público feminino você não foge de casamentos, na verdade você entra de cabeça neles.

Se vocês soubessem quantos casamentos eu estive para conseguir uma matéria ou entrevista, não conseguiriam contar nos dedos. Mas apesar de amar e odiar casamentos, o que mais toca a minha alma são as festas de aniversário de casamentos, porque eu sei que não poderia comemorar com o meu marido nosso um ano de casados, ou três, ou cinco, simplesmente porque eu não tenho um marido!

E é por essa e diversas outras razões – tipo o convite que a minha amiga Beth acabou de me mandar para o casamento dela, com um cara que eu sai seis meses atrás – que eu estou trancada no banheiro meditando.

Sim, eu medito – quando dá na telha. E não, eu não sou estranha por isso...talvez um pouco, mas quando se tem um irmão chato e um vizinho insuportável é necessário saber controlar a irã. Não que eu esteja brava, eu e aquele cara nem tivemos química, mas dói ver que todo mundo achou ou já tem a metade da laranja e eu continuo aqui, sozinha...meditando.

Eu devo ter feito alguma coisa para a lua ou a Xuxa estava mentindo quando disse que ela me mandaria a porcaria de um príncipe encantando. Falando nisso, vou ter uma conversa séria com a dona lua agora mesmo!

- Ei – Falo olhando para céu da pequena janela que o banheiro do salão possui – Você está me tapeando legal, hein. Sério, eu já entendi que tudo tem o seu tempo, mas, meu anjo, eu quero me casar sem nenhuma ruga e do jeito que as coisas estão indo tô vendo que é mais fácil achar a cura para o câncer do que me arranjar um namorado. O que eu fiz para tu, hein? Vamos lá, eu sou uma boa menina, sempre fui estudiosa, sempre tirei boas notas, tenho um ótimo emprego, tenho amor para dar e vender, sou uma pessoa empática, não sou brava...não, essa parte é mentira. Ah, viu? Eu sou honesta também! O que mais?

Comecei a listar minhas melhores qualidades. Ainda bem que o banheiro é privado, porque se fosse de cabine as pessoas iam achar que eu estou louca

– E você não pode dizer que eu não sou bonita...talvez tenha faltado altura, mas olha para mim, eu sou okay! – Digo parando na frente do espelho.

Contemplo a minha imagem, meus longos cabelos castanhos presos em uma trança de lado, estilo escama de peixe. Minha pele pouco bronzeada – isso podia dar uma melhorada, acho que preciso pegar mais sol -, os olhos castanhos acompanhados de cílios volumosos, uma boca proporcional ao meu rosto e avermelhada – isso é proveniente do batom, minha boca é mais seca que espiga de milho -, meu corpo com suas várias curvas moldado pelo corpete do vestido.

Falando em vestido, Lorena conseguiu esse daqui para mim. Ele é de um vestido verde musgo, tomara que caia, com fios para amarrar a traz como se fosse um corpete, marcando minha cintura e deixando os meus peitos firmes – e maiores. O comprimento é leve, com uma saia solta, acompanhada de uma fenda na lateral. É um vestido de verão, mas que caiu muito bem para a ocasião, já que é uma coisa mais informal.

E o melhor de tudo, completando todo o look, tem os sapatos que são saltos duas tiras nude. Eu amo sapatos! Mas não é uma paixão, tipo eu amo comida, porque todo mundo ama comida. É uma paixão ao nível de que metade do meu guarda roupa é só de sapatos. Talvez – com certeza – isso seja um consumismo exagerado, mas o que eu posso fazer? Em todo lugar que se vai tem uma loja de sapatos e parece que eles chamam o meu nome.

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