Estaciono meu carro recém-saído da revisão da concessionaria na vaga destinada a mim, que ocasiona ser uma das melhores do prédio. Tranco a porta, observo o estacionamento, ainda meio vazio devido ao horário. Sendo a gerente do banco, devo mostrar pontualidade e competência, por isso sempre chego cedo.
Entro no saguão. O taco do salto ecoa pelo piso de mármore.
– Bom dia, dona Bella!
– Bom dia, Lucas. Já disse para me chamar só pelo nome. "Dona" me faz parecer uma avó.
Subo as escadas, e entro na primeira porta, a minha sala. Lucas é meu assistente, tudo que vem para mim passa por ele. Ele insiste em manter um respeito exagerado por mim. Respeito é sempre bom, mas falando francamente, ele poderia ser um pouco mais arrojado. Iria combinar com o belo par de olhos castanhos e o sorriso perfeito.
Me sento na cadeira giratória, virando em direção à janela panorâmica atrás de mim com uma bela vista da cidade de São Francisco, com o píer Santa Monica ao longe. Em algum lugar dali minha casa está localizada, recebendo o sol nada tímido da manhã. Para uma mulher de 26 anos, minha vida está muito bem, obrigada...
Estrondos altíssimos me atingem. Tiros.
Me jogo no chão instantaneamente.
– Todo mundo para o chão! Quem bancar o herói, não vai passar da porta!
Engatinho até a porta que me leva ao corredor e vou para a porta aberta da sala de Lucas, que está vindo abaixado na minha direção.
– Lucas, Lucas! O que está acontecendo lá embaixo? Conseguiu ver?
Ele engatinha até mim. O perfume amadeirado o acompanha. "Ok, Bella, concentre-se, coisas muito importantes acontecendo".
– São uns dez caras. Armas, bem vestidos. Não vi malas, só uma maleta. Se é dinheiro, vão levar aonde? Nos bolsos?
Eu ri de desespero, e como se a fala de Lucas fosse uma deixa, ouvimos:
– Quero a gerente aqui embaixo, agora! Ou a morena aqui vai ser a primeira.
Olho pela separatória de vidro para o saguão. Um homem alto, cabelos negros, sem nenhum tipo de mascara cobrindo seu rosto, com a barba rala e um terno bem cortado, está segurando pela nuca, Maya, nossa agente comercial, com uma pistola encostada em seu queixo.
§~§~§
– Meu deus, Lucas. O que eu faço? – Minhas mãos tremem e suam geladas. Minha cabeça começa a latejar. Sinto como se eu estivesse de cabeça para baixo, com o sangue subindo quente em direção ao meu cérebro. Lucas segura minhas mãos contra as suas. "Ótimo, esse é o único toque que terei dele, já que vou morrer nos próximos minutos mesmo".
– Fique calma, nós vamos achar uma saída. E mais, ele provavelmente está blefando.
E como se, mais uma vez, a fala de Lucas fosse uma deixa, ouvimos um único tiro e um mar de gritos. Não ousei espiar pela separatória. E os policias, onde estavam?
– Eu avisei. – Falou o homem lá embaixo. – E agora? Vai precisar eu fazer uma chacina para conseguir uma reunião com a gerente nesse lugar?
Ouvimos passos subindo os primeiros degraus da escada que levava a nós. Lucas olhou nos meus olhos e foi me puxando pelo pulso para a saída de emergência no fim do andar onde estávamos.
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Ninguém Precisa Saber
AdventureE se sua vida mudasse de uma hora para outra, o que você faria? ~~ OLÁ, EU VOLTEI! E com novidades quentinhas vindas diretamente dos cantos obscuros da minha mente. A sua Stylefic, Fernanda C. Fonseca.